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Partido Democrata

O que esperar da “Super Terça” das primárias democratas?

Na próxima terça (03/03), 14 estados decidirão quem deve ser o candidato democrata a disputar presidência dos EUA com Donald Trump

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As primárias democratas caminham após as disputas em Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul.

Na terça-feira (03/03), os estados da California, Utah, Colorado, Oklahoma, Texas, Arkansas, Alabama, Tennessee, Carolina do Norte, Minnesota, Maine, Virgínia e Massachusets compõem a famosa “super terça”. Mais de 1.000 delegados – ou 34% do total – estão na disputa.

Ainda estão na parada: Joe Biden, vice-presidente de Barack Obama, Bernie Sanders, o “socialista democrático”, Pete Buttigieg*, Elizabeth Warren, Amy Klobuchar, Mike Bloomberg e, muito atrás, ainda sem nenhum delegado, Tulsi Gabbard. O bilionário Tom Steyer, após investir mais de 200 milhões de dólares apenas na primária da Carolina do Sul, decidiu abandonar a disputa.

Em Iowa houve, praticamente, um empate entre Sanders e Buttigieg (após muita confusão na contagem) – que dividiram o mesmo número de candidatos, Sanders faturou Nevada e New Hampshire e Biden ressuscitou com uma vantagem de 29 pontos na Carolina do Sul.

Existe muita pressão das campanhas de Biden, Sanders e Bloomberg para que os demais candidatos saiam da corrida, pois estariam dividindo o voto e prejudicando a imagem dos concorrentes que “realmente têm chance”.

O também bilionário Mike Bloomberg vem gastando fortunas com campanhas publicitárias mirando os estados que compõem a super terça, tanto que não participou da disputa nos quatro primeiros estados.

Bloomberg, junto com Buttigieg, Klobuchar e Biden (em seu discurso de vitória tentou ganhar a posição de anti-Sanders) compõe o paredão autodefinido “moderado”. Sanders e Warren estão na ala mais radical e identitária do partido.

Após os resultados das primeiras disputas, tudo indica que o confronto final deve ser entre Sanders e Biden. Nas pesquisas divulgadas para os estados da super terça o que observamos é Sanders na liderança em aproximadamente 12, Biden na liderança em 2 e Bloomberg aparecendo em terceiro com picos de 15%. Observe-se o resultado em dois colégios grandes e importantes – Califórnia e Texas:

O que muito provavelmente devemos observar após a super terça é o abandono da corrida por parte de Buttigieg, Klobuchar e Warren.

Pete Buttigieg e o “marido”

Particularmente interessante entre esses três é o caso de Buttigieg. Muitos veem nele um Obama em gestação. Buttigieg tem pouca experiência política, apenas foi prefeito da cidade de South Bend em Indiana, com cerca de 100.000 habitantes. É homossexual assumido e tem um relacionamento conjugal também público com outro professor. Ainda que tenha assumido uma versão moderada e anti-Sanders nas últimas semanas, o passado de Buttigieg traz apoio entusiástico a Bernie Sanders e passado socialista. O ex-prefeito é formado também em literatura e seu pai era especialista em Antonio Gramsci. Buttigieg também não tem vergonha de se aproximar de Obama, não apenas pelo “sobrenome engraçado” que compartilham, como o próprio diz, mas por ser mais um radical travestido de moderado no Partido Democrata.

Klobuchar, apesar de realmente parecer a mais moderada do grupo, se dizer capitalista e se opor abertamente às maluquices de Sanders, especialmente no que diz respeito à saúde, não tem carisma, é tensa e tenta se desvencilhar da fama de “entendiante”. Provavelmente seria trucidada por Trump em um debate.

 

 

Warren não está conseguindo capitalizar o voto radical como gostaria. Os radicais identitários permanecem fechados com Sanders. A senadora ganhou o carinho apelido de “Pocahontas” do presidente Donald Trump após – falsamente – alegar ter composição genética indígena em seu DNA.

O futuro de Bloomberg é o mais incerto. Após investimento pesado, deixará a corrida caso não consiga número considerável de delegados na super terça? É incerto. O staff de Bloomberg foi um dos primeiros a desejar que Klobuchar e Buttigieg, que supostamente possuem eleitorado moderado, deixassem a disputa para abrir caminho para ele próprio. O que significa que o bilionário ainda pode tentar algo após a eventual saída desses dois.

Fato é que, confirmadas as tendências e o que as pesquisas apontam no momento, a disputa após a super terça deve se afunilar entre Biden e Sanders, sendo reduzida a dois contendores – ou no máximo três, para o caso da permanência de Bloomberg. Até agora Donald Trump segue sendo um grande beneficiado com o número grande de candidatos e as patetadas protagonizadas pelos adversários.

Fiquem com duas, apenas de Joe Biden, também apelidado por Trump de “Sleepy Joe” (o “sonolento” Joe):

Segundo o candidato – de 77 anos – 150 milhões de americanos teriam morrido por armas de fogo desde 2007, praticamente metade da população atual dos EUA:

Biden teve outro lapso de memória recente, dizendo que é candidato ao Senado americano e não à presidência:

 

*ATUALIZAÇÃO: Buttigieg anunciou sua saída da disputa no final da tarde americana de 01/03. Como a análise se mantém, julgou-se melhor não remover as aparições de seu nome no texto. Sua saída também pode indicar uma movimentação do establishment democrata para que se reúnam em torno de Biden contra Sanders.

 


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Assuntos:
Andre Assi Barreto

Professor de Filosofia e História das redes pública e privada de São Paulo. Aluno do professor Olavo de Carvalho. Mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Também trabalha com revisão, tradução e palestras. Autor de "Saul Alinsky e a Anatomia do Mal" (ed. Armada, 2019)

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