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Ay meu ânus

Nós defendemos a família para o seu filho não virar o “Luciano Ayan”

Carlos Afonso, codinome "Luciano Ayan", é a prova do que é o homem atomizado sem família: uma vida com perfis fake lendo feed e tirando prints de tweets, se achando um herói por isso

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Carlos Afonso, o "Luciano Ayan"

Muitas pessoas ainda não entendem algo fundamental sobre nossos valores: a defesa da família. Acham que significa apenas “morte aos gays” ou outra visão burra que só ideólogo consegue pensar. A família significa uma pequena comunidade que importa muito mais e tem muito mais urgência do que a grande comunidade (o país está pegando fogo e soltaram o Lula? mas sua mãe ligou do hospital, vá imediatamente cuidar disso!). A família é a primeira escola, a continuidade da sua vida, produção e dívidas depois que você se for, a família te dá o senso de eternidade, ao invés do vício no presente.

Mas, sobretudo, defendemos a família para que você não acabe virando o “Luciano Ayan”.

Ok, de família é só “Carlos Afonso”, mas é o típico espécime da modernidade que mostra como é o homem atomizado, reduzido a seu imediatismo mais vulgar, a uma vida de pseudo-grandiosidade de rede social, a uma masturbação mental ad aeternum com o feed do que dizem pessoas que só o citam para rir de sua cara, a uma grandiloqüência forçada sobre perfis fakes achando que está combatendo a própria Waffen-SS num gueto em Varsóvia, munido apenas de uma garrafa quebrada contra dezenas de metralhadoras.

É uma vida, em uma palavra, fake. De cabo a rabo.

Com uma família, estaria preocupado tanto em apresentar sua honra e glória aos filhos, como também olharia para cima e para trás, e pensaria em como deixar sua avó orgulhosa. Imagine o encontro das comadres: “Meu netinho é vice-presidente da empresa em que trabalha!”, diz dona Lourdes. “O Jorge é promotor e está cuidando da lavagem de dinheiro com terroristas islâmicos”, obtempera orgulhosa dona Mercedes. “Ah, o Wilson é médico, está morando na Alemanha, em Bonn!”, arremata dona Filomena.

E o que sobra para a dona Neuza dizer? “Bem, o Carlos Afonso… o Carlos Afonso monitora perfis que o xingam de gordo tetudo no Twitter. Faz isso 20 horas por dia, 7 dias por semana. Ele até arquiva os prints! Sonha em um dia colocá-los todos na CPMI das Fake News. Ele inclusive os chama de ‘seita’. Ah, você sabia que esses dias ele bateu o recorde e conseguiu 20 curtidas em um tweet?!”

Então, dona Neuza, que já sabia do resultado, sente que a vergonha causada por uma explosão de gargalhadas do grupinho é uma disciplina que você deve aprender e interiorizar quando você tem 11 anos, não quando tenta exibir sua superioridade na vida adulta.

É esta falta de senso do Eterno, de orientação como uma bússola moral e até física para a vida, esta monomania não com inimigos, mas com todos aqueles que recusaram tratá-lo como “líder” (quem não se lembra de seus áudios indignados por ninguém ligar para o que ele fala no grupinho – oh, ironia! – “Internet livre”?), esta tentativa fracassada de substituir uma vida de sucesso por uma narrativa de um grande “analista de guerra política” sem seguidores que causa derrisão.

A narrativa de que é um grande investigador, por óbvio, só funcionaria se fosse em privado, não às vistas de todo mundo que lhe aplica montinho e cuecão virtual desde o orkut, quando criava perfis fakes e também passava 20 horas por dia com uma verborragia sonífera de chata para falar de Teoria da Evolução, fazendo qualquer um desistir de um debate para fazer algo mais útil da vida (tipo jogar Paciência) do que gastar tempo com o cara que escondia nome, rosto e quem era de verdade (lembra a conversa das vovós?), e cuja “relevância” era resolvida simplesmente fechando-se a tela do notebook.

Carlos Afonso, descoberto como um mero sócio de um fundador do MBL e sem nenhum brio para chamar de seu, é só um homem sem laços. Lacan o chamaria de “castrado”. É alguém que perdeu até a vergonha de implorar em público por um poder que não tem – dignidade que qualquer mendigo possui.

Seu grande feito foi arregimentar uma série de perfis fake para defender a CPMI das Fake News.

A falta de laços familiares, de laços afetivos, de um senso de responsabilidade maior do que seu mero entorno, a ausência de algo ou alguém externo às suas necessidades fisiológicas para lhe chamar para a responsabilidade não te liberta, como acredita a colunista da Folha que recentemente preconizou não ter filhos: ela te afunda em uma espiral egofânica em que você acha mesmo que o nazismo vai voltar se não ganhar 2 RTs.

Afonso está dois níveis abaixo da mãe de pet, a versão jovem da velha dos gatos, porque esta ao menos precisa voltar cedo da balada para cuidar da Josefina não engolir os pêlos. E um nível abaixo do jogador de League of Legends. Esse ao menos FAZ alguma coisa, ainda que virtual. E até tem fãs. E laços virtuais. Afonso implora em público por eles.

Hoje, Carlos Afonso não está decepcionado com o bolsonarismo, o olavismo ou o raio que for. Afonso está obcecado, paranóico, virulento, monomaníaco, tarado e pilhado comigo, com você, com todo mundo que ele queria “influenciar”, mas era chato demais, inculto demais, sinnótico demais, vergonhoso demais para alguém levar a sério.

Logo, se hoje uma pessoa discorda dele, é “extrema-direita”. Se uma pessoa discorda dele com vaporwave, é “alt-right”. Se uma pessoa discorda dele e fala com outra pessoa que discorda dele, é “milícia”. Só não podemos chamar seus grupinhos de Zap de “milícia” porque… bem, nem neles alguém conseguia dar bola para o que diz o Afonso. Preferiam e ainda preferem ler aquele cara que o chama de “Luciano Aymeuânus”.

Sem a glória de se fingir de “coach de guerra política” sem ter um único seguidor de relevância (ou… seguidor), Afonso partiu para o mero ressentimento de mulher traída. Se não consegue liderá-los, se eles riem de seus chiliques na sua cara, então eles vão ver o que é bom para a tosse.

É curioso como todos tentam analisar os motivos e motivo$$ da galera que reinaldoazevedou recentemente. Do Afonso não: o ressentimento de piá de prédio, do guri de condomínio, do dono da bola que é pereba, é uma linguagem claramente universal.

Sua conversão ao haddadismo e ao cirismo, sua preferência por Diário do C. Do Mundo após seu “Ceticismo Político” falir quando foi descoberto seu esquema de troca de curtidas com a página do MBL, não espantam: são não apenas esperados, como obrigatórios. Afonso nunca foi um conservador, alguém preocupado com valores morais, com alta cultura. Afonso era o típico liberal que só entende que mercado funciona melhor do que Estado. Um clichê. Mas se não conseguiu ser líder de uma turba enfurecida libertária, se ninguém reclama “que saudade do blog do ‘Ayan’”, então é melhor conseguir algum poder e influência com quem está doido para ter um “ex-bolsonarista propagador de fake news” agora do seu lado para dar respaldo a teses esquerdistas.

E sua vida hoje é isso: tirar prints de tweets. Nos intervalos do trabalho? Ah, uma frase dessas faz qualquer um rir mais do que se fosse com o Boulos. À noite, depois de um dia de esforços incomensuráveis, boletos para pagar, buscar crianças na escola, fazer faculdade à noite, levar o cachorro no veterinário? Não, amigo: a vida do Afonso é tirar prints de tweets de manhã, de tarde, de noite, de madrugada. A qualquer hora, a qualquer local.

Você está no trânsito? Afonso está monitorando perfis de inimigos. Você está na academia? Afonso está tirando prints de tweets. Você está tomando um café de negócios, ou com amigos às 15h? Afonso está descrevendo um comportamento de “seita” que só existe em sua cabeça. Você está vendo Netflix? Afonso está assistindo o feed com seus 8 perfis fake. Você está transando? Mande um salve pro Afonso, que está muito ocupado nesse momento descrevendo como se tornará um herói nacional se for convidado para a CPMI das Fake News, e aí todo mundo vai gostar dele (sim, até o Ângelo Coronel uma hora dessas está com uma mulher).

Não é só uma família que pode salvar o homem atomizado. Amigos. Um happy hour na empresa (sério, tente imaginar um happy hour com o Afonso). Mesmo ter uma namorada sem perspectivas de casar. Ter um time de futebol pra torcer, que seja. Sair de casa, ir pro parque, praticar um esporte. Jogar um Street Fighter no fliperama contra um maloqueiro. Ter alguém pra conversar além de uma ligação chorosa pro CVV a cada dois sábados. “Olá, aqui é o Centro de Valorização da Vida, em algum lugar, alguém te ama.” “É o Carlos Afonso.” “Ah… Putz.”

Veja o ódio – não é linguagem de esquerdista não, é aquele ÓDIO mortal, satânico, destrutivo e auto-destrutivo, coisa de spree killer – que Afonso sente porque pessoas… CONVERSAM. Pior do que isso: RIEM. Nada pode ser mais “seita”, nada precisa ser mais punido pela CPMI das Fake News, do que duas pessoas dando risada. Pior ainda quando riem dos insucessos de uma terceira. Isso toca mais o Afonso do que Pol-Pot voltar dos mortos e assumir o poder no Brasil.

E lá continua Afonso, de manhã até a madrugada, tirando prints. Arquivando – isso lhe dá uma sensação de documento, de importância, de ter feito Direito, de ter “provas” nas mãos de que alguém precisa ser calado com a força do Estado, inclusive caçando mensagens privadas. Que é o objetivo fundamental de “liberais” como ele e todos aqueles ao redor do MBL hoje.

Você lê um tweet do Afonso e não enxerga uma pessoa realizada, um cara estudado, alguém com horas de vôo podendo nos ensinar algo, alguém, enfim, a ser admirado, com quem gastamos tempo lendo por ter algo grande que foi pensado e que nós ainda não pensamos.

Você só vê um poço de ressentimento. Uma adolescência tardia, achando que perfil anônimo vaporwave de Twitter é o fim da “direita democrática” (todo mundo que faz análise bunda usa termos imprecisos). Você vê alguém que perdeu na vida, que arregou nos valores, que tem 20 perfis fake para poder “monitorar” todo mundo que o bloqueou.

Você vê alguém infeliz, não por luto ou por ter sofrido uma injustiça, mas por querer ser o herói que não é. Ele queria ter um quadro no programa do Danilo Gentili, ele queria ser comentarista da Jovem Pan como os três liberais reis do networking conseguiram, ele queria ser o sex symbol da militância virtual. Hoje, deve ter até trocado o XVideos por imagens da CPMI das Fake News.

Tudo o que consegue ser, transparecer e fazer todos rirem é alguém sem nenhuma realização, que ninguém sabe como ganha para postar 20 tweets por hora (e olha que trabalhamos com internet), que não lê nada na vida além de perfis fake e “influenciadores” inimigos. Sua vida é um feed. Seu senso de urgência é “monitorar” perfis vaporwave. Não pode haver maior passividade na vida do que isso. O Jeca Tatu vira um exemplo de perseverança e hombridade.

Dois monitores, quarto mal iluminado, madrugada de sábado sem nenhum amigo te ligar, resto de comidas processadas e pedidas no iFood como grande interação social do dia. Imagine o cheiro de cu vencido do ambiente. Você vê mais um print com “análise” forçada sobre “seita” do Afonso, marcado no Archive, e só enxerga o que é o vácuo da vida sem amigos. Sem namorada. Até seu virtual não tem relevância (20 tweets por hora, metade disso em retweets). É uma vida sem proteína, com excesso de carboidrato.

Afonso não transparece vitória, transparece uma vida da qual todos querem fugir. Da qual a dona Neide não se orgulha de falar com as amigas – todos escondem quem é o rapaz que apareceu na Globo da família.

Deve ser difícil não ser admirado. Nem um elogio da mamãe. Nada a apresentar a Deus nos portões do Paraíso quando saímos do tempo e entramos na Eternidade. “Senhor, aqui está uma série de prints que fiz dos perfis Jeba GG do Sorocabannon e Peppa Pig ex-MILF. Creio ter tornado o mundo um lugar melhor.” Não existe melhor propaganda contra a falta de oração do que imaginar o passaporte para a Eternidade do Afonso.

Alguém precisa arrumar um Tamagochi para o Afonso. Uma planta que seja (cacto não vale). É preciso cuidar, com caridade, dos nossos adversários – o que só homens superiores o fazem. Se não possui família, se ninguém quer ser seu amigo, se a possibilidade de alguém tratá-lo como um grande homem é negativa, se seus “amigos” são todos apenas inimigos dos seus inimigos, ao menos precisa adquirir responsabilidade sobre outra coisa, virtual que seja, para pensar: “putz, preciso me levantar daqui para fazer alguma coisa”.

Aquela jornalista da Folha quis mostrar como é libertador não ter filhos. O problema da vida que ela descreve é simples: é uma vida invejável só por quem é como ela. Ninguém com uma vidinha um tiquinho melhor pensa em afogar os filhos no tanque para ter uma vida de jornalista da Folha.

O mesmo vale para o Afonso. Uma vida sem servir a nada é uma vida que, literalmente, não serve. E aí, contenta-se com muito pouco. Como sonhar em virar delator na CPMI das Fake News, escondendo que tentava ser líder de sua própria milícia, sem nem seus milicianos terem orgulho de andar com o Afonso na hora do recreio.

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Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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