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Problematização

Problematizaram um semáforo com cílios

Em Curitiba, adicionaram cílios a 41 semáforos da cidade em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres. Sociólogas problematizaram e o G1 ainda divulgou.

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Semáforo com cílios em Curitiba

O governo do Paraná e a prefeitura de Curitiba fizeram uma ação conjunta para a homenagem à data leninista do Dia Internacional da Mulher: colocaram cílios em 41 semáforos no Centro Cívico da capital paranaense. Segundo o G1, a instalação “gerou polêmica nas redes sociais”. Traduzindo: todo mundo deu risada, mas um grupo de meia dúzia de sociólogas problematizou. Um semáforo. Com cílios.

Puta.

Que.

Pariu.

A ação feita para chamar a atenção sobre o “olhar feminino” (toda piadinha vira uma cagalhada quando você tenta explicar até com um trocadalho passável) foi criticada pela “mestre em sociologia” (o que fazem? como vivem? por que querem nosso dinheiro?) Darli Sampaio, que afirmou que o semáforo com cílios “é uma visão maquiada dos problemas enfrentados pelas mulheres”.

Tia. É um semáforo. Com cílios. Só, mano. Sério.

Pra quem quer saber o que raios faz alguém que se apresenta como “mestre em sociologia” sem vergonha de querer disfarçar e trocar por algo como “sommelier de crack” pra pegar melhor, a mestre em sociologia prossegue:

“É um cílio estilizado. Um olhar feminino maquiado e sensualizado. Como se a mulher tivesse obrigação de, além de dar conta de uma infinidade de coisas cotidianas, ainda tivesse que estar bela e maquiada, dentro de uma norma”, analisa.

Convenhamos que um semáforo com cílios é mais sexualmente atraente do que uma mestre da sociologia. Mas não conseguimos realizar em que realidade paralela um cílio é uma maquiagem. No máximo, pro Esperidião Amin.

E tome problematização tão embebida em clichê de DCE que já vem tocando Planet Hemp:

“Esse é um dia de luta e resistência. Seria bom que a sociedade olhasse realmente para as mulheres. Na história humana, nenhuma sociedade tratou suas mulheres tão bem quanto trata os homens”, diz Darli.

Pergunte pra Darli, a mestre, se ela passou pelo alistamento militar obrigatório, se aposenta 5 anos depois, vai pra guerra, é vítima de quase 90% dos homicídios do país que mais mata no mundo, é maioria em profissões com mais risco e até em suicídio. Ou ser mestre em sociologia não envolve saber disso?

Já para a outra mestre em sociologia Camila Galetti, “a ação passa pela ideia preestabelecida de feminilidade e da posição que a mulher ocupa na sociedade”.

Mano, é um semáforo com plástico imitando um olho! Você vê, dá uma risadinha, engata a primeira quando o bagulho fica verde e segue a vida pra fazer alguma coisa de útil… ah, esquece, você é mestre em sociologia, que que eu tô falando, meu Deus do Céu.

Quer mais um monte de palavras acadêmicas juntadas no porrete sem a menor preocupação em sair do ponto A do pensamento pra chegar ao ponto B? Tome problematização:

“Ações que problematizem e tragam reflexões quanto às violências, ao machismo e todas as situações que as mulheres passam cotidianamente, que deveriam ser visibilizadas no dia 8 de março, não estão sendo feitas”, diz.

E COMO VOCÊ QUERIA TRAZER REFLEXÃO SOBRE VIOLÊNCIA E SITUAÇÕES DO COTIDIANO NUM SEMÁFORO, CRIATURA DE DEUS?!?!?!?!

Sério, que você faz? Acorda, abre o G1, liga o Twitter, olha pra algo como uma lata de lixo ou a cor do céu, e começa a esmurrar as teclas até adquirir um tom esverdeado de pele e começar a espumar: “É preciso refletir na problematização do espaço comum da mulher alijada do seu lugar de fala numa sociedade de produção falocêntrica de dinâmicas machistas sem lugar para o outro” e, quando perguntarem do que caralhos estamos falando, dar uma titubeada com a gíria da moda, mascar chiclete, olhar pro lado e dizer “aborto”?!

Pro leitor que acompanhou a problematização até aqui e está se perguntando “Mas que porra que eu tô perdendo tempo até agora com algumas sociólogas problematizando um semáforo com cílio, caralho, como eu consegui decair tanto nesta minha inútil passagem por este Vale de Lágrimas?!?!”, questão pertinente para a qual não temos a mais remota chance de resposta, resta saber quanto do meu, do seu, do nosso dinheiro está alimentando esses mestrados de gente problematizando semáforo com cílios.

Aliás, pode fazer homenagem às mulheres no dia das mulheres destacando algum aspecto que lembre uma mulher? Não, é machismo! Senta que vão carcar problematização até o talo sem vaselina:

Segundo ela, os cílios nos semáforos são uma visão machista do que é ser mulher e evidenciam o retrocesso que as pautas de lutas das mulheres têm enfrentado atualmente.

SÃO SEMÁFOROS COM CÍLIOS!!! Mas que porca miséria, que raio de retrocesso em luta de mulheres com machismo pode haver numa porra dum semáforo te dando bom dia com uma piscadinha?! Já sei: o semáforo feminino certamente faz parte da cultura de estupro e roubou o lugar de fala! Acertei?

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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