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Polêmica

A suposta prostituição de Dona Marcela

A primeira-dama Marcela Temer foi comparada a uma prostituta pela mídia. Uma mulher fiel e recatada hoje é "inferior" a uma prostituta.

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Marcela Temer e Michel Temer

Até o momento em que escrevo – 25.X.2016 – o Brasil teve duas primeiras-damas belíssimas, Dona Maria Teresa Goulart e Dona Marcela Temer. Curiosamente, como o marido da primeira era de esquerda ela é ignorada ou elogiada pela imprensa de hoje, que tanto pende àquela direção que mais parece ter a perna esquerda muito mais curta que a direita. Mentira tem perna curta, mesmo, mas cria eu serem ambas no caso. Já Dona Marcela é chamada de tudo quanto é besteira, não só pela imprensa quanto pelas hordas de minions avermelhados que replicam farsescamente o bestialógico vomitado primeiramente pelas plumas de aluguel da grande imprensa.

Se a grande imprensa ridiculariza a primeira-dama, tratando-a ironicamente como “bela, recatada e do lar” por crer erroneamente na universalidade das conotações negativas que têm entre as esquerdas a beleza, o recato e – horresco referens! – o lar, os minions vermelhudinhos das redes sociais, diferenciados dos MAVs por cumprirem seu papel por pura estupidez servil, sem treinamento nem pagamento, vão bem mais longe.

Marcela Temer, preto e brancoEu, pessoalmente, acho divertido, porque assim eles me dão ensejo a digressões completamente alheias ao cerne dos fatos políticos, como a que ora estalo os dedos para escrever, podendo ilustrá-la com belas fotos de Dona Marcela e ainda ridicularizar um pouco os tão merecedores minions escarlate (enquanto no início dos tempos atuais o Pimpinela Escarlate salvaria nobres dos selvagens fazendo-se de playboy, em seus estertores os minions escarlate gritam “mas é mesmo uma pywtta” a cada vez que têm o desprazer de ver uma mulher que jamais olharia para eles sem fazer uma deliciosa carinha de nojo, correndo em seguida à revista Playboy para celebrar mais uma tentativa inconclusa de reprodução).

Partamos, pois, alegremente, a explicar de onde vem que não só os “minions” vesmelhusquinhos, mas também suas consortes “mínimas”, de vasta cobertura tricóide subaxilar, consigam inventar isso de Dona Marcela ser prostituta. Dir-se-ia tratar-se de mera reclamação de preço – ela seria uma prostituta fora do alcance do proletariado concursado que ganha apenasmente seus vinte mil temers por mês para falar asneiras a público cativo nas arrã, “universidades (!)”, arrã-arrã, “públicas (?!)” arrã-arrã-arrã, “brasileiras (??!!). Mas não. Mais ainda quando, como já foi apontado magistralmente neste mesmo sítio internético, todos os minions esquerdunculóides têm o reflexo condicionado de dizer “prostitutas são pessoas maravilhosas e o melhor exemplo de vida” sempre que ouvem referências a elas, até mesmo tratando apenas de questões de filiação no contexto de brigas de trânsito. Não, não mesmo.

A resposta está alhures, sendo fartamente encontradiça nos rituais de reprodução de “minions” e “mínimas” enrubescentes.

Sabemos todos, ou ao menos sabemos todos os que temos algum sucesso que seja no trato com o sexo oposto, seja esta sapiência consciente ou não, que todas as mulheres procuram uma única coisa e todos os homens uma outra única coisa, em nada equivalente, e daí os mal-entendidos constantes entre ambas estas espécies. O problema é que aquilo que elas querem, na clássica questão freudiana ou na prática, pode ter milhões de formas díspares, enquanto o que os homens queremos é bem menos multiforme. Explico.

Marcela TemerQuando Papai do Céu nos criou, cerca de 5777 anos atrás pela contagem dos judeus (que os cristãos não são bobos de se meter a contar muito a sério essas coisas, que só servem para atrair comentaristas que escrevem tudo em capislóque), Ele nos fez homem e mulher, mas, mais ainda, Ele nos fez membros de tribos de caçadores-coletores. Assim, o que interessa naturalmente ao homem, aquilo que está no hardware masculino, é a condição que garante que a moça desejada vá conseguir carregar seu filho até o fim da gravidez e sobreviver pra tomar conta dele até ele se virar por conta própria. Não se trata da capacidade de ser irritante ao reclamar da torneira pingando, nem de autossuficiência (numa tribo de caçadores-coletores sequer existe palavra para isso. Em português mesmo a ideia é tão recente que precisamos juntar duas palavras para enunciá-la). Trata-se, senhoras e senhores, por incrível que possa parecer, de saúde. Simples assim.

O homem vai procurar uma moça jovem, porque jovens são a priori mais saudáveis (cabelos amarelos indicam baixa idade em muitos grupamentos), vai querer que ela faça oingo-boingo nos lugares certos quando anda, que seja simétrica de rosto e de corpo, que cheire bem, que tenha bons quadris largos de parideira e fartas tetas de amamentadora, e por aí vai. Quem iria imaginar, hein?

É claro que pode haver, e há, farta interferência nesse processo vinda de outros níveis de funcionamento do homem: o social (que vai fazer com que haja quem ache legais essas sobrancelhas de palhacinho à la Marcos Feliciano com que algumas moças andam se enfeiando, por exemplo, ou que seja atraído por mocinhas esquálidas que mais lembram aspargos desidratados) e o sobrenatural (a graça divina de não se casar com aquelas moças que se tomarem banho quente viram canja) são os principais entre eles.

Já a mulher, ah, a mulher… Já dizia Tom Jobim, a “mulher é outro bicho”. Ela vai procurar o sujeito que garanta que o filho dela ainda tenha pai vivo quando nascer depois de longos nove meses, e que consiga manter inteiros ela e o moleque até que seja o moleque quem bate na porta e mata o desavisado, como numa propaganda de seriado. E o que é isso, num contexto de caçadores-coletores? É, amiguinhos e amiguinhas, uma cousa assaz simples: é o poder.

Marcela Temer, Michel Temer e generalToda mulher busca o poder. É por isso que ela tem essa capacidade espantosa de perceber assim que entra num recinto quem gosta de quem, quem tem inveja de quem, quem gostava de alguém e brigou etc. É por isso que elas ficam falando disso (sem jamais contar tudo, claro) por horas a fio, e é por isso que elas têm inimigas íntimas, não amigas de verdade (no sentido masculino do termo). Deus as criou especialmente antenadas na hierarquia social para que elas pudessem apostar no macho cuja liderança duraria mais, no cara que não estava às beiras de ser estraçalhado numa cerimônia que o Freud descreveu feito a cara peluda dele etc.

Mas o poder, dir-me-iam vossas augustas excelências, é algo iminentemente social. O poder ocorre, lembrar-me-iam os senhores, dentro de várias hierarquias sociais simultâneas, com o detentor de poder num dado nível numa dada hierarquia sendo ao mesmo tempo detentor de poder de outro nível noutra hierarquia. O cara que no clube de suíngue manda muito, por exemplo, na boca de fumo apanha na cara e ainda sai de lá com o apelido de Cornélio tatuado na testa. Responder-vos-ia eu que isso faz com que o componente social que se soma à base natural da busca de parceiro pela moça vá necessariamente ser muitíssimo mais forte que entre os homens. Toda mulher busca poder, mas…

O que é poder?

Para uma determinada moça é a força física: o corpo esculpido por horas de malhação e litros de esteróides até o pingulim do moço ficar microscópico e o bíceps dar três do cérebro.

Para outra moça, é a segurança de o cara ser o dono do mercadinho do bairro desde que ela nasceu e sempre votar no candidato que ganha.

Para ainda outra, é a fortaleza de alma do cara que manda todo mundo às favas e vai viver de vender pulseiras de miçanga, com o calcanhar todo rachado, dormindo no mesmo calçadão em que oferece sua “arte” (sim, senhores, hippies de praça têm uma vida amorosa bastante intensa).

Para ainda uma outra, poder é o dinheiro que ela nunca teve (e, por isso, escapa-lhe completamente que se Dona Marcela suspirar dizendo “o Havaí é lindo” aparecerão magicamente em seu belo colo passagens gratuitas de primeira classe com tudo incluído para o Havaí para a família toda, e ela terá o desprazer de ter que dizer “não quero”).

Para outra, ainda, poder é a aparência e a emoção, e um cara que cometa estelionatos em série para andar de Mercedes é o ideal.

Para outra, tadinha, o poder que conta é o do intelecto, e ela ficará embevecida ouvindo e lendo a produção de seu amado enquanto cozinha o fígado de galinha com arroz classe C que foi o que deu pra comprar este mês. Essa casa com professores e intelectuais, inclusive comunistas. Depende só de quem chegar primeiro.

E, finalmente, para outra o que conta é o poder em estado bruto: “Pois também eu sou um homem sujeito a outro, tendo soldados às minhas ordens, e digo a um: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isso, e ele o faz.” (Mt 8,8-9). Foi esta a sagaz escolha de Dona Marcela. Ao invés de buscar o poder em seus sucedâneos e sinais, ela o buscou – e encontrou – em estado bruto, e usou provavelmente também de maneira farta de seu próprio poder de mulher núbil e belíssima para conquistar o coraçãozinho seco do poderoso chefão que veio a tornar-se o Presidento.

marcela-temer-livrariaMas as mulheres não entendem os poderes que as demais reconhecem, e chamam de prostituta à que reconhece o poder do dinheiro, de louca ou porca a que se casa com o intelectual ou com o hippie da praça, de interesseira à mulher do estelionatário ou do dono do armazém, de imediatista e carnal à que se casa com aquele que se fez eunuco pelo reino de Schwarzenegger. A outra origem do triste epíteto de prostituta é a visão marxista, que deturpa a sociedade ao ponto de ver relações “de classe” – uma besteira artificial e irreal – como as únicas verdadeiras, fazendo com que qualquer tipo de fidelidade a alguém de classe “superior” seja percebida como “prostituição” por supostamente violar as lealdades de classe em favor de uma lealdade individualista que sabotaria a própria classe. Ou seja: para esses imbecis furunculosos, Dona Marcela seria prostituta na exata medida em que fosse fiel ao marido. Valha-me Deus!

A prostituta, no senso estrito do termo, de modo geral é a mulher que após ter sido abusada sexualmente na infância tornou-se incapaz de unir sexo e emoção (no contexto é a única resposta que pode evitar que enlouqueça) e, por aparentemente não ter as emoções afetadas pelo aluguel por hora do próprio corpo, considera que aquele é apenas um emprego que paga melhor que caixa de supermercado. Normalmente, na cabeça dela, inclusive, é um emprego “de esperar marido”, e o sonho dela é que venha um sujeito com o tipo de poder que ela reconhece e a leve para casa. Pobrezinha; cada dia que ela passa nessa linha de trabalho diminui tremendamente as chances de isso um dia ocorrer.

São as “vadias” e feministas, as “mínimas” rubrevascas, todavia, que mais incentivam a criação real de prostitutas de verdade, que elas mesmas no fundo sabem ser algo muito distinto da distinta Dona Marcela. Elas o fazem pela hipersexualização da criança, que aumenta tremendamente o risco dos abusos que estão na origem da maioria dos casos de prostituição. Elas o fazem por pregar como normal e mesmo desejável que haja uma muralha entre o sexo e a emoção, como as pobres prostitutas criaram por sobrevivência.

E, finalmente, elas o fazem por pregar que a mulher jamais deveria unir-se verdadeiramente em matrimônio, sim afogar seus sonhos naturais e viver, dia após dia, a tristeza e a solidão desesperada da prostituta. Que Deus tenha piedade delas.

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Carlos Ramalhete

Carlos Ramalhete é uma sub-celebridade de internet que vive escondido no meio do mato e escreve na Gazeta do Povo ( http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/colunistas/carlos-ramalhete/ ) e o Médium ( www.medium.com/@carlosramalhete ), além de pontificar sobre Deus e o mundo no Youtube ( www.youtube.com/CarlosRamalheteBrasil ). Dizem que ele dá aulas de filosofia.

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