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Eleições 2018

Oito pontos que explicam o desespero da esquerda e do establishment com Bolsonaro

Antes ignorado e desacreditado como força eleitoral, Bolsonaro é o único assunto da mídia, da esquerda e até do establishment. É preciso analisá-lo com mais seriedade. Por Filipe G. Martins

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Nos últimos dias assistimos a uma intensa movimentação nos bastidores da política brasileira. O establishment político e a esquerda começaram a se mover para formar novas alianças, diminuir a fragmentação das candidaturas, e construir alguns consensos mínimos, capazes de cimentar um grande acordão e formar dois grandes blocos partidários (o da esquerda e o do establishment) contra a candidatura do Deputado Jair Bolsonaro.

Ao longo das últimas semanas, estudos e pesquisas foram encomendados; reuniões de emergência foram realizadas; manifestos foram publicados; e uma série de declarações tomaram as manchetes do noticiário. Podemos esboçar uma explicação em oito pontos sobre o que está por trás do desespero do chamado centrão (um punhado de partidos fisiológicos e sem identidade) e da esquerda.

1. Na última pesquisa do Data Poder, a mais confiável à esta altura, o Deputado Jair Bolsonaro aparece com 25% dos votos totais;

2. No entanto, se considerarmos apenas os votos válidos (o que exclui os votos nulos e em branco), que é o que realmente conta nas urnas, o apoio obtido pelo militar no primeiro turno aumenta para 35%;

3. Pode-se argumentar que o número de votos nulos e em branco deverá diminuir conforme a eleição for se aproximando, mas é importante perguntar o quão grande será essa diminuição. Afinal, nas últimas eleições tivemos uma abstenção de 18,1% e 19,4% respectivamente, numa clara tendência de alta — agravada pelo descrédito crescente da classe política;

4. Na prática, isso significa que, hoje, o parlamentar conservador precisaria ampliar seu eleitorado em apenas 15% para alcançar um patamar que daria a ele a vitória no primeiro turno;

5. Se fizermos o mesmo cálculo em relação aos números apresentados nos diversos cenários do segundo turno (um procedimento muito mais problemático), descobrimos que, em termos de votos válidos, o apoio ao pré-candidato do PSL ultrapassaria os 60% contra todos os adversários, com exceção da Marina Silva, contra quem ele obteria 58,3% dos votos válidos;

6. O Deputado Jair Bolsonaro também apresenta o maior número de eleitores convictos e a menor taxa de rejeição entre os candidatos viáveis, dando a ele uma margem de crescimento superior a de todos os seus adversários;

7. Nas casas de apostas internacionais, que não costumam errar com tanta frequência quanto as pesquisas, Bolsonaro também lidera com larga vantagem, sendo apontado pela maioria dos apostadores profissionais como o próximo presidente do Brasil;

8. O mesmo ocorre entre os investidores brasileiros, que, segundo levantamento da XP Investimentos, acreditam majoritariamente (85%) que o capitão estará no segundo turno. O levantamento também revela que 48% dos investidores acreditam que Bolsonaro será o próximo presidente do Brasil;

Como é possível perceber, esses dados todos revelam que há chances reais de que um candidato conservador chegue à presidência do país pela primeira vez em muitos anos (senão na história), o que seria uma péssima notícia tanto para a esquerda quanto para os partidos fisiológicos que governaram o país durante toda a Nova República e ainda não sabem como lidar com esse novo fator político.

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Assuntos:
Filipe G. Martins

Professor de Política Internacional e analista político, é especialista em forecasting, análise de riscos e segurança internacional.

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