É simplesmente ridículo dizer que o PT não tenha interferido na Polícia Federal
O argumento central de Moro é que nem Dilma teria interferido em operações da Polícia Federal. É um ponto que nem isentões conseguem passar pano para Moro
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Há um fato da vida nacional que não tenta ser negado nem sequer pelos negacionistas do mensalão é a interferência do PT nas investigações da Polícia Federal. Mesmo Petra Costa, a cineasta de vermelho da Andrade Gutierrez, cita a famosa cena do “Bessias” que foi um dos epicentros do impeachment de Dilma Rousseff.
Pelas ironias do tempo, foi o então juiz de primeira instância em Curitiba, Sérgio Moro, quem liberou ao público o áudio captado pela Polícia Federal. O que a Polícia havia descoberto era algo gravíssimo, que só poderia ser evitado com conhecimento do povo: a manipulação feita pelo PT para evitar a prisão de Lula.
Dilma nem disfarçava: queria colocar Lula como ministro da Casa Civil para lhe dar foro privilegiado. Desta forma, assim que um dos crimes de Lula exigisse prisão preventiva, aí sim se usaria o termo de posse como ministro. Só em caso de necessidade. Alguém aí já viu ministro que é empossado em caso de necessidade?
Hoje, Sérgio Moro afirma que apenas Bolsonaro “interferiu” em operações da Polícia Federal. O discurso contradiz declaração sua ao Roda Viva de janeiro, quando negava que Bolsonaro tinha qualquer interferência em operações da PF. No seu Twitter, pós-demissão, Moro acusou Bolsonaro de “assediar Valeixo para ser substituído desde agosto do ano passado”, seja lá o que signifique ser “assediado para ser substituído”.
Adicione-se que Sérgio Moro interpreta ele próprio algumas mensagens que usou como “prova”, como uma crítica de Bolsonaro a um inquérito inconstitucional do STF. Bolsonaro, que, pela lei, não precisa prestar contas de suas indicações para a Policia Federal, ainda assim preferiu combinar um nome com Moro. Quando Moro não concordou, afirmou ter sido uma “interferência”, o que até o presente momento ainda não provou – e é estranho vazar mensagens que causem uma impressão para a mídia, mas que sejam juridicamente irrelevantes.
Mais do que isso: Moro ainda fez um certo elogio a Dilma em seu discurso que tanto agradou o centrão e isentões: fazendo uma comparação, disse que seria impensável, por exemplo, que a presidente interferisse no andamento de uma operação da Polícia Federal.
Dilma. A do Bessias.
Não é apenas que Lula e Dilma (e Temer, e FHC, etc etc) manipularam a Polícia Federal. Praticamente eles dominaram a Polícia Federal – muito mais nas altas instâncias que destruíam o trabalho do baixo clero. O próprio destaque simbólico que Sérgio Moro alcançou no Brasil foi justamante por ter conseguido furar um sistema que, na última jarda, nunca prendia políticos. Moro é um símbolo anti-corrupção justamente por enfrentar a interferência partidária na Polícia Federal.
Com todo respeito, mas o ex Ministro Moro só podia estar brincando ao afirmar que governos anteriores não fizeram pressão sobre Instituições e sobre a PF. A propósito há 10 anos cai por investigar dossiês e crimes de estado qdo era SNJ/MJ. Lembrem tbm de Paulo Lacerda e outros.
— Romeu Tuma (@tumaoficial) April 25, 2020
O discurso de Sérgio Moro simplesmente não encontra qualquer respaldo na realidade. O próprio romance/filme Polícia Federal: A Lei é Para Todos, que tem Sérgio Moro como personagem, mostra como a Polícia Federal precisou enfrentar forças gigantescas e agir com heroísmo único, porque, afinal, quem controla o sistema (na época, o PT) tinha muita influência sobre a Polícia Federal.
Se as notícias acima já chamam atenção, que tal esta, lembrada por Romeu Tuma Jr, que inclusive tem como um dos coadjuvantes o homem que Sérgio Moro defende aguerridamente no comando da Polícia Federal? Seria de bom alvitre o agora ex-ministro ser formalmente questionado sobre sua opinião sobre uma viagem secreta de Cardozo, que foi ao encontro de Maurício Valeixo. Talvez também seja o caso de saber como isentões possam defender Moro nessa.
O ex Ministro Moro disse que governos anteriores não interviram na PF e nem pressionaram a Lava Jato. Faltou-lhe memória ou faltou com a verdade. pic.twitter.com/DtAbvZGr4P
— Romeu Tuma (@tumaoficial) April 26, 2020
O controle do PT não apenas sobre a Polícia, mas sobre o sistema, era tão grande e grotesco que o AGU, o Advogado Geral da União, José Eduardo Cardozo, atuou como Advogado de Dilma Rousseff durante o impeachment, sem um muxoxo de reclamação, fosse do STF ou de quem quer que seja que pudesse modificar esta excrescência – ainda mais para uma presidente acusada de crimes contra a União.
Sérgio Moro fala como se Cardozo, e todo o sistema que a Lava Jato precisou desbaratar estivesse ajudando a prender corruptos. Como se Lula e Dilma tivessem ficado de braços cruzados, sem interferir no andamento das Operações – quando podemos lembrar, há 5 anos, como também enfrentamos uma turbulência histórica que ainda não foi relatada em livros (urge!) com notícias mirabolantes capazes de mudar nosso futuro de manhã, de tarde e de noite (você conseguiu ler algum livro em paz em 2015?).
Até mesmo as conversas que manteve com o procurador Dallagnol foram entendidas como “mal necessário” justamente porque ambos sabiam que tinham de lutar contra o sistema por dentro para se conseguir prender corruptos – e Moro tem verdadeira amizade por Dallagnol, e queria na PGR o procurador progressista que elogiava Glenn Greenwald enquanto este último lia suas mensagens privadas. Hoje, Moro também adere ao modelo Verdevaldo e publica mensagens privadas inocentes como se fossem criminosas.
Curiosamente, Sérgio Moro conversava com Dallagnol, e nós entendemos, dada a situação do Brasil, mas acha um “crime” Bolsonaro pedir relatórios, desconhecendo que um presidente, bom ou ruim, sempre trabalha com informações policiais – e não vai existir STF que diga que relatório é crime. Moro ainda nega que outros presidentes tenham interferido. Esperamos não estar testemunhando o gênese do moropetismo.
Moro é um mito simbólico para o Brasil pelo seu combate à corrupção e por ter prendido o maior bandido do país, Luiz Inácio Lula da Silva. Todavia, a narrativa que está colocando contra Bolsonaro é, na mais branda das hipóteses, falsa até o momento. Precisaremos de elementos que corrijam suas contradições e suas falhas recentes para acreditar em sua versão dos fatos.
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