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Cuticuti do papai Stalin

O tatibitati enquanto visão de mundo

Um estudo de caso sobre a mentalidade progressista da elite tagarelante e do palpitariado nacional

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tatibitati

Recentemente, uma persona muito desimportante do mundo das celebridades desabafou, em sua rede social, que nunca viu, em seus quarenta anos, nada mais grotesco que o atual governo, tudo associado a ele, e que quem não se sentia enojado e deprimido tinha sérios problemas de caráter. Que reflexão extraordinária.

Tuite-tati

Seu nome artístico dá a medida da importância que se deve dar às suas divagações metapsíquicas: Tati Bernardi. Uma espécie de trava-línguas para quem tem a língua presa.

O problema é que o argumento, na melhor das hipóteses, é totalmente imbecil. 

Claro que não devemos pegar pesado com quem enxerga o mundo a partir de sua ótica disforme, no caso da moça, talvez, sob efeito de fortes psicotrópicos e, quem sabe, alguns fármacos ilegais.

Tati representa bem o pensamento em voga nos centros esquerdistas brasileiros. Gente muito bem colocada no mercado da tagarelice oficial, mais por suas posições ideológicas antimercado do que por seus méritos intelectuais, pois, como se sabe, ser de esquerda é uma lucrativa profissão.

Nada tenho contra a senhora Tati Bernardi, mas apenas contra as formalidades de uma inteligência mal construída que, no exercício de sua liberdade de expressão, lança sobre o mundo suas opiniões igualmente mal formadas. A senhora Tati tem todo o direito de expressar suas opiniões de merda, e nós, o direito de zombar delas.

Numa rápida olhada em seu perfil, mais precisamente no que parece ser uma foto sua, é possível sentir duas coisas: ou a moça mente descaradamente sobre a própria idade; ou os sinais de sua personalidade desajustada já corromperam as suas linhas de expressão.

Mas não estou aqui para analisar rugas de expressões ou uma simples mentirinha. O que me preocupa é a grande mentira que Tati conta para si mesma. 

Tati, essa pontífice empiricamente surgida da anarquia mental e moral do ocidente, como diria Antônio Torres, convenceu-se de sua importância como porta-voz dos menos favorecidos, embora, ao que parece, nunca favoreceu a própria inteligência, alimentando-a incorretamente, criando uma personalidade onde os comportamentos mais nobres se subordinam aos mais grosseiros.

Só isso explicaria o ressentimento agudo que a separou de parte da família, mais especificamente do próprio pai, por eles terem votado no presidente que ela considera grotesco. Não passa pela cabeça de Tati que grotesco, que é oposto ao sublime, é o desvio trilionário de dinheiro do povo para financiar ditaduras sanguinárias, para bancar a vida de milhares de corruptos; que sugou as reservas do país em nome dos pobres, dando tudo de bandeja à classe política dominante. 

Algumas perguntas ficam no ar:

Onde estava Tati Bernardi com seu parecer sobre o grotesco político quando o mensalão foi revelado ou quando o petrolão, muito maior e mais grave, veio a público? Jogando amarelinha, deduzo; fumando uma ervinha, suponho.

O que há de grotesco nas ações da Ministra Damares, que foi abusada e é, sem nenhum senso de misericórdia por parte dos amáveis esquerdistas, tripudiada, atacada na sua dor mais profunda? Onde está o ridículo em salvar crianças que são enterradas vivas da morte cruel? Para Tati, isso e tudo o mais do governo Bolsonaro é grotesco.

Onde está o estapafúrdio nas ações do ministério da economia que está tirando o país da UTI financeira? E qual o ridículo nos convincentes números da diminuição da criminalidade que afeta diretamente a classe mais pobre? Tati ama os pobres, claro. Só não quer se envolver muito. 

Tati possui uma estrutura emocional deficiente; que surge do desequilíbrio entre o amor ao próximo e o instinto de autopreservação. Pessoas reais são falhas, dão trabalho, não respondem corretamente aos nossos desejos, nos fazem encarar verdades difíceis. Se estamos desequilibrados, afastamos essas pessoas e nos projetamos num grupo ou em vários grupos que pareçam desamparados como nós nos sentimos. É aí que surge na mente a sensação de que, juntando-se a uma causa, salvaremos a humanidade da injustiça, mesmo que, ao sair do quarto, dispensemos um bom dia ao pai e a mãe, os opressores.

E Tati não parece mesmo muito interessada na vida adulta. Em seu Twitter, vemos a profundidade de seu pensamento em axiomas deste porte: 

“A teta caída é a nova tetinha empinada. Espalhem.”

 

Ou essa pérola confessional, digna de um Santo Agostinho:

“Eu ter assistido a tanto Silvio Santos na infância talvez explique pq estou há 20 anos na terapia ainda sem sucesso. #silviosantosracista

 

Uma pessoa que possui esse senso analítico, que briga com família para fazer valer uma cosmovisão de sapato bicolor, já atravessou, na sua vida interior, tantos estágios de delinquência moral, de miséria d’alma, que é todo ele como se fosse um pântano com aparência humana¹.

Tatibitati é, segundo o Dicionário Informal, uma forma de fala caracterizada pela articulação defeituosa de certas consoantes; é rapidamente superada a menos que os adultos no meio ambiente contribuam para a sua manutenção, usando-a eles mesmos nas conversas com a criança. Em distúrbios graves de comportamento, o paciente pode reverter a esse tipo de fala.

Desculpe interromper seu Tatibitati, Tati. Mas certos assuntos não devem ser discutidos em linguagem infantil. O dia que finalmente resolver ingressar no mundo adulto, poderemos nos entender. 

¹Torres, Antônio. Prós e Contras, 1925. O texto é cheio de referências adaptadas do grande cronista e polemista. E é também uma homenagem a ele.

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Assuntos:
Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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