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Crime

Sem Globo: 36 vereadores foram assassinados desde 2016

Marielle Franco teve um imenso destaque por ser militante do PSOL, mas mais de 36 vereadores foram assassinados nos últimos 2 anos sem nenhum grande destaque da mídia.

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Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada

O assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL carioca, está sendo noticiado como uma já provada perseguição da polícia a uma ativista de direitos humanos. Entretanto, o Congresso em Foco fez um levantamento mostrando que simplesmente 36 vereadores foram mortos nos últimos dois anos no Brasil. O triste destino de Marielle, assim, parece mais uma estatística do que um nítido “crime político”.

A narrativa da mídia sobre o assassinato de Marielle Franco está sendo mantida a fórceps, martelando-se palavras-chave todo dia. A militante de extrema-esquerda é sempre descrita como “ativista dos direitos humanos”, uma expressão que ainda tenta passar uma aura quase de santidade e abdicação samaritana pelos pobres e oprimidos. Seu assassinato é sempre noticiado com esta descrição, tentando dar a entender alguma causalidade. Ficaríamos com o contraste entre a abnegada defensora dos pobres e oprimidos e algum plano maquiavélico da polícia carioca.

Só no Rio de Janeiro, podemos lembrar de Silvério Amaro Pereira Filho (PRB), presidente da Câmara de Vereadores de Rio Claro, assassinado a tiros enquanto dirigia na Rodovia Saturnino Braga (RJ-155), em fevereiro de 2016. Um mês antes, Geraldo Cardoso, vereador do PSB em Magé, foi morto dentro da Câmara de Vereadores, com três tiros, enquanto tentava cassar o mandato de outro vereador.

Tais crimes não tiveram o destaque na Rede Globo que a vereadora do PSOL teve. No caso de Marielle, só há elogios e palavras edulcoradas: feminista, ativista dos direitos humanos, defensora da população pobre e negra. Sua trajetória é descrita em tons quase hagiográficos. O próprio Congresso em Foco carrega nas tintas róseas no caso de Marielle:

“Diante dessa realidade, o governo federal não tem tomado providências para proteger, na esfera pública, não só vereadores, mas também ativistas e demais militantes de qualquer causa.”

Novamente, os “ativistas” parecem fazer parte de uma categoria superior de seres humanos. O que é corroborado pela ONU:

Segundo reportagem veiculada nesta quinta-feira (15) no site do jornal O Estado de S. Paulo, o governo ignorou alertas das Nações Unidas sobre ameaças e assassinatos envolvendo ao menos 17 ativistas de direitos humanos.

Após falar de sua “natural liderança feminista”, o Congresso em Foco ainda arremata:

Quatro dias antes do seu assassinato, Marielle fez uma denúncia em seu perfil nas redes sociais contra policiais do 41º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Acari.

A tentativa de incutir nada sutilmente uma relação de causalidade entre a crítica ao BPM (o site não comenta, mas Marielle o chamou de “Batalhão da Morte”) e o assassinato da vereadora é premente.

O que salta aos olhos não é nenhuma particularidade do assassinato de Marielle, e sim a proximidade ideológica da vereadora de extrema-esquerda e da própria mídia, que escolhe o que noticiar, o que dar destaque e sobre o que silenciar. Basta pensar que o PSOL é uma inexpressividade eleitoral, mas tem uma proximidade de unha e carne com os progressistas pró-drogas do Projac.

O obituário seria muito maior se fossem incluídos na conta todos os ex-vereadores, candidatos a vereadores ou parentes de vereador executados por motivos políticos. Mas, dos 36 vereadores mortos nos últimos 2 anos, apenas a única do PSOL teve um destaque e comoção nacional e internacional. Observando-se por este prisma, podemos entender muito melhor o que está acontecendo no Brasil.

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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