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Contradição

Jean Wyllys diz que só anda de escolta policial, mas quem esfaqueou um político há pouco foi alguém do seu partido

Jean Wyllys diz viver "praticamente em cárcere privado" por ter de usar escolta policial graças ao "maldito" Bolsonaro. E nós, que nem podemos nos defender?

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Jean Wyllys chorando

Em uma entrevista ao jornal O Globo, o deputado Jean Wyllys, reeleito mais uma vez por coeficiente eleitoral, jogou previsivelmente a carta do vitimismo, com a qual fez toda a sua carreira, dizendo que virou “um pária”, graças a eleição “deste maldito” Bolsonaro. O nível de chorume é tamanho que diz só andar com escolta policial e que está “praticamente em cárcere privado” (sic).

“Estou praticamente em cárcere privado pelas medidas de segurança que fui obrigado a respeitar. Logo, no momento, estou preocupado em me manter vivo, em cuidar da minha saúde que está abalada pelo volume de mentiras e ameaças contra mim. Estou preocupado em sobreviver, em recobrar as forças num país que elegeu o fascismo”, disse Wyllys.

É curioso que a alta casta à qual pertence Wyllys, mesmo sem votos (só entrou graças ao coeficiente eleitoral) “está preocupada em sobreviver”, e é “obrigada a respeitar” uma escolta policial. Mas nosotros, essa escumalha aqui embaixo, estamos preocupados em sobreviver cada vez que saímos 5 da manhã de casa para pegar um busão lotado e sobreviver a arrastões, assaltos, roubos e furtos, risco de morrer de bala em troca de um celular, mas não temos escolta armada (paga com o dinheiro do povo) para sermos “obrigados a respeitar”, e nem mesmo podemos andar armados, graças à política de desarmamento civil defendida pelo próprio Jean Wyllys. Será que o deputado quer trocar?

E falando em “mentiras” e “ameaças”, o político que recentemente sofreu um atentado não foi do PSOL: foi justamente alguém do PSOL que acreditou que estava esfaqueando um “fascista”, crendo na retórica jeanwyllyseana.

A assessoria de Bolsonaro lembrou deste fato: “Coincidências ou não, o terrorista que cometeu o crime, era filiado ao partido do ‘ameaçado de morte’, o PSOL. É aquele velho enredo que a população já percebeu: ‘Acuse os adversários do que você faz, chame-os do que você é’. Assim é a linha auxiliar do PT”, disse em nota a assessoria do presidente eleito.

Você não está morrendo de dó de Jean Wyllys?

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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