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Michel Temer era (e ainda é) o VICE DA DILMA. Qual era o número do Temer mesmo?

Petistas ainda tentam culpar Temer em quem votou CONTRA Temer. Michel Temer era vice da Dilma. Da Dilma. Vice da Dilma. Da Dilma.

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Michel Temer beija Dilma Rousseff

A narrativa petista quer se apartar a qualquer custo de Michel Temer, o “golpista”, o “governo ilegítimo”. Se estavam antes entocados e envergonhados, o orgulho de ser petista (sic) foi desembainhado e agora todos tentam acusar seus detratores, os “coxinhas”, de terem a) votado em Aécio Neves; b) serem apoiadores (sic³) de Michel Temer e de Eduardo Cunha, aparentemente em estado de co-morbidade corruptiva.

Como alertamos, não é bem uma tática (que não funcionaria), mas uma estratégia de longo prazo: mirando em quem está fora do tabuleiro político, tentam (e até hoje sempre conseguiram) criar um caldo cultural sentimental, dando a entender de que são injustiçados sozinhos (“mas e o Cunha?”) ou que, se são todos corruptos, seria injusto “só” punir os petistas: o correto seria punir apenas os outros, e recolocar os petistas no cargo, já que foram “os corruptos eleitos” (“a democracia, a democracia!”).

A geração vindoura, os millenials e aqueles que nada entendiam de política até anteontem são o verdadeiro alvo da narrativa, e não seus interlocutores diretos: eles pensam numa platéia em formação. Porque seus interlocutores atuais sabem da verdade: votaram no Aécio tapando o nariz, e apenas por falta de opção melhor, e quem votou em Michel Temer, afinal, foi quem digitou o seu número na urna: se Michel Temer era o vice de Dilma Rousseff, quem votou em Temer foi quem votou em Dilma, não quem, com nojo, votou em Aécio tão somente por horror a Dilma.

https://twitter.com/flaviomorgen/status/864996303654330368

Falar com alguém hoje é fácil: todo mundo sabe que não votou em Aécio (você já viu por aí um fã de Aécio Neves ou de qualquer tucano? nem eu), votou contra o PT. Contra o bolivarianismo e o projeto da “Pátria Grande” socialista latino-americana, tratada como paranóia em público, e como projeto de poder claro inter pares. Votou contra o gramscismo, preferindo combater o modelo de socialismo “lento” da social-democracia tucana (que petistas, que de socialismo apenas conhecem Marx e nada do socialismo moderno europeu, acham ser uma “teoria da conspiração” ou maluquice).

https://twitter.com/flaviomorgen/status/865194244876718081

https://twitter.com/flaviomorgen/status/865242849062916096

Mas e as gerações vindouras? Se apenas os petistas contarão a história (e quem freqüenta cursos de História? quem escreve livros de história contando todos os detalhes do impeachment?), qualquer um com idade abaixo de 15 anos hoje será informado de que Eduardo Cunha e Aécio Neves possuem seguidores, o que nunca ocorreu, e que Michel Temer foi colocado no poder por… anti-petistas (sic).

https://twitter.com/flaviomorgen/status/865185132713578496

Quem tem culpa no cartório por Michel Temer não pode ser quem rejeitou Dilma, e votaria em quase qualquer porcaria para não ter sua chapa dominando o Brasil. É quem apoiou a um só tempo o impeachment de Dilma, assim como apóia a cassação de sua chapa pelo TSE. E quem apóia investigação contra Temer, Cunha, Aécio ou qualquer opositor do PT, porque defendem uma lei, e não um bandido preferido a burlar a lei.

Bolo de Dilma e TemerPetistas podem dizer que “não votaram em Temer”, mas votaram. Podem dizer que não queriam ter votado em Temer. Mas votaram. Podem dizer que sua intenção era votar apenas em Dilma. Mas voto não liga pra intenção: se votou em um “projeto” que não foi concretizado: o TSE não está nem aí para os seus sentimentos ou para suas intenções e fantasias, está interessado tão somente nos dois caras que apareceram na urna antes de você apertar o botão “Confirma”.

E isso, afinal, amenizaria ainda mais os eleitores anti-petistas: não votaram em Aécio com planos de Aécio estar acima da lei, ao contrário dos eleitores de Dilma, e sim votaram nele como o mal menor. Que tal analisarem as “intenções” do eleitorado aecista, after all?

Nada é mais significado para entender o Brasil atual, que será desfigurado na narrativa para as futuras gerações, do que o fato de a nascente direita brasileira não defender um partido ou um político, mas ter admiração sobretudo por um juiz, como representante da lei, e não por alguém com um projeto de poder político para criar leis por uma ideologia, enquanto a esquerda ignora leis para defender o corrupto com a sua ideologia para burlá-las.

https://twitter.com/flaviomorgen/status/862778098047221761

O fato é que esquerdistas se esqueceram de que eles votaram em Michel Temer, de que Eduardo Cunha foi o líder do governo na Câmara quando o governo era de Dilma (e só se tornou destaque quando virou a casaca), de que sem o projeto de poder hegemônico do PT seria muito mais fácil punir corruptos (como é fácil punir Aécio Neves, que não tem militância trancando ruas em sua defesa), e que, afinal, o país hoje seria muito mais saudável, as leis funcionariam muito mais e os corruptos teriam muito mais medo da polícia se os petistas não tivessem elegido petistas.

Michel Temer é culpa do PT e de seus eleitores, não de quem votaria até no cara do aerotrem contra o PT, que já tinha mostrado sua verdadeira face para quem quisesse ver desde pelo menos 2005. A depender dos “golpistas”, Temer não estaria no poder e não completaria 8 anos no Executivo federal – não estaria nem por um dia.

Se petistas não conseguem arcar com as conseqüências de seus próprios atos, e até mesmo de quem votaram para vice, o tal Michel Temer, como não considerar que o PT é definitivamente o partido mais corrupto e mentiroso de toda a história?

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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