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Meus tipos inesquecíveis e outras trivialidades

Uma pequena exposição de tipos que acham Bolsonaro um genocida, nazista, fascista, taxidermista… Ache seu sobrinho, sua prima, aquele vizinho consumidor de ervas

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“Bolsonaro tem que renunciar! Ele tá levando o país para o buraco”, disse Lisiane Michelli, moradora de Moema. Lili é formada em moda, mas cuida da gráfica do pai. Lili compartilha fotos de cachorrinhos perdidos no seu face. Logo que ouviu no JN as más notícias, tratou de recolher tudo do escritório e se trancar em casa. Pediu pra Zezé, sua faxineira, ficar em casa. “Deixa que eu cuido de casa, Zezinha! O importante é a nossa saúde.” Lisota tá preocupada com os pedidos que diminuíram muito na última semana. Torce para que Gerson, seu gerente, dê conta dos pedidos, junto com os outros três funcionários da gráfica. Tá P da vida com a irresponsabilidade do presidente. Subiu a tag Biroliro genocida. No grupo de alunos da Faap tá todo mundo revoltado. Lisinha agora só faz compra online. Pede para o porteiro deixar tudo no capacho da porta. “O mundo todo fazendo uma coisa e esse tosco quer espalhar o vírus por aqui.” E arremata: “o brasileiro tem mais é que se foder!”

Ah! Pra alimentar os filhos, Zezé só tem dinheiro pra mais dois dias. Tá fudida!

 

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Miguel Scherer, 19, digital influencer do Instagram, empina o narizinho com aquele ar de superioridade que só os alces do Winsconsin, depois de vencerem um duelo possuem, quando a tia Telma, 63, aposentada, diz que não quer saber de comunistas no poder. – “O comunismo acabou, tia. Acorda!”, choraminga Guelzinho. Adepto do EleNão, vegano implacável, pesando 48 quilos imperceptivelmente distribuídos nos seus 1,70, Miguelito posta fotos do presidente com uma suástica gravada no testa. Odeia o capitalismo e xinga a tevê toda vez que Trump aparece na telinha. Diz que está orfão de tia e que vai lutar com todas as suas forças contra o avanço do nazismo. Guel faz stories mostrando os melhores outlets de compras em Miami.

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Janine Lafayete, 23 anos, estudante de gastronomia, não contém a raiva quando ouve o pai e o avô dizerem que na época da ditadura, mesmo nos anos de chumbo grosso, as pessoas podiam andar na rua tranquilos. Ela aprendeu com Diógenes Lúcio, 31, professor de história, formado na Uninove, que a guerrilha que lutava pela liberdade da nação foi dizimada pelos militares truculentos que amedrontavam tudo e todos por aqui. Todo dia, Nina pega carona com o pai até a faculdade e espera a mãe buscá-la. Ninoca não anda de ônibus porque morre de medo de ser assaltada.

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As provas sobre os conluios do PT com ditaduras pelo mundo pululam. Mas Thiago Serraulte Hermann, que trabalha numa Start up na Vila Olímpia e joga Vôlei aos fins de semana, jura que é com Bolsonaro que vivemos uma ditadura. Thi é viciado em séries da Netflix e xinga em todos os tuítes dos filhos do presidente. Morador do Brooklin, Thiaguinho achou melhor não ir ao aniversário do colega de firma, dia 5, no Tatuapé. ZL é foda, pensou.

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Conheça o incrível caso de Carol Rucavado, assessora de imprensa, moradora do Campo Belo/SP, amante de cervejas artesanais, frequentadora do Vila Country de quinta a domingo e especialista em nazismo e fascismo nas horas vagas.

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Conheça também Gigi Prem Beviláqua, mato-grossense, mora em Londres. Gi faz viagens de luz em seu apartamento, em Peckham, e duas vezes por ano visita o Nepal. Estuda mecânica quântica e acha que todos nós somos miragens das energias cósmicas em atrito. Está desesperada com a volta da ditadura no Brasil e ameaça nunca mais falar com o irmão fascista.

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Por fim, temos Dimas Ronaldo, comunicólogo. Didi trabalha numa ONG que protege o Boto do Cabo Verde da ação predatória da população faminta da região. Trabalha na Vila Mada e almoça todo dia num Vegan Food que custa 37,90 cada 100 gramas de alfafa. Diz que prefere ser petista do que fascista porque estudou o assunto. Lê Carta Capital e Folha de São Paulo; acha Leandro Karnal um grande filósofo. Ao descobrir que a mãe iria votar no “coiso” amaldiçoou-a e a bloqueou no Facebook. O pai também disse que iria votar no “Elenão”, mas aí preferiu calar-se para não perder a mesada.

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Rapidinhas

A credibilidade dos artistas anda tão em alta que proponho alguns slogans para empresas:

Cerveja Budweiser – Desaprovada por nove entre dez artistas!

Tv’s de alta definição Sony – Terrível contra os artistas. Contra os artistas!

Chinelos Rider – Uma boa razão para usar nossos chinelos? Os artistas usam o da concorrente.

Smartphones Motorolla – Os artistas detestam, bom sinal!

Biblioteca Municipal: Aqui, você não corre risco de esbarrar com um artista.

Garanto um salto nas vendas.

 

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Argumento para um livro distópico:

Ano 2800. Psol e PcdoB se alternam há mais de quatrocentos anos no poder.

Vivemos em cavernas e perdemos o domínio do fogo. Homens tocam punheta e mulheres, siririca.

O fedor é tanto que nenhuma força estrangeira consegue se aproximar para estabelecer contato.

Nossa mandíbula volta a crescer.

O totem com a silhueta retorcida de Marielle Franco está entregue aos cupins.

Os animais dominam a paisagem e devoram as pessoas.

Uma lei vigente desde 2678 estabelece que a única carne consumível é a humana.

Existem 27.896 dialetos.

Só existe a Rede Globo que, de meia em meia hora, culpa o avanço da extrema-direita pelo caos instalado.

Pensado bem, não é uma distopia. É apenas o curso natural da nossa história.

idiocracy-luke-wilson

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Essa quem me contou foi o amigo Evandro Affonso Ferreira:

A escritora Dorothy Parker havia tentado se matar pela segunda vez. Quando estava no leito do hospital, no apêndice de mais outra vida, convalescente, sentindo em si o peso de mais um fracasso, recebeu a visita do humorista americano Robert Benchley. Com ar sisudo, a expressão indigesta, Benchley, como quem fosse dar uma bronca na amiga, soltou:

– Dorothy, querida! Suicídios fazem mal à saúde.

dorotpark


Guten Morgen Go – Primeira Guerra Mundial já está no ar!! Conheça o conflito que moldou o mundo problemático em que vivemos em go.sensoincomum,org!

Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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