Por onde começar a estudar Filosofia?
Muitos perceberam a necessidade da filosofia para se entender a realidade e os tempos. Mas como começar a estudá-la ainda permanece uma questão difícil para neófitos
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A Filosofia começa pelas nossas questões mais profundas. Não é busca por vã erudição, nem informação para concurso público. É a confissão de que você se encontra distante da realidade por influência das ideologias nefastas, ou desgarrado dela por paixões desmedidas, em estado de confusa inquietude.
Eis que a atividade filosófica começa como uma mudança de visão, que é o ato de passar das sombras da opinião para uma disposição intelectual verdadeira. Você acha que filosofar é aprender a opinar bem? Pois não! As opiniões não têm garantia nenhuma da sua própria validade. O discurso filosófico precisa estar ligado a algo mais, um algo mais que há de ser sempre um raciocínio causal até se tornar ciência.
Uma ciência que não é a moderna técnica dos positivistas, ou seja, aquela que considera as medições e estatísticas como o único guia para o conhecimento, a moral, a “religião”. Antes, é aquela velha ciência cuja raiz são as quatro causas de Aristóteles: a matéria, a forma, a eficiência, o objetivo para o bem e para o belo.
Acontece que como as questões filosóficas vêm do nosso íntimo e as nossas preocupações são tipicamente modernas – o niilismo que embota o espírito, o feminismo que destrói a masculinidade e a feminilidade, o comunismo que se torna uma imanentização do Paraíso, a linguagem neutra que corrompe os idiomas, etc –, nós geralmente começamos pelos autores modernos: Eric Voegelin, Ludwig von Mises, Edmund Burke, quando não por manuais tão rasos, que o conhecimento filosófico se torna um solo árido.
Mas ainda que permaneça a melhor das hipóteses, nós precisamos passar pelos clássicos. Melhor, nós precisamos começar por eles. Porque para conhecer um problema, é necessário saber quando a discussão começou, quais as etapas percorridas, as dificuldades encontradas, e, finalmente, o seu estado atual.
Eis que são imprescindíveis os pré-socráticos (ler “Os Filósofos Pré-Socráticos”, de Kirk, Raven e Schofield), Platão (“Apologia de Sócrates” e “Fédon”) e Aristóteles (“Ética a Nicômaco” e “Poética”), Santo Agostinho (“Confissões” e “Cidade de Deus”) e Tomás de Aquino (“Suma Teológica”), até enfim chegar aos nossos contemporâneos que tratam daqueles temas que a tua alma anseia saber.