Série: Three Girls (Nicole Taylor, 2017)
Three Girls fala dos incômodos casos de abuso sexual feito por imigrantes paquistaneses contra garotas brancas na Inglaterra. Por Gabriel Vince
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Three Girls é uma minissérie lançada esse ano (2017) de três episódios, exibida pela BBC. Ela conta sobre o horrendo caso real de abusos sexuais envolvendo meninas brancas por imigrantes paquistaneses em áreas suburbanas da Grã-Bretanha.
O caso ficou mundialmente conhecido pois colocou em cheque discussões atualíssimas na Europa: a emblemática relação entre “oprimido contra opressor” num caso envolvendo imigrantes muçulmanos e mulheres – uma “conta” que nunca se fecha.
Durante 16 anos, mais de 1.400 meninas, algumas com apenas 11 anos, foram aliciadas para serem exploradas sexualmente por gangues paquistanesas que trabalhavam em táxis e restaurantes de entrega em domicílio. Boa parte desses aparentemente “inofensivos trabalhadores”, que vieram para Europa “em busca de uma vida melhor”, eram parte de uma complexa rede de prostituição infantil que operava livremente na região.
A história é contada do ponto de vista de três vítimas: Holly Winhshaw (Molly Windsor), de 14 anos, Amber Bowen (Ria Zmitrowicz), de 16 anos e sua irmã mais nova Ruby (Liv Hill), de 13 anos.
Em pleno florescimento da adolescência, acompanhamos inicialmente jovens bonitas que não pensam em outra coisa que não seja diversão e ofender a careta geração anterior, resumida e concentrada na figura dos seus pais. A inocência, porém, ainda permeia essa fase intermediária entre a infância e a adolescência, e esse tipo de atitude rebelde, que é normal para idade, encontra perigosíssimos percalços quando se manifesta numa periferia repleta de predadores sexuais desconhecidos e estrangeiros.
Com uma excelente audiência de estreia (8,24 milhões de telespectadores), a série, dirigida por Nicola Taylor e conduzida com assistência da polícia e de algumas vitimas envolvidas nos casos, é crua, violenta, áspera e indispensável.
Aqui vemos uma condução holística e corajosa da problemática, especialmente por não ignorar a origem dos agressores.
Obviamente não é todo paquistanês em solo britânico que é um estuprador e pedófilo. A série faz questão de se posicionar contra estúpidas generalizações. Mas isso não se torna salvo-conduto para ignorar os fatos gritantes do caso: as vítimas eram brancas – os agressores imigrantes. Não há como contornar isso.
O Paquistão não é um lugar que pode ser considerado um paraíso para as mulheres. Homens que cresceram num país onde um conselho governamental permite e incentiva que os maridos batam em suas mulheres para corrigi-las, além de terem costumes de apedrejamentos e chicotadas em locais públicos, não se tornam cidadãos respeitosos e dignos apenas cruzando a fronteira e visitando museus de Brighton. É estupidez ignorar toda a bagagem cultural que eles carregam consigo.
Crimes sexuais envolvendo imigrantes e o politicamente correto que não apenas os encobre, mas os vitimiza, em vista da temeridade de se aprofundar ou abrir feridas de “sensibilidades raciais” (europeus se tornaram muito melindrosos com isso), criam, de fato, uma sensação de impunidade e invencibilidade para eles atuarem livremente.
Um controle narrativo suficiente para eles se sentirem perseguidos e agredidos, mesmo cometendo o pior dos crimes.
Em uma das cenas do terceiro episódio, quando um dos agressores é condenado, sua última atitude foi chamar o tribunal que o condenou de “racista”.
Saindo um pouco do escopo da problemática do imigrante, há também um grande enfoque no papel das autoridades legais incompetentes e da própria sociedade, mostrando o preconceito e a má vontade contra garotas pobres e “de rua” – sendo consideradas naturalmente lascivas e suscetíveis a esse tipo de situação – dignas de desconfiança e mentirosas, até que se prove o contrário.
A imensa dificuldade das garotas serem ouvidas e conseguir ajuda das autoridades, o desencanto com o Estado, além das relevantes discussões sobre idade de maturidade sexual e o frágil limiar que separa sexo consentido do estupro, também são bastante exploradas ao longo dos três episódios.
A série resume todo esse universo sociológico, policial, cultural e psicológico das personagens principais.
Em Rochdale, noroeste da Inglaterra, ser mulher, de família cristã, branca e pobre, é a pior coisa que pode te acontecer. A estigmatização social combinada com o desmedido culto do politicamente correto, que protege a comunidade paquistanesa como se fossem vítimas perenes, incapazes de cometer crimes, é um fator impeditivo de qualquer vivência saudável para esse perfil.
Molly Windsor, Ria Zmitrowicz e Liv Hill conduzem a história de forma magistral, totalmente entregues as personagens. Nicola Taylor dirige a minissérie de forma documental, competente, com luz natural em um ambiente quase que metaforicamente sempre nublado e cinzento.
A trilha sonora é melancólica – com bases esmorecidas de violão, pianos e leves orquestrações.
Three Girls é uma minissérie bem feita, bem conduzida, necessária e que toca em temas espinhosos de forma impiedosamente honesta. Vale o seu tempo.
Veja o trailer:
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