Você é contra ditadura? Mas contra MESMO?
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O pronunciamento do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que dedicou seu voto a favor do impeachment ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, como “o terror de Dilma Rousseff”, ainda causa celeuma. Além das redes, onde Bolsonaro é figura carimbada, o voto de Bolsonaro fez com que a OAB carioca protocolasse pedido de cassação do mandato do deputado.
Não se sabe ainda qual exatamente o motivo. Uma razão possível seria a cusparada que o socialista ex-BBB Jean Wyllys lhe dedicou, e ele fascistamente não se forçou a ser atingido.
Mas talvez a OAB se atenha à letra de lei e critique o fato de o deputado ter homenageado o coronel Ustra após deputados homenagearem o terrorista Carlos Marighella, autor de um manual do guerrilheiro com capítulo especial sobre execuções, que usava carros-bomba que explodiam inclusive civis, como terroristas modernos. No Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, onde ficava o Consulado Americano, o jovem Orlando Lovechio, então com 22 anos, teve uma perna amputada pela primeira bomba da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização de Marighella.
Ou o assaltante de bancos, assassino, seqüestradore outras coisas Carlos Lamarca, que matou lentamente junto com seu grupo o tenente da PM Alberto Mendes Júnior com coronhadas de fuzil, após torturá-lo.
Ou então o escorregadio Luiz Carlos Prestes, comunista da velha guarda (não os jovens, sonháticos e atrapalhados terroristas de esquerda que faziam guerrilha contra a ditadura militar para instaurar a ditadura do proletariado em modelos leninistas-stalinistas com apoio moral de Cuba, mas um comunista que era treinado pela própria União Soviética), que só na intentona matou 33 pessoas. Stalinista e posteriormente maoísta, só faltou Kim Il-sung e Pol-Pot como ídolos. Embora seu partidão comunista até hoje idolatre até a eterna dinastia de totalitários da Coréia do Norte.
Ou o ditador Getúlio Vargas, que se inspirava no nazismo (e é inspiração de Lula), que torturou e matou muito mais do que toda a ditadura militar junta, mandava homossexuais para campos de concentração e criou nossa legislação trabalhista, a CLT, de onde se fala hoje em “conquistas trabalhistas”, inspirando na fascista Carta del Lavoro, de Benito Mussolini (nada de “fascismo” como xingamento, aqui é fascismo original, camisa parda, Estado total etc).
Vargas, aliás, manteve relação com os nazistas, entregou a mulher de Prestes a Hitler (coerência não é o forte da esquerda) e, se não fosse uma manobra americana, teria feito o Brasil ser aliado do Eixo na Segunda Guerra. Fascismo o suficiente?
Ou ainda o tiranete Che Guevara, racista que dizia que negros não deveriam esperar nada da Revolução Cubana (Cuba possui 88% de população negra, qual foi o último membro do governo negro que você viu em Cuba?), que fuzilava crianças, matou um jovem por comer um pedaço de pão, também mandava homossexuais (e cabeludos e roqueiros) para campos de concentração, matou sozinho mais do que toda a nossa ditadura militar, chamava Stalin de “papai” e afundou tanto a economia que foi expulso pela própria Revolução que liderou.
Enfim, a OAB parece ter reclamado de o deputado Bolsonaro homenagear o coronel Ustra, que foi acusado por uma testemunha em primeira instância de ter reconhecido sua voz e, graças a isso, é chamado de “torturador”.
Você já viu um motor à combustão de um carro? Certamente sabe ver um carro em funcionamento e entender que algo o faz se mover, mas apenas os especialistas em mecânica sabem deslindar todo o processo do que ocorre diante de nossos olhos. O mesmo vale para tudo, inclusive para a política.
Vemos muitas coisas, mas só conseguimos trabalhar racionalmente com o que estudamos e apreendemos da realidade racionalmente, formando algo mais do que dados sensíveis da realidade cujo funcionamento não captamos, mas vivemos muito bem sem entendê-los (até hoje não sei como um teto pode não cair na nossa cabeça com tão pouca conexão com a parede, por que o gás do fogão fica sempre perto da boca, ao invés de ir queimando tudo até a última ponta e só há pouco descobri como a parte grande da chave passa pela parte pequena da fechadura).
É o que a filosofia perene, calcada em Platão, Aristóteles, Agostinho e Aquino (também chamados de os Filósofos) chama de esquematologia, a forma como criamos hierarquias mentais a partir da realidade.
Sem um termo não apenas claro, mas de uso freqüente, para se assentar na memória, vemos a realidade como um não-mecânico vê um motor de automóvel (ou um comum-mortal olha para um quadro de Rembrandt ou Claude Lorrain). Assim é que se dá a nossa política, não importa quantos sobrenomes famosos e faculdadezinhas de Jornalismo façam nossos colunistas, comentadores, repórteres e demais membros do palpitariado político brasileiro.
Acompanhar o devir histórico, as forças políticas, o motor de uma Ferrari F2002 ou o curioso e complexíssimo efeito de luz do Mortlake Terrace de Turner: algo que podemos ver e até nos admirar, mas não podemos trabalhar mentalmente, criticar, avaliar, apreender, evoluir, desconstruir, reformar, consertar, reconfigurar, nem mesmo imitar.
Mal conseguimos fazer isso com as infernais atualizações do Windows, que dirá com estas obras primas da complexidade humana. Falta-nos técnica. Noções básicas. Conceitos fundamentais. Princípios sólidos. Fins e fins últimos.
Entretanto, graças à fábula da “representação democrática”, qualquer um acha que pode palpitar sobre política. Que entende a técnica. Que sabe esquematizar noções. Que sabe diferenciar à perfeição um conceito de outro. Que averiguou a fundo os princípios terçando armas. Que conhece os fins últimos até mesmo daqueles que mais buscam escondê-los, ou que nem sequer o apreenderam para si próprios.
No caso da história, como se vê, nem sequer os personagens são conhecidos. Basta que Bolsonaro vá à tribuna para todos os jornalistas já se aboletarem e se acotovelarem para serem os primeiros a criticar, quando nem mesmo sabem algo a respeito dos personagens desta trama, que dirá de seu enredo.
Ustra, que foi ainda menos “condenado” do que as contas de campanha de Dilma Rousseff (contra ele, há uma testemunha interessada no caso, que hoje está negando os crimes de Dilma; contra Dilma, há números, tribunais com juízes indicados por ela própria, leis e mais leis infringidas uma atrás da outra), é imediatamente chamado de “torturador” por quem nunca estudou história, senão o discursinho pronto e irrefletidamente repetido do Ministério da Educação, que nos faz amargar os resultados mais pífios de educação no mundo (a conexão entre um e outro também exige um traquejo com noções muito acima da capacidade dos palpiteiros de Facebook e colunismo jornalístico). A mera idéia de averiguar a verdade do seu processo nunca é aventada, quando o de Dilma, muito mais avançado e factual, é posto em xeque por eles a priori e a posteriori.
Enquanto chamarmos a ditadura militar simplesmente de “ditadura” (saboreie por uns minutos a força emotiva desta palavra, sobretudo num jantar de família com sua vovózinha), sem que nunca ou quase nunca as expressões “terrorismo de esquerda”, “guerrilha comunista” ou “ditadura do proletariado” sejam colocadas não apenas como inimigas, mas como causa da ditadura, que nunca teria existido se não fosse a existência de comunistas assassinando pessoas nas ruas antes do golpe de 1964, a esquerda vai continuar podendo acusar qualquer um de “ditador”, para a seguir homenagear Lamarca, Marighella, Che Guevara, Vargas e Prestes (tudo junto e misturado, sem picles e embrulhado pra viagem, sem nunca formar uma noção, que dirá um conceito) sem medo de ser feliz e sem receber uma notinha mínima de crítica em jornal nenhum.
Enquanto não forem palavras realmente usadas pelas pessoas, as pessoas “morais”, com sua moralidade terceirizada pela Globo News e pela Folha, vão continuar sempre condenando alguém com menos acusações nas costas, para defender ou nem enxergar o horror da defesa explícita do terrorismo, do totalitarismo, da morte e tortura de inocentes. Palavras usadas apenas tecnicamente não perfazem uma noção de realidade.
Para não falar das ditaduras aliadas do PT – algumas de pé desde a ditadura militar. Multiplicados por 100, os mortos de nossa ditadura não chegam aos pés de nenhuma delas.
É incrível ver como pessoas se dizem “contra a ditadura” e recusam até mesmo a existência de Jair Bolsonaro, mas nunca se ofendem, se incomodam, nem sequer percebem o horror que é ver a defesa de assassinos, seqüestradores, torturadores, tiranos, genocidas e psicopatas declarados se eles não forem os nomes que seus professores e jornalistas preferidos mandaram que eles odiassem sem parar.
Alguém precisaria avisar a OAB disso – embora a mera existência de um “Partido Comunista”, ou do paradoxal “Partido Socialismo e Liberdade” discursando livremente já faça água demais no barco que tente atingir alguma verdade, ao invés de algum sentimento de manada.
Jair Bolsonaro merece sim um belo puxão de orelha por citar o coronel Ustra num momento em que ele nem tinha de aparecer – que dirá ter de ser ele o escolhido para ser citado nos 10 segundos a que tinha direito. Mas ainda falta ver quando veremos o mesmo comportamento quando se defende coisa muito pior sem gerar nem um memezinho de internet.
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