Em janeiro, Moro negou “qualquer interferência” de Bolsonaro na Polícia Federal no Roda Viva
"Nunca houve qualquer interferência indevida do presidente, nunca houve qualquer afirmação 'não faça isso, não faça aquilo'", disse o ex-ministro ao Roda Viva
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No dia 20 de janeiro, Sérgio Moro inaugurava o novo Roda Viva com Vera Magalhães dando sua primeira entrevista em muito tempo. Na ocasião, ao ser perguntado sobre alguma possível interferência de Bolsonaro em investigações da Polícia Federal, Moro foi enfático na negativa, como lembra o Poder 360.
Em uma das respostas sobre a Polícia Federal, quando provocado a dizer se Bolsonaro manteria a PF autônoma ou se a estava usando para si, Sérgio Moro respondeu energeticamente:
“O presidente sempre apoiou que… sempre entendeu que isto tinha que ser investigado, que tinha sido, que [isto] tinha que ser elucidado… houve essa investigação da Polícia Federal… Nunca Nunca houve qualquer interferência indevida do presidente, nunca houve qualquer afirmação ‘não faça isso, não faça aquilo’… Sempre se trabalhou para os fatos fossem da melhor maneira elucidados.”
No mesmo Roda Viva, Moro comentou inclusive que nem todas as ações no Ministério da Justiça eram decisões suas. Por exemplo, Sérgio Moro era a favor de radares de velocidade em rodovias, idéia que Bolsonaro rechaçou.
Moro comentou sem reclamações, e ainda descreveu que há uma “cadeia de comando”:
“Veja, eu fui convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para ser ministro e nós assumimos um compromisso de um núcleo duro, combate à corrupção, combate ao crime organizado e combate à criminalidade violenta…Agora, eu sou ministro do Poder Executivo e existe um chefe do Poder Executivo, existe uma cadeia de comando.”
Ao conclamar uma coletiva de imprensa para se demitir, Moro, por outro lado, afirmou que Bolsonaro, ao consultá-lo sugerindo uma troca no comando da Polícia Federal, que é uma atribuição do presidente da República (e não do ministro da Justiça), estaria cometendo uma ingerência:
“O grande problema de realizar essa troca [na PF] é que primeiro haveria uma violação de uma promessa que foi feita inicialmente, que eu teria carta branca.”
Em postagem pós-demissão, Sérgio Moro afirma que Valeixo vinha sendo “assediado para ser substituído” (sic) “desde agosto do ano passado pelo Presidente”. Ou seja, desde bem antes da entrevista ao Roda Viva. É difícil entender o que venha a ser “assediado para ser substituído”, que é a pedra fundamental da argumentação do ex-juiz.
De fato,o Diretor da PF Maurício Valeixo estava cansado de ser assediado desde agosto do ano passado pelo Presidente para ser substituído.Mas,ontem,não houve qualquer pedido
de demissão,nem o decreto de exoneração passou por mim ou me foi informado.https://t.co/zadUXo3J4P— Sergio Moro (@SF_Moro) April 24, 2020
Além da contradição de Moro, ainda parece estranho falar-se em uma “interferência” quando Bolsonaro, como o próprio Moro afiança, o consultava para assentar concordância sobre uma substituição que só cabe ao chefe do Executivo, e nem deveria ser da alçada do ministro da Justiça.
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