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Anitta deve mesmo ser mulher do ano de 2017 – Não foi um ano muito inteligente

Anitta deve mesmo ser lembrada como "Mulher do ano" de 2017 no lugar das verdadeiras heroínas de 2017. Foi um ano de lacre sem conteúdo.

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Anitta mostra a bunda

Anitta, a cantora, causou celeuma ao estampar manchetes onde se lia: “Anitta é eleita ‘Mulher do Ano’ por revista”. Todos, ao se chocarem com o título, pensaram que uma escolha incrivelmente mais sensata seria Heley de Abreu Silva Batista, da creche em Janaúba, no norte de Minas Gerais, que deu sua própria vida para salvar seus alunos de Damião Soares Santos, que ateara fogo ao seu próprio corpo e abraçava as crianças da creche para matá-las com ele.

Nós mesmos havíamos dito que Heley Batista deve ser considerada uma heroína nacional, por mostrar que há valores maiores até mesmo do que nossa própria vida. Heley Batista deixou marido e três filhos – entre eles, um bebê com apenas 1 ano.

Com um exemplo como esse, por que escolher Anitta como símbolo de 2017? A resposta se dá quando se responde a outra pergunta: qual revista deu o prêmio de “Mulher do Ano” para Anitta? Trata-se da QG Lifestyle da Globo, uma revista, digamos, “masculina” (sic) dessas que, bem, dá um prêmio de mulher do ano para Anitta.

Não é exatamente algo fora dos padrões. Como definiu Nassim Nicholas Taleb em Antifrágil, nossa reputação depende de sermos elogiados por pessoas admiráveis, mas também de sermos criticados (ou esquecidos e ignorados) por quem não merece senão pena.

2017 foi o ano de maiores tensões por questões superficiais, no nível pele, em décadas. Não é um ano a ser lembrado pelas suas grandes virtudes, e sim, como 1917, 1933 ou 1968, por ser o ano de uma minoria pedante  ganhando poder através do siricutico. Foi o ano do lacre. O ano da milionária pelada dizendo que sofre preconceito, o ano da música que, dos dois acordes, passou às duas sílabas, o ano da poderosa global falando em revolução feminista, o ano da sinapse de frase de efeito.

Alguém pode ser melhor do que Anitta para representar 2017? Ao ficar sabendo do prêmio, a apresentadora (ou essa é cantora? whatever) declarou: “Quando soube que seria eleita a Mulher do Ano da GQ parei para recapitular tudo que fiz em 2017 e só assim me dei conta de quanta coisa aconteceu”. Recapitulando, vimos a cantora semi-nua lacrando feminismo o ano inteiro, entupindo a conta bancária por isso.

Como se lembrar de nossas heroínas nessas horas? Em tempo, Anitta acompanhará Isabeli Fontana, Grazi Massafera, Maria Casadevall, Isis Valverde, Tatá Werneck e Taís Araujo, as premiadas anteriores. Como colocar heroínas neste rol?

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Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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