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Satanás domina as Universidades \m/

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universidade deus é gay

As universidades brasileiras andam merecendo destaque quase diário no noticiário. O motivo não são as conquistas científicas, as indicações para o Prêmio Nobel, os intelectuais formados, as curas para doenças descobertas, as soluções para os conflitos mundiais.

O que pega mesmo são colírios para os olhos (não necessariamente das fauces) como as festas “Xereca Satânik” (sic) na UFF (saudada pela Carta Capital como “liberdade e dignidade”), que “abriu debate sobre arte e educação” (segundo O Globo).

Ou o ato na UFPel em outubro, em que feministas que logo estarão ganhando o Pulitzer ficaram nuas, se masturbaram em público, urinaram em baldes e atiraram suas obras pelos corredores e por quem ameaçasse usar os prédios da universidade para fim mais nobre do que elas.

Ou os atos feministas na UFRN, em agosto e novamente em novembro, em que as progressistas destruíram a Universidade, tiraram fotos defecando e até apareceram de mordaça e coleira latindo pelos corredores da faculdade.

Ou, num nível mais higiênico (quer dizer, com menos papel higiênico, ou apenas trocando o sentido da palavra “higiênico”), o “Levante”, que há algum tempo fez uma dancinha para afirmar que apóia o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.

Neste alto grau intelectual, nada mais natural do que nossa produção artística descambar para diversas pessoas em lugares distintos considerando que arte revolucionária e chocante é enfiar o dedo no anel de couro.

Horas após nosso artigo analisando a performance “Macaquinhos” (em que artistas de primeiro gabarito enfiam o dedo nos fedegosos uns dos outros) e a performance “Frieza” (em que artistas de renome mundial enfiam pedras de gelo no cagueiro próprio) e a performance “Tomar no cu” (em que artistas que deixam Michelangelo no chinelo introduzem garrafas de vinho no lorto peludo) e a performance Operação Lava Jato (em que vários políticos do PT fazem o mesmo, mas num sentido mais figurado), a notícia mais importante do Brasil em 2015 veio à tona: um aluno do curso de dança da Federal de Pernambuco (UFPE) andou descalço pelo gramado do Centro de Artes e Comunicação (CAC)* e levou um choque. Ao flagrarem o colega se debatendo após a descarga elétrica, alunos aplaudiram acreditando tratar-se de uma performance artística.

Leia de novo: ao verem um aluno levando um choque e se debatendo, alunos acreditaram tratar-se de uma performance artística. E aplaudiram. Uma amiga do estudante comentou: “Lá no auditório onde eu estava, ouvi comentários de que ele havia arrasado na performance”.

(* Por que logo os cursos de Comunicação costumam batizar as faculdades com os nomes mais ridículos? Já não basta a Escola de Comunicação e Artes, a ECA, da USP?)

O que levou o Brasil a atingir este estado? É preciso uma explicação mais profunda do que “o esquerdismo” (já que a França é mais “tradicionalmente revolucionária”, numa contradição destacada por Ortega y Gasset, e menos monga), nem “Paulo Freire” (que é mais mongo, mas disfarça mais) e nem o progressismo – quer dizer, ao menos não sozinho.

É preciso buscar uma resposta mais profunda.

A resposta está no Inferno.

Uma reunião no Inferno

Satanás Ele Próprio estava no Inferno perguntando a seus diabos o que haviam feito para apressar a desumanização do homem. Seus diabos, um a um, mostravam seus relatórios.

Mas nenhum dos longos tratados dos Comitês de Inveja, Soberba, Luxúria ou Avareza satisfazia o Pai Negro da Eternidade. Nem mesmo o detalhado relatório do Escritório Chefe do Departamento de Guerra e sua longa digressão sobre proliferação de armas atômicas, terrorismo e guerrilhas parecia surtir qualquer efeito nos ânimos do Anjo do Poço Sem Fundo.

Em um dado momento, o Senhor das Trevas bateu violentamente na mesa e vociferou: “Declarações auto-indulgentes!! Estou condenado a ouvir pela Eternidade idiotas tentando esconder sua incompetência por detrás de verborragia?!”

E, no meio do perturbador silêncio constrangedor que se seguiu, o mais jovem dos tentadores se levantou e obtemperou: “Com sua permissão, meu senhor, eu tenho um programa”. E o demoniozinho projetou em PowerPoint sua proposta para a criação de um Escritório Interdepartamental de Dessubstancialização.

Seu argumento era o de que a desumanização do homem estava caminhando a ritmo trôpego porque a estratégia infernal havia falhado de separar o homem de um dos grandes pilares de sua humanidade. Concentrando-se nas ofensas contra Deus e seu semelhante, o plano diabólico havia negligenciado a corrupção do homem em sua relação com as coisas.

As coisas, tutelava o novato diabo, ao fornecerem prazeres únicos e realizações individuais, eram o grande empecilho para o Mal corromper de vez o homem em direção à Queda. Enquanto o homem lidar com substâncias reais, ele permanecerá substancial. A obra diabólica, e assim a Igreja entendeu por anos, focava-se em erodir as relações do homem, mas ele sempre tinha as coisas de volta como receptáculo da realidade.

O Pai das Mentiras, entretanto, objetou: “Mas como, numa sociedade moderna, vamos depravar os homens das coisas? No reino de abundância capitalista e materialismo, o homem tem mais coisas do que nunca. Como ele não notaria uma queda tão bizarra em seus bens?”

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E o aprendiz de Belzebu então explicou: “Não exatamente, meu senhor. Eu não quero tirar coisas dele fisicamente. Ele só precisa ser alienado da realidade mentalmente. Ele precisa ter seu contato direto com as coisas substituído por um tentador e prazeroso sistema de abstrações. Tudo para ele deve se tornar diagramas, ideologismos. Ele deve ser ensinado a ver coisas como símbolos – ele deve enxergar as coisas pelo seu efeito, não pelas coisas mesmas. Assim, a porta da verdade, do belo e do prazer será fechada para sempre.”

Assim, a estratégia deveria mudar doravante. Os pecados capitais pareciam significar cada vez menos na sociedade de abundância da produção capitalista. O plano dos infernos, a partir de agora, deveria se focar no contato direto do homem com a realidade, que deveria então ser sempre mediado, sempre significar algo além do que significa de verdade.

Se o primeiro passo para a alienação geral das massas foi um exército de televangelistas criticando os homens por serem “materialistas” e pregando o desapego do homem em relação à sua vida factual, isto já não é mais suficiente. Hoje, o passo principal da armação demoníaca, clarificado por eventos como os que vemos nas universidades brasileiras hoje, é o simbolismo absoluto, a mania progressista de não enxergar mais coisas, mas um “significado” das coisas que está além (ou “para além”, como se diz) delas próprias.

(esta história foi descaradamente plagiada do ensaio “Enjoying the so-called ‘iced cream'”, de Daniel Barwick, no livro The Simpsons and Philosophy: The D’oh of Homer, que por sua vez afiança que kibou a história ainda mais bizarramente de um livro de culinária: The Supper of the Lamb, de Robert Farrar Capon. alguns epítetos, naturalmente, foram roubados da obra-prima de Neil Gaiman e Terry Pretcher, Belas Maldições.)

De volta às universidades

Como observamos diretamente no Inferno, se o avanço do televangelismo show business demonstrou ser incapaz de destituir de vez o homem de sua humanidade, as Universidades vicejaram pasto e circunstância (ou, no caso em questão, gramado, fio desencapado e circunstância) para o florescimento da desumanização final do homem.

Se o evangelismo xarope destituía o homem da matéria em pleno consumismo materialista, a nova fase do plano do Capiroto vem superando qualquer antiga barreira estética da breguice – este freio moral e existencial que foi mandado para as cucuias com o progressismo e a esquerda 2.0.

Além do exagero exaltado e público, tudo o que um universitário de Humanas pensa, depois de ler obras ridículas como Microfísica do Poder, de Michel Foucault, é que as coisas significam algo além delas próprias, e não elas próprias. É o simbolismo absoluto em ação.

Se Deus se apresenta no Antigo Testamento dizendo: “Sou o que sou”, a nova esquerda e sua “dissolução do sujeito” (Foucault), sua “desconstrução” (Derrida), sua “teoria crítica” (Escola de Frankfurt), sua “análise do discurso”, seu “multiculturalismo”, seu “coitadismo penal”, seu “relativismo” e tantas outras modinhas acadêmicas faz o oposto: as coisas são o que elas não são, e a única verdade é que não existe verdade.

Basta ver como tantos teóricos esquerdistas a servirem como filtro da realidade para acadêmicos não lidam mais com abstrações cafonas como “mais-valia” ou “proletários”. Se especializam justamente em linguagem, em imaginário coletivo e na mediação das coisas. É a sublimação do Objeto à Coisa (das Ding) em Lacan, “as palavras e as coisas” em Foucault, a “escritura e a diferença” e a “gramatologia” em Derrida e toda a análise do discurso.

http://omarxismocultural.blogspot.com.br/2011/06/arte-vomitada.html

http://omarxismocultural.blogspot.com.br/2011/06/arte-vomitada.html

Ao testemunhar um fato simples de ser compreendido por uma criança de 5 anos ou um faxineiro, como alguém tomando um choque e se contorcendo, o universitário “empoderado”, “crítico”, que vai transformar a realidade (e, em certa medida, consegue), enxerga uma “performance” artística. A realidade mais óbvia é vedada a seus olhos sob o cabresto da ideologia de esquerda.

Não contente com isto, o universitário tampouco é capaz de discernir entre arte razoavelmente boa, como a Capela Sistina ou a Sagração da Primavera, de uma “arte” com alguém se contorcendo (ou, como vimos recentemente, introduzindo objetos no fiofó – ou vomitando tinta e fotografando o resultado). Ainda que fosse uma performance, talvez fosse o caso de loucos no hospício que comem as próprias fezes aplaudirem, não universitários esquerdistas. Para quem consegue notar a diferença.

Tudo tendo um significado fora de si, fica fácil para a jovem mente (que desconhece leituras sérias e apenas tem contato com a realidade mediado pela visão dos professores) acreditar que epilepsia ou cocô são “arte”, “razão” e “crítica”, que a Paixão Segundo São Mateus ou A Divina Comédia são obscurantismo irracional e fanático.

Não se trata, como é costume dizer, de inversão de valores: trata-se, diferentemente, de destruição de padrões de medida. Se vivêssemos uma época de “inversão de valores” bastaria desinvertê-los. Aqui, trata-se de perder completamente a capacidade de apreender a realidade, de ter qualquer valor, de possuir uma âncora de verdades e concretude para não viver à deriva dos instintos, dos hormônios, das modas, das correntes, da externalidade absoluta.

https://www.facebook.com/forafeminismo2/photos/pb.753226151427522.-2207520000.1448894322./961255007291301/

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Tudo o que a moral de Khmer Rouge, a estética Macaquinhos e a verdade do relativismo da esquerda conseguem fazer é atingir, finalmente, a igualdade: todos são iguais quando são subtraídos de sua individualidade, de tudo o que têm de próprio, restando apenas as funções fisiológicas básicas, alçadas à categoria de “arte”, “luta”, “empoderamento”, “fim do patriarcado” etc.

Curiosamente, quem mais sofre com isso, exatamente ao contrário do que a esquerda e seu hedonismo pensam, é justamente o sexo.

Se para Freud “tudo é sexo” e, para Foucault, “tudo é política”, como bem denunciado por Jean Baudrillard, o simples ato sexual (ainda mais aquele salpicado de amor, paixão e romance) deixa de ter valor ou significado em si e passa a ser um ato político – ou seja, coletivo, público, de poder e não de atividade personalizada. O esquerdista, que recai na esquerda quanto mais frustração sexual carregar, ao fazer sexo, não faz com um indivíduo – faz com a sociedade, com o público, com um coletivo, com uma abstração, com um programa e uma agenda. Seu prazer é mediado pela ideologia de seus professores.

É fácil notar como o televangelismo foi o maior instrumento do Cão justamente para afastar o homem de algum contato com uma divindade de verdade. Infelizmente, a nova forma de fanatismo cego e imbecilizante é mais sutil e trabalhada, e aplaudida por cada vez mais setores da sociedade, encantados com palavras de sentido gasoso e limites porosos, como “feminismo”, “empoderamento”, “minorias” ou o curiosamente paradoxal “diversidade” (quando defendem igualdade).

Se existe algo que vai mal nas Universidades no Brasil e no mundo é como elas se tornaram mais abstratas, com conceitos cada vez mais escorregadios, falhos e imprecisos (quando não francamente mentirosos), e estão sempre buscando “criticar” algo que supostamente estaria além das aparências – mas nesta faina perde sua própria capacidade de observação direta, de algo concreto. É mais fácil encontrar alguém com noção da realidade na Igreja do Esconderijo do Altíssimo ou na cracolândia do que entre nossos universitários.

Como já prognosticou Homer Simpson, na frase que usei para abrir meu livro, “Os jovens são o futuro do país – a não ser que façamos alguma coisa.”

Imagens retiradas da excelente página Moça, não sou obrigada a ser feminista e do excelente Tumblr Faculdade ou Cracolândia?

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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