Digite para buscar

Aos inimigos, o fact-checking

Checando os checadores: a Agência Lupa marcou como falsa uma matéria copiada da Folha de S.Paulo?

E ainda se recusou a enxergar falsidade semelhante no trabalho do jornal paulistano

Compartilhar

O Brasil saiu para trabalhar no 3 de abril de 2018 com a expectativa de viver os maiores protestos desde aqueles que exigiram o impeachment de Dilma Rousseff anos antes. A motivação, contudo, era outro petista. Conforme antecipava o colunismo político, o STF se preparava para conceder um habeas corpus a Lula, garantindo-lhe não só liberdade, mas a possibilidade de rasgar a Lei da Ficha Limpa e, mesmo condenado, disputar um terceiro mandato presidencial.

Contudo, ainda na madrugada, um tweet da Folha de S.Paulo assustou os usuários da rede social, uma vez que dizia com todas as letras: “protestos levam cúpula militar a avaliar adoção de estado de sítio“. Apenas ao se clicar no link e se prosseguir com a leitura era possível confirmar que se tratava de uma notícia ocorrida 50 anos antes – republicada como efeméride.

O Wayback Machine conseguiu capturar a versão do próprio 3 de abril e, nela, é possível confirmar que não existia na chamada o “1968” que seria inserido após o o jornal ser acusado de espalhar “fake news” nas redes sociais. Há ainda outros sintomas: o tweet original não cita o ano da notícia, assim como a URL não possui tal informação, evidenciando que findou corrigida somente após a publicação.

Screenshot da versão original da notícia (clique para visitar)

Apenas na noite de 3 de abril, a Agência Lupa, que desenvolve trabalhos em parceria com a Folha de S.Paulo, dedicou uma checagem à cobertura dos protestos. Em dado momento, marcou como “falso” uma notícia de um site chamado “Notícias Brasil Online” cujo título seria: “Diante do cenário de protestos pelo país, governo federal já admite a declaração de estado de sítio no país”.

O problema? O tal título era justamente o subtítulo da matéria da Folha de S.Paulo. E o conteúdo era simplesmente uma cópia idêntica ao que o jornal havia publicado na madrugada anterior aos protestos.

Ora… Se o Notícias Brasil Online publicou uma notícia falsa, e essa notícia era apenas uma cópia do que a Folha de S.Paulo havia publicado, a Folha de S.Paulo também havia publicado uma notícia falso, certo?

Mas a Agência Lupa não entendeu assim. Provocada a se pronunciar, alegou que o “1968” – inserido após toda a confusão – no título da Folha a redimia da desinformação compartilhada.

A agência poderia, portanto, ter ajustado a checagem para explicar aos leitores que se tratava de uma matéria copiada de um jornal parceiro. Contudo, um mês e meio depois, o conteúdo seguia inalterado.


Siga o autor deste texto no Twitter ou Facebook. Contribua em nosso Patreon ou Apoia.se e tenha acesso a conteúdos exclusivos!

Consiga uma vaga de emprego ou melhore seu cargo fazendo seu currículo no CVpraVC!

Faça os cursos de especiais para nossos leitores de neurolinguística empresarial e aprenda a convencer e negociar no Inemp, o Instituto de Neurolinguística Empresarial!

Conheça o curso Introdução à Filosofia Política de Olavo de Carvalho, ministrado por Filipe Martins na plataforma do Instituto Borborema. Conheça também o curso Infowar: Linguagem e Política de Flavio Morgenstern.

Faça sua inscrição para a série Brasil: A Última Cruzada, do Brasil Paralelo, e ganhe um curso de História sem doutrinação ideológica por este link. Ou você pode aproveitar a promoção com as duas temporadas por apenas 12 x R$ 59,90.

[amazon asin=8580331978&template=iframe image2][amazon asin=8595070245&template=iframe image2][amazon asin=8520941559&template=iframe image2][amazon asin=854220929X&template=iframe image2][amazon asin=1621573486&template=iframe image2][amazon asin=8501082945&template=iframe image2][amazon asin=B002W3BU0C&template=iframe image2][amazon asin=8535922040&template=iframe image2][amazon asin=8580332923&template=iframe image2][amazon asin=8542208730&template=iframe image2][amazon asin=8580332680&template=iframe image2][amazon asin=B00ICQO8A2&template=iframe image2]

Assuntos:
Senso Incomum

Senso Incomum é um portal de idéias e opiniões contra a corrente de pensamentos automáticos da última moda. Apenas com uma âncora se pode navegar mais longe, ao invés de boiar à deriva. Siga no Twitter: @sensoinc e no Facebook: /sensoincomumorg.

  • 1
plugins premium WordPress