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Ideologia

Não precisamos de feminismo, precisamos de Bolsonaro

A cada caso de estupro se fala da necessidade do feminismo. Para estupros diminuírem, precisamos mesmo do inimigo das feministas: Bolsonaro.

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Um vídeo foi divulgado em que se via um estupro. Perfis conservadores do Twitter, como Bolsonaro Zuero, Sargento Fahur e Editora Humanas, denunciaram o ato horrendo. Feministas passaram a criticar… os perfis, por não fazerem propaganda do feminismo ao denunciar o estupro. Jair Bolsonaro, homenageado pelo primeiro perfil, foi inclusive chamado, novamente, de “estuprador” pelas feministas.

Uma pergunta rápida e indolor: o estupro é um crime de causas sociais? Por exemplo, sempre se fala em “desigualdade social”, “falta de oportunidades” ou “opressão” para desculpar criminosos de seus crimes. Alguma destas causas sociais é capaz de gerar um estupro?

Ao comentar a tentativa de assassinato de Ana Hickmann, lembramos que há duas visões correntes para o mal no mundo atual. Uma vê o mal como um determinismo absoluto, o que faz com que tenhamos de corrigir a sociedade, e não os homens, enquanto outra enxerga bem e mal como aspirações e tentações em cada homem, e ele deve estar sempre apto a ser mais justo do que uma sociedade injusta para seu agir moral.

Alguns não apenas crêem na primeira visão, a iluminista, a da crença no mal como um erro de planejamento do tecido social – planejamento este que é sempre pressuposto (como se pessoas em convivência precisassem seguir um plano centralizado) e deve ser dirigido pelos compactuadores da ideologia “correta”. Eles ainda a acham única, dominante.

feministas-fora-bolsonaroBasta abrir qualquer jornal para ler que criminosos precisam de penas “socioeducativas”, que o crime é prevenido com “educação” e que os crimes diminuirão com o poder absoluto estatal impedindo diferenças econômicas entre as pessoas. O criminoso e suas razões pessoais para o crime, na imprensa, nas faculdades de Direito, Filosofia e Ciências Sociais, na produção cultural brasileira, são tratados como mero acidente. O que importa é a dominação social absoluta por uma ideologia homogeneizante. Quando um país inteiro for tornado homogêneo, crêem, não haverá mais crime e a justiça social, igualada à mesmificação, reinará.

Um roubo? Culpa da desigualdade, não do ladrão. Um assalto? Culpa da ostentação da vítima, não do agressor. Um seqüestro? Culpa da opressão social, não da vontade de alguém extorquir rios de dinheiro mediante uma laboriosa e complexa atividade medonha de ameaçar alguém de morte. Um assassinato? Azar da vítima, que sempre é dada como mais rica do que o assassinado, e que por azar cruzou com um assassino em um dia dele praticar justiça social.

Se conseguem aplicar uma ideologia de transferência econômica forçada até ao ato hediondo de tirar uma vida, como se encara o estupro hoje?

Estupro e feminismo

O feminismo, historicamente, foi a troca da “luta de classes” marxista por uma “luta de gêneros”, em que causas revolucionárias poderiam trocar a malfadada crença marxista em classes sociais por uma diferenciação social entre os gêneros como motor revolucionário. O movimento ganhou mesmo ímpeto com a causa do voto feminino com as Suffragettes britânicas na virada do século (embora uma causa verdadeiramente cabal para os novos papéis femininos tenha sido a morte de homens aos milhões na Primeira Guerra) e com a Escola de Frankfurt no meio do século XX.

Com sua intelectualização através dos neo-marxistas a partir da década de 40, o feminismo troca suas questões de mulheres operárias do começo do século para se transformar cada vez mais abertamente em instrumento de revolução.

A Escola de Frankfurt e seus expoentes como Herbert Marcuse e Walter Benjamin não o fazem pela crença no poder intelectual das mulheres (basta ver entre seus próprios quadros), mas em seu ímpeto descerebrado para a infantaria revolucionária.

feministas-aborta-machismoCriticando o movimento operário por estar mais interessado em enriquecer e viver honestamente do que pegar em armas para espalhar o bolchevismo e aniquilar pessoas da chamada “burguesia”, os frankfurtianos inverteram o determinismo de Marx: se para o velho Karl o operariado (a chamada “classe trabalhadora”) merecia conduzir a História por ser a força produtiva (e não por ser “pobre”, como crêem marxistas que não lêem Marx), a Escola de Frankfurt passa a considerar o lumpesinato (Lumpenproletariat), os homens urbanos improdutivos (mendigos, prostitutas, drogados, gigolôs, maloqueiros) como aqueles com raiva e vontade de causar uma revolução.

As mulheres, não tratadas como doutas ou meritórias, mas como massa de manobra histérica, ganham o mesmo “protagonismo histórico” das prostitutas e criminosos na mesma toada. A psicanálise e sua crença na histeria e na “inveja do pênis” como condições femininas non plus ultra vem a dar o caldo menos chão de fábrica e mais conversa de café parisiense à manobra. É o que se lê em obras como Eros e a Civilização de Marcuse, Para uma crítica da violência de Walter Benjamin ou O caráter impulsivo do psicanalise Wilhelm Reich.

marcha-das-vadias-padresO feminismo, ao contrário do que se pensa, quase não tinha preocupação com o estupro até basicamente a virada do século XXI com sua nova virada hedonista, a hiper exposição da internet, as novas inquietações com o bullying, a política como vitimismo e a revolução pela busca desenfreada por prazer coletivo que marcaram a última geração.

Simplesmente porque o feminismo até há pouco era apenas mais uma infantaria revolucionária aliada ao enaltecimento do criminoso como revolucionário do que um movimento contrário a crimes e criminosos.

É tão somente após as sucessivas tentativas fracassadas de chamamento da população à causa que o nome fantasia do movimento é trocado por uma boa equipe de relações públicas. Se o capitalismo liberal e a moral conservadora permitem às mulheres uma proteção que elas nunca poderiam ter sob o mundo sem lei da Cortina de Ferro e do socialismo (qualquer mulher pode se tornar “traidora de classe” se possuir um brinco a mais que outra), restou ao feminismo se reinventar nas duas últimas décadas falando de chateações cotidianas e ameaças de violência, como o estupro e as cantadas indesejadas, cada vez mais equalizados no mesmo patamar.

Como combater estupros sem punir estupradores?

As décadas de 2000 e 2010 podem ser chamadas de décadas do feminismo, quando o movimento deixou de ser tema operário e de gabinete acadêmico para se tornar signo defendido por 99 em cada 100 jornais no mundo. Não ser feminista se tornou sinônimo de ser contra as mulheres e seus direitos. Ser anti-feminista se tornou o mesmo que ser estuprador.

Nas décadas do feminismo, melhoramos em quantos por cento o índice de estupros no mundo? É de se crer que se o número não é zero, certamente é negativo.

Para os crentes na tese do crime como “causa social”, a questão do estupro como um crime “social” sempre foi tabu, já que tal taxonomia é ausente de qualquer sentido racional primário. Resta, hoje, tratar todos os crimes como desculpáveis (incluindo o assassinato) pela “desigualdade” ou outra suposta injustiça do capitalismo, mas tratar o estupro não como um crime, mas como propaganda.

Feministas pedindo abertamente penas severas para estupradores são raríssimas. O estupro é tema feminista par excellence, assunto de 90% dos posts de blogs feministas, mas nunca, nunca, de maneira nenhuma se fala sobre como lidar com um caso concreto de estupro. Muito menos nos aspectos jurídicos e éticos.

Apenas se fala, 25 horas por dia, que estupros não podem ser cometidos. É difícil crer que um movimento que diga, por exemplo, que assaltos não devem ser cometidos, mas sem tocar nem remotamente na esfera jurídica ou ética dos assaltos, apenas repetindo roboticamente bordões com rimas sobre “assaltos” (digamos, o movimento assaltadista) lograsse muito êxito. Certamente, haveria alguma causa oculta do público pagante por trás deste discurso oco e inútil.

bolsonaro-estudante-bissexualExplicar a um recém-chegado que o feminismo é exatamente isto é algo difícil de convencer. Apenas convivendo com feministas e prestando atenção em seu discurso único, remetido à obsessão sexual da psicanálise e ao ímpeto revolucionário marxista, é que alguém pode perceber tal funcionamento.

Um assalto ou seqüestro é um crime violento e, pela redução marxista ao dinheiro, também um “crime econômico”. Já na segunda visão sobre o mal, a que o traz à responsabilidade individual (hoje quase inexistente na Academia, na imprensa, na cultura, ficando restrita às conversas dos homens comuns), se trata de crimes concupiscentes. Ou seja, de cobiça e apreço por bens materiais.

concupiscens, aquele que tem desejos desenfreados, não controlados pela razão, acaba tendo um comportamento de ceder a todas as tentações. É o comportamento tão criticado por tantas filosofias e tradições antigas – o que marca a diferença entre a tradição bíblica (judaica e cristã) dos povos de civilizações como a babilônica e a assíria.

Ao contrário do assalto e do seqüestro, o estupro só pode ser considerado um crime de concupiscência. Não há economia, não há ganho, não há subtração a um e adicionamento a outro. Exatamente por esta razão, o estupro é tão comentado pelas feministas, mas nunca “resolvido”, senão como causa para discursos.

Colocados os crimes sob este prisma, fica fácil perceber que uma das visões sobre o mal tem uma superioridade absoluta sobre a outra. Enxergar a causa “social” do crime, como se até o terrorismo fosse uma variação do furto famélico, é uma redução que nos permite enxergar pouco do funcionamento humano.

Visualizar as paixões, tentações e forças agindo no homem dividido entre o bem e o mal nos apresenta uma tela muito mais rica em cores, e mostra por que a visão de mundo calcada na alma e no bem e no mal promoveu civilizações absolutamente mais duradouras do que as ideologias “sociais” ignorando as paixões e desejos humanos.

Maria-do-RosárioApenas uma força maior é capaz de lidar com um crime de concupiscência – a despeito de todo o feminismo e seus bordões, é justamente a forma antiga de lidar com o mal que pode diminui-lo. O pensamento moderno e sua crença em “correção econômica” anterior e “socioeducação” posterior nada pode explicar sobre um dos maiores males pelos quais pode passar uma mulher.

O mal, afinal, tem vizinhos. É mais fácil esperar por um estupro num ambiente próximo a ladrões, proxenetas e o lumpesinato que trata a fronteira do crime como mera questão social, ou entre os pais de família, homens comuns do povo (mesmo os grosseiros) e estudiosos do bem que levam a sério a ascensão de suas almas (os hipócritas sempre citados como contra-exemplos são, justamente, os mais criticados nesses ambientes)?

Quem possui um projeto de lei para castrar quimicamente estupradores, aumentando a pena (e funcionando como desincentivo incrivelmente maior contra o estupro do que todos os textos de Jout-Jout, Clara Averbuck, Lola Aronovich, Aline Valek, Márcia Tiburi et caterva) não é senão o Nêmesis supremo do feminismo: Jair Bolsonaro.

O que será que pode diminuir os estupros num país em que eles não são apenas uma quimera e nem precisam da invasão islâmica para se concretizarem: os blogs de feministas lidas por outras feministas de classe média para alta com linguagem universitária, ou o projeto de Jair Bolsonaro de punir estupradores com maior rigor?

(e segue a espera pelo esquerdista de sobrenome “Silva” ou “Pereira”.)

É de ações verdadeiras de alguém como Jair Bolsonaro, que é chamado de grosseiro, machista, homofóbico, “torturador” e, horresco referens, “estuprador” (justamente por dizer que não estupraria uma… defensora de estuprador) que o país precisa, e não de mais um post no blog feminista X lido pelas feministas para não aprenderem nada – apenas reforçarem suas crenças pré-concebidas – sobre não estuprar. Algum estuprador lê isso?

Estaremos mais seguros nas ruas com o projeto de lei de Jair Bolsonaro aprovado, ou com mais uma vloggeira ganhando seguidores no Twitter por dizer que um caso de estupro mostra a urgência do feminismo?

Mais São Tomás de Aquino e menos Foucault, mais Bolsonaro e menos feminismo.

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Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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