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Escassez cultural

Colunista da Época chama Roberto Alvim de bobo da corte

O bobo da corte não tem nada de bobo. Era ele quem dizia as verdades mais inconvenientes. Já o colunista...

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A revista Época nunca foi lá grande coisa. Escrever para a Época é mais ou menos como jogar no Íbis Sport Club ou ser reserva do time de pelota basca da Papua-Nova Guiné. É o que se faz quando falta talento. Mas os pascácios também tem o direito à livre expressão. 

A revista, porém, de forma bem simplória, tem empreendido uma verdadeira cruzada contra o atual governo e seus membros. Os ataques são, em geral, covardes. Cria-se o espantalho e o apedreja.

A vítima da vez é Roberto Alvim, que assumiu a direção da Funarte. Um artigo na revista diz que Alvim é o bobo da corte do atual governo. Quando o sujeito só conhece os usos corriqueiros do idioma dá nisso. Historicamente, o Bobo da corte era quem trazia a verdade, quem denunciava a hipocrisia da sociedade. Shakespeare e Erasmo de Roterdã sabiam bem disso. De jornalista não se espera muita coisa, embora, mesmo os pascácios, devessem perseguir alguma virtude. 

No texto, temos todos os clichês contra o atual governo no artigo: nazismo, caça às bruxas, nepotismo, complô das “elites”… O jornalista deve mesmo estar infeliz com o atual governo e sua luta contra a vibrante cultura dos últimos anos; cultura essa que produziu obras de valor universal, como Ó Paí, Ó e a peça Macaquinhos. 

Todo dia vemos demonstrações de carinho por parte da esquerda com o atual governo. O cosplay de humorista, Greg Duvivier, postou uma foto do presidente decapitado, dizendo que é melhor ficar puto que triste. Um amorzinho, não? 

Os artistas conservadores também sofrem para exporem suas obras. O Brasil paralelo teve a exibição de seu filme sobre 1964 limada dos cinemas; Josias Teófilo enfrentou a fúria dos amantes da cultura de bueiro ao exibir seu filme sobre Olavo de Carvalho em universidades federais.

O jornalista, obviamente, desconhece todos os usos da palavra cultura, sobretudo, como sendo o legado civilizacional que ajuda na condução sensata da vida. Ele imagina que um cristão não pode defender o porte de armas. Quem conta?

Alvim deixou de ser talentoso quando se juntou com Olavo de Carvalho, diz o autor, que nem se dá conta do próprio ressentimento. Olavo destronou sozinho a esquerda toda, despiu-a com uma coragem rara. Imagina-se a dor lancinante, o estremecimento nas pregas, que o jornalista sente ao ouvir o nome de Olavo. 

A elite brasileira é formada por políticos, artistas, JORNALISTAS e empresários amigos do rei que afanaram o país, largando para o povo migalhas de pão e uma ou outra atração de circo. Não é por acaso que estão, todos eles, contra o atual governo.

Eric Voegelin, no livro Hitler e os Alemães, descreveu a figura do iletrado espiritual: alguém que perdeu o senso de transcendência, do domínio linguístico e da sua capacidade de expressão e, como efeito, se distanciou da Imago Dei. O século XXI consolida a figura do sem-vergonha espiritual: aquele que, rompido definitivamente com a Imago Dei, perdeu o senso do ridículo e faz da sua condição animalesca, de seus grunhidos, sua única forma de expressão. Tipos como o autor do texto e demais membros da nossa elite falante, dão uma boa amostra do fenômeno.

Isaac Asimov disse: “Esse é, evidentemente, o grande segredo do Bobo bem sucedido – não ter nada de bobo.” Já o colunista…

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Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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