Podemos fazer uma coluna xingando ministro Daquele Tribunal?
Mariliz Pereira Jorge fez uma coluna inteira na Folha só com xingamentos a Bolsonaro. E se fizesse o mesmo com ministros Daquela Corte lá?
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O grande Leandro Ruschel lançou uma dúvida encafifante. Mariliz Pereira Jorge, uma colunista da Folha que ninguém que não acompanha programa da Fátima Bernardes sabia quem era há 2 anos, fez uma coluna inteira xingando Bolsonaro. Pode fazer o mesmo com ministros Daquela Corte?
A dúvida é cruel e hamletiana. De fato, ela nos dá um nó não apenas ético, não apenas filosófico, mas jurídico e talvez até mesmo ontológico. Pode ou não pode?
Porque o que mais vimos no Brasil recentemente foi uns 40% do país xingar o presidente Bolsonaro de genocida, fascista, nazista – isto nos comentários mais elevados e educados. Polidez a la Downton Abbey. No normal da vida, dá impressão de que Bolsonaro é pior do que a peste chinesa.
E tudo isto com a maior naturalidade do planeta. Tem governador aí que aumentou verba (!) de publicidade (!!) para aboletar em TV jornalista apaniguado, enquanto sua população morre (e a culpa é, naturalmente, do Bolsonaro). Você liga nas rádios e TVs que ele controla, e é xingamento ao presidente hora sim, hora também. Normal, democrático, uhuuu.
Agora, se você faz uma crítica ao Tal Tribunal, se você discorda de uma decisão dos Lagostíssimos, se você acha anti-democrático (ora bolas!) julgar de ofício, ser julgador, investigador e suposta vítima ao mesmo tempo (isto só acontecia na Alemanha nazista e no totalitarismo soviético, cazzo!), se você critica mudança esquisita de datas em documentos (escondendo o quê?), se você acha anormal nem advogado ter acesso integral ao inquérito que investiga e já faz busca e apreensão na casa do seu cliente, se você acha que tudo isto fere o Estadodemocráticodedireito…
Aí o nazista de extrema direita da milícia virtual do gabinete do ódio é você!! E você que é o perigo para a democracia!!!
Não sabemos mais qual a lei do Brasil, se é que o Brasil tem lei, e não vontade de gente poderosa.
Será que seria chamado de ataque coordenado às instituições democráticas? Será que seria investigado de maneira completamente atípica em “inquérito de atos antidemocráticos”? Porque o presidente do tal inquérito elogiou a Folha da Mariliz Pereira Jorge. A mesma que xinga a outra instituição, a do Executivo. O inquérito foi criticado até pela ONU (!), mas, no Brasil, jornalistas (da Folha e de outros lugares), adora citar seus inimigos aplicando a adjetivação: “fulano, que é investigado no inquérito de atos antidemocráticos…”.
Ou seja, ser vítima de um inquérito no qual o investigador, o julgador e a suposta vítima são a mesma instituição é considerado… uma prova de que você que é um problema para a democracia! Como são geniais e democráticos nossos jornalistas!
Pode xingar igual a Mariliz Pereira Jorge fez, é da democracia? Ou aí é nazismo? Gostaríamos de saber. Perguntar não ofende. Quer dizer, esperamos não ser mandados para a cadeia como as pessoas mais perigosas do país por isso. Por favor, Digníssimos, temos filhos para alimentar.