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Mimimi stalinista

Se Manuela d’Ávila tivesse argumentos, não estaria de mimimi por ter sido “interrompida” ao relativizar Stalin

A presidenciável comunista Manuela "Avião" d'Ávila foi ao Roda Viva e fez um mimimi desgraçado por ser "interrompida" quando tentava fugir de perguntas sobre Stalin.

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Manuela d'Ávila Avião no Roda Viva

Manuela d’Ávila, apontada como “Avião” na lista de propina da Odebrecht e, para quem não sabe, candidata à presidência pelo PCdoB (quem gasta slots mentais com esse tipo de cultura inútil?), foi ao Roda Viva, que está sabatinando os candidatos.

Manuela Avião foi perguntada sobre suas posturas como comunista. Se defende genocidas como Stalin, Mao Tsé-tung. Se acha que esses regimes são uma “democracia”. E quais são suas propostas para o Brasil.

Perguntas, afinal, feitas, mutatis mutandis, para todos os candidatos. Mas Manuela d’Ávila não é como os outros candidatos. Manuela Avião é a comunista de apartamento. (ok, tem também Guilherme Boulos, Zé Maria, Rui Costa Pimenta e deve ter alguém do PCB que nem quem trabalha revirando lixo lembra o nome)

Manuela Avião, como toda comunista, quis entrar na lista VIP. Ser tratada como uma rainha. Tapete vermelho. Com cota. Afinal, Manu Avião não se misturaria com o baixo clero. Precisava ser paparicada, não perguntada.

Há vídeos de Manu d’Ávila na internet com baboseiras como “a União Soviética inventou a tecnologia que permite celulares”, tentando se referir provavelmente aos satélites do programa nuclear soviético (programa que seqüestrava cientistas e ameaçava suas esposas e famílias para que eles, com informações ocidentais, conseguissem fazer sua Agitprop cosmológica que encanta defensores de totalitarismos que não dormem sem um ursinho até hoje).

Quando perguntada se defendia Stalin – Stalin aquele Stalin –, Manu Avião tergiversou. Apelou até pro clichê manjado de que naquela outra época, tinha todo um contexto. Nem mesmo disse que deturparam Marx: isso a obrigaria a criticar Stalin. E como Manuela Avião, do PCdoB, criticaria Stalin?! O partido inteiro foi fundado no maoísmo e no “marxismo-leninismo”, o nome do stalinismo para quem não está acostumado com conversas entre genocidas (chamam as alas socialistas do PT e PSOL de “trotskos”, por exemplo). Stalin, como todos sabem, mandou matar os comunistas concorrentes – no caso de Trotsky, com uma picaretada em sua nuca no México.

Em nenhum momento Manuela Avião disse algo minimamente próximo de “não gosto de Stalin”. Apenas, é claro, que Ustra é torturador e Bolsonaro é ditador, ou variações deste padrão. Se não quer ser perguntada, reperguntada, contraperguntada e hiperperguntada sobre sua admiração por Stalin, uma recomendação de quem estuda retórica: admita-a ou negue-a. Manu Avião pareceu ter vergonha da primeira, e não ousaria fazer a segunda.

Além de perguntas sobre a Venezuela (óbvio) que também não foram respondidas (“Precisamos olhar para os problemas do Brasil!”, a típica sentença que nunca seria dita se o assunto fosse Donald Trump), e demais outros assuntos que dão um nó em quem tem ainda o discurso platiforme de DCE (que não vai além de “os ricos têm privilégios, devemos controlar o mercado com um Estado total, quem discorda é fascista, racista, homofóbico e não sabe que meu corpo, minhas regras, porque se não tiver útero, não pode ter opinião”), o melhor momento ficou por conta de uma, digamos, materialização possível do discurso de Manu.

Frederico D’Ávila, assessor de Jair Bolsonaro (uma excelente idéia: colocar assessores da concorrência como entrevistadores), perguntou a Manu Avião como ela pretendia diminuir os estupros, já que o feminismo de condomínio é uma das principais plataformas da presidenciável e do Movimento Bolchevique Mauricinho.

A resposta foi… bem, que tinha que ter menos estupros. Tá, mas… como?! Ora, não votando no Bolsonaro! Mas o que tem a ver?! Ué, tem que ter menos estupro. Mas então você é a favor do projeto de castração química para estupradores? É que… é, veja bem, “eu sou a favor de ter menos estupro” (sic), não votar no Bolsonaro, e a solução é educação. Até o Maluf se saiu melhor.

Além de tentar chamar um deputado contra estupro de estuprador, sobra a pérola de que espera que a sua filha, quando estiver bêbada aos 16 anos, não seja estuprada. Não será melhor aprender a cuidar da própria casa antes?

Manu Avião não estava no seu melhor dia. Ou talvez estivesse no melhor momento de sua vida, e o resto fosse ainda pior, não sabemos (ninguém presta atenção em idosos com síndrome de puer aeternus do PCdoB).

Como a esquerda poderia tentar extrair uma limonada de um único limão, se a cidadã, além de fugir de todas as perguntas? (e olha que nenhuma foi modelo “Stalin matou cerca de 40 milhões com uma população com três quartos do tamanho da brasileira, qual será o tamanho do genocídio do ‘comunismo brasileiro’ se tentado, você consegue nos dizer numa regra de três simples?” ou “Você teria abortado sua filha preocupando-se com a sua segurança?”)

Bem, a esquerda disse que Manuela d’Ávila é uma mulher, e foi interrompida. Numa sabatina?! Tadiiiiiiiinha! Deveria ter sido já tratada como a nossa Elena Ceaușescu. E, como doutrinados esquerdistas só conseguem observar aquilo para o qual alguém inventa um nome, já importaram o termo mongolóide manterrupting e disseram que foi um ataque machista (o que não é machismo, hoje?).

Mas e quando quem a faz gaguejar, mudar de assunto, tergiversar, escorregar nos próprios “pensamentos” é também uma mulher, como a jornalista Vera Magalhães? Bem, que importa a realidade para um esquerdista? Basta continuar dizendo que Manu Avião d’Ávila sofreu um ataque machista. E quem sabe também racista, homofóbico e, claro, nazista.

https://twitter.com/SocialistiPhone/status/1011733198135578625

A tara da esquerda pelas “interrupções” de quando Manu parava de falar de Stalin e começava a atacar Bolsonaro, fosse a pergunta sobre o Holodomor ou sobre sua cor preferida, foi replicada em uníssono na mídia. As fake news começaram (mas quando fake news são de esquerda, a Agência Lupa e a Aos Fatos está pouco se lixando). Fizeram até conta de quantas vezes Manuela Avião fora interrompida. Tudo fake, e tudo replicado em uníssono na mídia.

Manuela d'Ávila: mídia inventa que sofreu "ataque machista" no Google

Manuela d'Ávila: mídia inventa que sofreu "ataque machista" no Google

Manuela d'Ávila em revista feminina da Abril

Caneta Desesquerdizadora provou que era tudo pinóia. Mas depois que a lacração já correu solta, já “pegou” entre jovens que não ligam para um conceito conservador como a verdade, o leite já está derramado.

A verdade é bem mais simples: se Manuela Avião d’Ávila tivesse argumentos bons para defender Stalin sem parecer uma genocida, ou qualquer uma de suas idéias que muitos tiveram quando eram adolescentes bobalhões que nada sabiam da vida (e todo tirano foi defendido por adolescentes bobalhões que nada sabiam da vida), as manchetes seriam diferentes.

Teriam dito que Manu Avião “lacrou”. Que ela provou aos ultra-direitistas do Roda Viva que Stalin matou foi pouco mesmo, como já disse outro stalinista, PC Siqueira. Que Manu provou que o comunismo funciona, depois de mil tentativas fracassadas. Que o Movimento Bolchevique Mauricinho é a melhor forma de um adolescente levar uma vida plena, inteligente e articulada.

Mas Manuela Avião só conseguiu mesmo se mostrar isso: a lacradora de DCE, a pessoa que só sabe repetir clichês, e se esquerdistas ainda não criaram um clichê sobre um assunto, não sabe o que dizer e diz bobagens. Mas o que esperar de patricinhas stalinistas brincando de política?

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Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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