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Quer diminuir o assédio, o machismo e a desigualdade? Ande armado.

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assédio sexual onibus

Quando a esquerda revolucionária critica a ordem vigente no Brasil, afirma que a CF/88 é uma “Constituição burguesa”. Quando esta mesma esquerda revolucionária critica a ordem vigente na América, ela se escora na Constituição Americana, um documento curto, que é inatacável até mesmo pelos revolucionários. Mesmo quando Nancy Pelosi critica o capitalismo, por exemplo, ela usa a Constituição.

(e ao contrário do que nos incutem, a América é um país pródigo em esquerdistas revolucionários, como Noam Chomsky, Saul Alinsky, Huey P. Newton, Malcolm X, Bill Ayers, Al Sharpton, Jesse Jackson etc etc, além de receber, acolher, enriquecer e propagar as idéias de diversos esquerdistas revolucionários pelo mundo, mais até do que são acolhidos em países socialistas, de Theodor Adorno a Slavoj Žižek.)

A Primeira Emenda deste hino de liberdade proíbe não os cidadãos, mas o Estado de impedir a liberdade de crença, expressão, imprensa, livre associação ou de tentar estabelecer uma religião oficial.

Já a Segunda Emenda proíbe o Estado de restringir o acesso dos cidadãos a armas.

Logo depois de proibir o Estado de restringir a liberdade do cidadão (algo quase inexistente em nossa Constituição Brasileira), vem, antes de qualquer outra coisa, a proibição do Estado de restringir o acesso dos cidadãos às armas.

USA gunsGraças a isso, apesar de seu imenso tamanho, quando se fala em violência per capita, a América possui uma das menores do mundo. Mesmo terroristas, quando querem causar um grande morticínio nos Estados Unidos, acabam tendo de jogar aviões contra prédios, pois sabem que se tentarem um tiroteio público, logo encontrarão outro cidadão armado que acabará com a sua festa.

Terrorismo na Europa e na América tem uma forma diferente, justamente por causa da Segunda Emenda.

Mesmo a visão de que a América possui muitos mass shootings de loucos, geralmente adolescentes problemáticos, entrando em escolas atirando a esmo, esconde sua real interpretação. Tais casos se tornam notícia justamente pela sua raridade (já uma notícia de que alguém foi assassinado dentro da escola noturna numa periferia do Brasil é mera nota de rodapé, esperada e reprise, ao invés de chocar o mundo todo).

Além do mais, estes assassinos só conseguem fazer isso em escolas, hospitais e ambientes de fragilidade absoluta. Não tentam fazer o mesmo num clube de caça, na sede da RFA, num quartel (o último que tentou conseguiu 12 óbitos, e ainda numa situação em que nenhum dos soldados estava armado). Aí vale a divisa de Dom Quixote: loco si, pero no tonto.

Podemos ver, então, que a Constituição Americana é o maior documento a favor da liberdade escrito em tempos recentes. Por quase 3 séculos, é inalterada, mesmo com a mudança circunstancial deste período. Não é atacada nem mesmo pelos revolucionários, que tentam, ao invés disso, interpretá-la revolucionariamente. Nenhum político americano fala abertamente em controle de armas, mesmo que pense isso. Conhecendo a experiência de uma população armada (ao contrário de nós), não querem abandonar sua segurança.

obama chora armasO presidente americano Barack Obama “chorou” ontem ao apresentar seu plano de restringir a liberdade do americano de possuir uma arma para se defender de bandidos que tentem tomar os frutos de seu trabalho e ameaçar de violência sua vida e a de sua família. A imagem foi para a capa dos principais jornais do Brasil hoje.

Enquanto Obama chorava para desarmar a população americana, o tirano Kim Jong-un da Coréia do Norte causava um terremoto de 5,7 graus ao testar uma bomba de hidrogênio (tão poderosa que precisa da explosão de uma bomba atômica apenas para liberar sua energia).

A comentarista Andrea Tantaros, ao mostrar as falhas da gestão Obama na segurança, e notando a contradição em usar o sentimentalismo de pessoas mortas por armas em Chicago apenas no último ano de seus dois mandatos para controlar o cidadão, se perguntou se ele não teria uma cebola crua escondida em algum lugar no púlpito.

Esta capacidade de silogismo e desconfiança de boas intenções de políticos (talvez a maior desgraça da história da Via Láctea) passou longe das análises no Brasil, que simplesmente aceitam qualquer ordem do presidente “anti-Bush”.

O apresentador do Hoje em Dia, da Record (talvez o único “jornal” televisivo matutino sobrevivente na TV aberta), Britto Jr., ao comentar a notícia sobre Obama, usou um exemplo, diga-se, pitoresco. Que um terrorista do Estado Islâmico, depois de se radicalizar na Síria, pode chegar na América, comprar uma arma e cometer atos de violência. Portanto, o presidente estava certo em tiranizar o cidadão americano.

A conclusão do silogismo, naturalmente, é que os atos de terror do Estado Islâmico existem por causa da Segunda Emenda da Constituição Americana, raciocínio que o apresentador não conseguiu completar sozinho para expor ao público brasileiro sua brilhante capacidade lógica.

Talvez isso explicasse por que no Brasil os bandidos não tenham nenhuma arma, e somos bem mais seguros do que a América por não haver assaltos e assassinatos no Brasil, por exemplo. Caso fosse verdade.

guns are compensatingTalvez o comentarista saiba que vivemos no melhor e mais seguro dos países por não haver armas, que o PT eliminou a criminalidade brasileira a zero com o Estato do Desarmamento (ao menos segundo a propaganda política do PT), ainda assim seria preciso explicar por que, por exemplo, Alton Alexander Nolen, muçulmano que tentou converter todos os seus colegas de trabalho ao islamismo, decapitou Colleen Hufford, sua ex-colega de trabalho, com um machado em Vaughan Foods, Oklahoma. Qual a culpa da Segunda Emenda nisso?

Por suas palavras, a pessoa se torna radical “lá na Síria”, mas só mata se tiver livre acesso a armas. Talvez todas as armas do Estado Islâmico tenham sido compradas legalmente na América, e levadas de avião civil normalmente para a Síria e outros países – incluindo os AK-47 usados, por exemplo, no atentado ao Charlie Hebdo, já que misteriosamente a maioria absoluta das armas usadas por terroristas muçulmanos seja russa.

Mas o pior veio a seguir.

Num nível menos violento, uma reportagem seguinte comentava a recente “causa feminista”, as “críticas ao machismo”. E resolveu fazer um teste: o que acontece quando dois homens ficam provocando e ofendendo uma mulher com uma roupa sensual em público? Como será que o público reage?

Suas tentativas de demonstrar o ponto, naturalmente usando atores, chegaram à conclusão que o “estudo” queria: que as pessoas, em geral, não se metem.

Não se envolver numa briga, contudo, não é o mesmo que “aceitar” ou mesmo concordar. Geralmente até o contrário.

ensinem os homens a respeitarAo se ver dois homens atrevidos com uma mulher numa fila de supermercado, dá pra se presumir que a empáfia dos dois não é gratuita. Muito provavelmente eles “se garantem” numa altercação física, do contrário não seriam tão abusados. É mais fácil ser folgado contra um magrela de um metro e meio do que tentar o mesmo numa academia de jiu-jitsu, por exemplo. Diga-se, é exatamente a lógica de dois galalaus provocando uma mulher, bem mais frágil, em público.

Portanto, se ninguém “toma uma atitude”, não é porque a sociedade é machista, porque aceita o desrespeito à mulher, porque vivemos numa “cultura de estupro”, porque qualquer explicação pronta da causa “crítica” da modinha. É porque pessoas abusadas geralmente o são por terem algum poder sobre suas vítimas, quase sempre frágeis e indefesas.

E a reportagem prosseguia entrevistando as pessoas que viam a cena dos homens provocando a mulher com palavras baixas e dizeres agressivos de conteúdo sexual (em um momento, cantam “Ai se te pego”, de Michel Teló; isto não faz parte da cultura nacional? a música não fez sucesso até na Noruega justamente por isso?). Entre elas, donas de casa, até velhinhas.

não mereço ser encoxadaOra, o que se esperava que estas pessoas façam? Se coloquem diante dos marmanjos, puxem os punhos e lhes ordenem que sejam respeitosos, talvez até repetindo algum discurso feminista mocorongo e inútil, igual nos fanfics de esquerda, as historietas de flag hating, de histórias ficcionais de casos de abuso público em que toda a população ao redor passou a bradar discursos progressistas contra algum “preconceituoso” que aparente ter tendências políticas opostas à esquerda (aliás, este tipo de reportagem só prova como tais boatos, tão divulgados no Facebook nas últimas semanas, são sempre fantasias de algum descolado sem amigos de plantão)?

Ora, contra uns grandalhões provocadores, a única solução, ao contrário do que as feministas que “apenas defendem as mulheres” acreditam, é diminuir o seu poder. E se eles têm o poder de tratar mulheres como vítimas fáceis, é por saberem que se alguém tentar defendê-las provavelmente vai levar um couro (por que a reportagem não mostrou a mesma situação na frente de um quartel, de uma academia de muay thai?).

Isto faz parte da distinção entre fragilidade antifragilidade, como muito bem definida por Nassim Nicholas Taleb: uma incapacidade de lidar com a aleatoriedade quando um evento raro surge, enquanto os “antifrágeis” até buscam estas situações de risco. Quando cruzamos com galalaus mal encarados (e homens também são vítimas deles, mas geralmente são assaltados ao invés de estuprados), estamos em situação de fragilidade. Poucos são os que conseguem possuir uma antifragilidade e tirar algo positivo de uma situação como esta.

god created men sam colt made them equalO que diminui o poder de valentões envolve aumentar o poder de suas vítimas. No caso, o poder não é de discursos feministas e palavras sobre respeito: é de força física e bruta. E o maior equalizador de forças já inventado no mundo se chama revólver. É a sua existência que permite que um brucutu com capacidade de aterrorizar quem for mais fraco do que ele (99% da humanidade) pense duas vezes diante de um grupo de franzinos com cara de coitados, se imaginar que algum deles possa estar armado.

É exatamente isto que o Brasil, com sua cultura anti-armas e seus 64 mil homicídios por ano (ignorados no discurso político-partidário de todo), não entende. O acesso às armas não é apenas para “terroristas”: terroristas não obtém muito sucesso diante de uma população que é igualmente armada. A Suíça, com mais de 90% de população armada, é um dos países mais seguros do mundo. O Brasil, com seus quase 99% de população desarmada, é campeão mundial de assassinatos (passou até mesmo a Rússia).

Armas existem numa equalização – quando apenas um lado está armado, é fácil ver que há desigualdade de força e poder (o que torna pitoresco o discurso progressista que quer desarmar a população para o monopólio da força estar no Estado, para na mesma toada afirmar que a polícia é “fascista” por ter armas).

É a isto que se refere a Segunda Emenda: todos devem ter acesso às armas, não apenas alguns – no caso brasileiro, com a proibição, apenas quem não respeita as leis vai ter armas (já que é preciso infringir a lei para ter uma), e quem não respeita as leis são justamente os criminosos, que não vão desrespeitar apenas esta lei. Ou seja, a cultura liberal americana fala de acesso “igualitário”, a cultura de proibição brasileira gera um acesso de apenas alguns a armas – justamente os que cometem violência.

Se alguém quer diminuir a violência contra a mulher (mesmo as ofensas, as cantadas malvadas, os assédios e os casos de coação, quando mulheres estão sozinhas e ouvem coisas muito piores em sua fragilidade, ao contrário da atípica e pouco crível situação num supermercado), bastam duas coisas: revogar o estatuto do desarmamento e, quase tão importante quanto, incutir na população brasileira o saudável hábito de possuir e respeitar as armas.

cartaz onibus lotadoAo contrário do discurso corrente sobre brigas de trânsito que terminam em assassinato (se fosse verdade, terminariam justamente porque no Brasil é esperado que quase ninguém esteja armado, o que torna alguém com uma arma ou grandes músculos um “cisne negro”, um evento raro contra pessoas frágeis), uma distribuição de armas, ou em linguajar menos contaminado, uma expectativa de que boa parte da população esteja armada (o buscado pela Segunda Emenda), vai diminuir tanto assaltos quanto assassinatos – e impedir que fortões provocando mulheres se sintam tão fortes e tão desiguais quanto a suas vítimas (transfira o grandalhão para a Suíça e note como a mudança de ambiente, como explica Nassim Nicholas Taleb, por si, causa uma mudança de comportamento).

Ao invés de discursos feministas contra o que chamam nebulosamente de “machismo”, e justamente para diminuir a grande desigualdade que importa ser diminuída (a desigualdade de poder perante predadores), a solução é o contrário do que a esquerda prega (no poder há décadas e só aumentando os crimes, sobretudo contra mulheres): fazer com que pessoas más tenham a expectativa de serem menos desigualmente fortes diante de suas presas.

Afinal, a falha do feminismo e do progressismo em “setorizar” as pessoas recai sempre no mesmo problema, como acreditar que os crimes de estupro e demais coações a mulheres são totalmente dissociados de roubos, homicídios, seqüestros etc. É esta cultura que gera a “cultura de estupro” – a não ser, claro, no caso do islamismo.

Avisem o Britto Jr. do quanto suas notícias foram contraditórias – e enviem seus e-mails à Record para a população brasileira não ser envenenada com estas desinformações.

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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