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Cynara Menezes, manifestantes e a PM

Cynara Menezes, jornalista demitida da Carta Capital, critica a polícia em protestos. Mas por que a PM só age em manifestações de esquerda?

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Cynara Menezes comendo

A chicana sobre os protestos que já existiam antes, mas eclodiram em junho de 2013, quando toda a população, inclusive a parcela não-participante da política, foi para as ruas e sentiu alguma adrenalina parecendo ir contra a retrógrada força da lei. Desde então, o roteiro para os protestos e sua narrativa posterior se cristalizou e se simplificou: são protestos “que se iniciam pacíficos”, mas que, “tomados” por vândalos “infiltrados”, são brutalmente reprimidos pela PM. Por exemplo, a jornalista demitida da Carta Capital, hoje alocada na Caros Amigos, Cynara Menezes, é uma das que propagam tal visão.

Será mesmo uma narrativa válida? Cynara Menezes ela própria se assustou em 2013, quando a destruição niilista do vandalismo mostrou a que veio, e Cynara viu com seus próprios olhos como é, na prática, a distribuição de renda, o socialismo, o fim da propriedade privada e a coletivização geral de culpas que defende em teoria:

Parecia que Cynara Menezes havia aprendido uma dura lição, que qualquer pessoa de direita já tinha de cor e salteado desde o pré-primário: só há liberdade derivada da ordem; se não há possibilidade de andar numa rua com segurança, idéias que dependem disso e são mais avançadas, como trabalhar, minam a sociedade e tudo vira uma imensa favela.

Contudo, há tendências políticas marcadas por se impressionarem facilmente com palavras, e fazerem análises apressadas com base unicamente no presente, sem antevisão, sem previsão e sem extrair do passado nenhuma idéia de continuidade nas idéias.

Mesmo que o passado tenha ocorrido há apenas 2 ou 3 anos. Cynara Menezes é uma das manifestantes que está nas ruas pelo “Fora Temer”, sem vírgula. Agora, sua tônica voltou a afirmar que as pessoas queimando tudo até a última ponta nas ruas são lindas, democráticas, fofinhas, inocentes, revolucionárias e progressistas, e que feio mesmo é a PM, que impede que a violência chegue a inocentes e a cidade pegue fogo graças a uma turbamulta exigindo sua líder.

Isto foi o que Cynara Menezes postou há um ano:

A blogueira demitida da Carta Capital parece saber muito bem que está na rua por algo contrário à polícia.

Nas manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, provavelmente as maiores manifestações de rua da história mundial, milhões e milhões de pessoas de todos os credos, cores e “classes” lotaram avenidas sem nenhum incidente.

Por que as manifestações freqüentadas por Cynara Menezes e seus comparsas não poderiam tirar foto com a PM, sendo que a PM só age para manter a ordem? Porque suas manifestações são violentas por si. Porque querem quebrar, destruir e roubar coisas dos outros. Porque seu foco é ir contra a lei. Porque precisam de confronto, do contrário ninguém da população, majoritariamente a favor do impeachment e contra a esquerda, vai prestar atenção em gente atrasada e de mentalidade pequena insistindo que todo o poder emana do PT e de Dilma Rousseff.

Que outro motivo petistas e esquerdistas teriam para odiar tanto a polícia, que não teve motivo para algo muito maior do que olhar a paisagem nos protestos pelo impeachment?

Claro que logo depois estarão postando que foram violentamente reprimidos por uma polícia fascista quando só queriam se manifestar pacificamente, que impedir pessoas de incendiar carros e ônibus, destruir lojas, vidraças, estações de metrô e pontos de ônibus é algo horrendo, só visto na ditadura, e que todo o povo na verdade não tem mais direito à manifestação livre, já que a polícia não deixa uma meia dúzia de anormais incendiar lixo e destruir agências bancárias e concessionárias de carro.

Mas se esse discurso não colou nem por 3 semanas em 2013, por quanto tempo os foratemeristas que não têm coragem nem de pedir Dilma Rousseff de volta ao cargo agora acham que conseguirão sustentar sua litania?

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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