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Óbvio lulante

Ainda não descobriram que só votamos no PSDB por falta de opção?

Blogs e mídia insistem em associar qualquer oposição ao PT e à esquerda ao PSDB. Será que nunca entenderão o óbvio dos óbvios?

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Fidel Castro, Hugo Chávez, Fernando Henrique Cardoso

Gilmar Mendes, o ministro do STF, suspendeu o interrogatório de Aécio Neves, o ex-candidato à presidência tucano, na ação da Procuradoria Geral da República que investiga corrupção em Furnas. Gilmar Mendes também definiu que Aécio tem o direito de ouvir as testemunhas de acusação antes de ser ouvido para sua defesa.

Blogs e jornais com linha editorial à esquerda são ávidos em publicar denúncias contra tucanos, ou mesmo as batidas frases de FHC repetindo declarações esquerdistas, tentando atacar a direita. O processo chegou no auge durante o impeachment, quando uma campanha de desinformação extremamente coordenada acusou simplesmente qualquer pessoa que preferisse o impeachment de “tucana”, ou mancomunada com o PSDB.

O truque prossegue, por ser a única narrativa que a esquerda consegue tentar manter de pé para continuar acreditando em si mesma. Cada micro-nota a respeito de um tucano é divulgada aos 7 mares como um ataque à nascente direita brasileira.

Entretanto, a estrutura do argumento revela sua fraqueza: se o PSDB é usado como bucha de canhão, é por ser desacreditado. E se é desacreditado, não é porque petistas não gostam do PSDB (só petistas ligam para o que petistas pensam), e sim porque a população, mormente exatamente aquela que apoiou e apóia o impeachment, também detesta tucanos. Diga-se, foram muitas notícias que mudavam a cada 12 horas no ano do impeachment, o PSDB recusou-se a apoiar o impeachment nos primeiros atos do povo nas ruas pelo país, sendo chamado de “traidor” por meses.

Ou seja, a mídia e os blogs insistem numa narrativa suicida, que só convence aos próprios militantes petistas: a de que os quase 70% de pessoas do país que apoiaram o impeachment seriam não apenas caudatários de Serra, Alckmin, FHC, Aécio e quejandos: seriam verdadeiros militantes tucanos, gente que mata e morre em nome do PSDB.

Como costumam operar a soldo partidário, escondido numa rede de triangulações e “verbas de publicidade” (como se uma petrolífera monopolista precisasse de um anúncio num blog para sobreviver e vender gasolina), tais blogs têm uma visão puramente eleitoral da política, e acabam alimentando a cabeça de jornalistas de grandes publicações. Seu inimigo são adversários eleitorais do PT, não discordâncias morais, filosóficas ou ideológicas do partido. Agem apenas por poder e dinheiro, não por silogismos. Ou mesmo sinapses.

Para eles, o grande inimigo a ser imolado no altar da revolução ainda é o PSDB, sempre ao retumbantemente implícito coro de “Tá vendo, tá vendo? Ele também é corrupto!”, como se o povo cada vez mais decepcionado com a esquerda, e buscando conhecer a tal direita, tivesse heróis e “bandidos preferidos” como os petistas têm.

A idéia de usar a camiseta do Brasil, criticada como “a camiseta da CBF corrupta”, não é obviamente demonstrar que não é uma manifestação a favor de um partido corrupto rival, ou é preciso externalizar, desenhar, explicar e desenhar a explicação, como diagnostica Olavo de Carvalho?

A verdade é exatamente o oposto de tal cenário: enquanto a esquerda vota em políticos e partidos como salvadores e heróis da pátria, a direita só escolhe o mal menor. Enquanto a esquerda crê que Lula é intocável e o PT a única esperança, a direita vota com nojo, quase tapando o nariz na hora de apertar os botões na urna.

Enquanto a esquerda continuar acreditando na sua própria patacoada, numa mentira feita para engabelar petistas, e não o povo, quem sofrerá será unicamente a própria esquerda, thank God. Desde que o povo vota, desde o fim da ditadura, e ainda mais no auge das discussões políticas na internet, quando se começou a buscar novas referências e visões além daquilo que a mídia disponibiliza ao público, as pessoas só votam nos tucanos por falta de opção melhor.

Livrar-nos do PSDB, um partido de esquerda, ultrapassado e corrupto, abrindo caminho para opções realmente de direita hoje ignoradas, é apenas um favor que a esquerda pode fazer a nós.

E só revela como a esquerda consegue ser ruim, se seu maior trunfo é conseguir ser eternamente pior do que o PSDB.

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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