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Um homem bom é difícil de encontrar

Traficante confessa ter matado trans e tranquiliza imprensa que achava que o crime era de homofobia

Após confissão do traficante, conhecido como Peida Voa (???), mídia parece ter perdido o interesse no caso. Traficante transfóbico esquartejador não ajuda a causa

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A reportagem do jornal Extra (digna de um Pullitzer, diga-se) contou que, na madrugada de 29 de abril de 2018, o traficante Manuel Avelino de Sousa Junior, conhecido como Peida Voa (PEIDA VOA!), que dava plantão numa boca de fumo (PLANTÃO NUMA BOCA DE FUMO!!), viu a estudante Matheusa andando nua e desorientada e tentou ajudá-la.

(Quase um conto do João Antônio)

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Peida Voa disse que ao ver Matheusa foi interrogar ele, não respeitando a opção não binária da moçoila. Transfobia? Bastou ter um jaramalho entre as pernas e é homem? Como Matheusa não aguardou sua ordem, segundo disse o Peida Voa, e foi pra cima dele, tentando tirar seu fuzil, o nobre trafica deu dois tiros na não-binária, um de pistola e outro de fuzil.

No momento redenção, ao melhor estilo Dostoiévski, Peida Voa disse que “ficou com remorso” de ter esquartejado Matheusa, que cursava Artes Visuais na Uerj à época. É quase o assistente do jagunço Severino, em O Auto da Compadecida, que dizia que não gostava de matar não, mas já que tem que matar…

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Numa aula de economia melhor que Adam Smith:

“O criminoso disse que foi repreendido por chefes do tráfico da favela depois do homicídio, mas nega ter sido expulso do tráfico e da favela: segundo Manuel, ele mesmo optou por deixar a facção três meses depois do assassinato porque estava insatisfeito com a baixa remuneração e os riscos da vida do crime: ‘Vieram me chamar atenção, mas se eu perco o fuzil você vai chegar, querer me cobrar e me matar. Não queria matar o cara’, disse Manuel.” (Desarmamentista, além de tudo.)

É um ótimo argumento pra filme nacional: foi tatuar alguém numa festa, a menina desistiu, saiu por aí pelado, ninguém notou que era trans com o mastruço pra fora, tentou arrancar arma de traficante e foi esquertejado(a).


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Assuntos:
Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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