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Bandidolatria

Fantástico: o show de horror da vida

O caso da matéria exibida no Fantástico expõe mau caratismo da mídia na defesa de suas pautas e a importância da liberdade nas redes sociais

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Não é de hoje que o Fantástico não tem nada de fantástico. E nada de corriqueiro também. Tudo o que se vê lá é uma busca incessante por formar uma imaginação progressista, por moldar uma visão de mundo que ache que todo gay, negro, mulher, gordo, magra, mulher com jaramalho e homem com proshaska é uma vítima indefesa nas mãos dos grandes vilões do ocidente: homens brancos, donos dos meios de produção, héteros, que ouvem Garth Brooks e Bach e frequentam a igreja aos domingos.

É uma dedicação constante dos jornalistas profissionais, artistas e celebridades para desmontar a estrutura de opressão que eles aprenderam ouvindo música do Cazuza e desenho do Pica-Pau.

Na tentativa de inverter os sentimentos morais das pessoas comuns, os progressistas, que infestam as redações de jornal, desdobram-se para criar as narrativas que vão justificar sua ideologia. No Fantástico do penúltimo domingo, o tiro saiu pela culatra.

Drauzio Varella, médico e celebridade global, fez uma reportagem para mostrar como as transexuais sofrem com a solidão nos presídios. Escolheu um travesti chamado Suzy, que não recebia uma visita há oito anos. Drauzio fez o que a reportagem pedia: tratou Suzy como uma vítima do preconceito que atinge a comunidade trans.

A notícia foi amplamente divulgada e recebeu o destaque da lacrosfera e da isentolândia. Melhor ser humano possível, pensaram os puritanos de palanque.

Acontece que a solidão de Suzy não é bem por preconceito e sim porque ele é um assassino covarde. Suzy, ou Rafael Tadeu de Oliveira Santos, está na cadeia por ter estuprado, matado e ocultado o corpo de um garoto de 9 anos. 

Coube à indignação orgânica das redes sociais revelar a farsa montada pelo Fantástico. Se a solidão de Suzy, que não recebia uma visita há oito anos, fosse em virtude de sua condição de trans, o gesto seria mesmo louvável. É isso que esperamos de indivíduos dotados de algum sentimento moral. Se Suzy houvesse roubado alguém ou algum estabelecimento, se tivesse se metido numa briga, a sensibilização do doutor seria até justificável, embora a glamourização do criminoso seja um dos motivos nefastos que leva o país a um caos jurídico eterno.

Rafael Tadeu não é nada disso. Ler o que consta nos autos do processo não é uma tarefa fácil. O estômago revira, sobe um gosto amargo empaca em nó na garganta. É um crime hediondo, terrível. Custo a acreditar, mas na melhor das hipóteses, a produção da reportagem foi irresponsável ao deixar de averiguar por qual motivo o travesti estava ali há tanto tempo sem visita. Na pior das hipóteses, o Dr. Drauzio foi metido numa confusão dos diabos.

Os desdobramentos e a desculpa de Drauzio e da Globo merecem análises a parte. Vou focar em personas que reverberaram o caso, tratando a indignação nas redes como demonstração cabal de falta de empatia, de amor e de falta de virtudes cristãs.

 

A indecência mental 

A repercussão do caso exemplifica o que Burke dizia de Rousseau: ama a humanidade e odeia o próximo. A claque esquerdista saiu em defesa do gesto de Drauzio. Alegaram até falta de virtudes cristãs por parte de quem achou a cena bizarra. Mas os ungidos porta-vozes da misericórdia de festim são os mesmo que deixam de falar com pai e mãe por causa de política. 

O que importa é o discurso, não a atitude. Bradam contra um inimigo imaginário enquanto tecem loas à distância a tipos cruéis e sanguinários. Algum esquerdista já foi abraçar o colega de sala que ele acha que é fascista? 

 

Tipos inesgotáveis

Joel Pinheiro é dessas figuras que só a anarquia mental e moral do ocidente pode justificar. No seu Twitter, para surpresa de ninguém, disse a mais sorrateira das bobagens sobre o episódio. 

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Não entrarei em pormenores teológicos, mas fico na dúvida se o liberal (cê curte?) Joel não se coloca como um inimigo pessoal de Jesus Cristo. Creio que o garoto não deve perdoar o Filho de Deus por ele ter, cerca de dois mil anos antes, trazido a Verdade ao mundo.

Joel é um caso exemplar de burrice pungente. É um troca-tintas cuja única qualidade é ser filho de um economista de renome. Só para constar, renome, no Brasil, não possui significado nenhum. Veja o exemplo de Zelia Duncan, uma cantora de renome.

Parafraseando Laurence Sterne, eu gostaria muito que os pais de Joel houvessem dado mais atenção ao que faziam no momento em que o conceberam. O resultado deixou muito a desejar. 

E Vera Magalhães, nossa querida Vera, embananou-se toda na hora de defender Drauzio. Pediu que o deixassem em paz, pois ele não era candidato. Os dois neurônios ainda ativos na sede dos seus pensamentos devem ter muita dificuldade de comunicação. É a dialética nevrálgica em estado puro. Um neurônio diz isso, o outro, aquilo. E assim, tudo o que Vera consegue são ímpetos desencontrados. 

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Vera é muito palavrosa para a pouca intimidade que tem com o idioma pátrio. Quanto mais Tico e Teco se digladiam dentro do seu crânio mais nossa jornalista profissional se põe a tuitar. Empatia mesmo seria se alguém do círculo íntimo de Vera a alertasse dos excessos que comete nas frases obtidas a golpes de martelo. 

É desonroso o ponto em que certas figuras públicas chegam quando sua inveja velada se converte em despeito irracional. Como diria Antonio Torres, descrendo do próprio esforço para lutar e vencer honestamente, acham mais comodo transforma-se em satélites opacos de figuras insignificantes em si, mas dotadas de certa capacidade de ação nos círculos suspeitos que as toleram.

Vera encontrou amparo no governo de São Paulo. Joel, desde muito molecote. 

 

Empatia de festim

Essa tomada de consciência misericordiosa por parte da esquerda não engana ninguém. Levantaram até o nome de Ustra. “Quem defende Ustra não tem moral para condenar um estuprador e assassino de crianças”, dizem. A comparação é, no mínimo, desastrosa. 

A saída impetuosa de bobagens da boca de esquerdistas não deveria causar espécie a mais ninguém, mas, nesses tempos de intelectos insolentes, não se pode descuidar.

Ou alguém mencionou também os crimes de Stalin e Mao para aludir que se deve perdoar os piores assassinos?

Então a turma que acha que Jesus foi uma alegoria de carnaval tá querendo dar lição de cristianismo? 

caridade crista

O sentimento de justiça está ligado intimamente ao sentimento de misericórdia. Só no mundo socialista, desalmado até o último fio da sovaca, que esse tipo de sentimento não existe.

Não perdoaram nem os pais, mas querem que perdoemos psicopatas. Não vai dar.

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Assuntos:
Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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