Livro de escola católica: “homens-bomba são suicidas altruístas”
Feminismo e tentativa da impossível "linguagem de gênero neutro" são os menores problemas das apostilas do Sistema Bernoulli, usadas no Brasil inteiro
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A classificação de alunos brasileiros no ranking do Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (PISA) é sofrível e apresentou variações muitíssimo pequenas ao longo dos anos.
Mais do que a quantidade de dinheiro gasto em educação (o Brasil investe 6% do PIB, enquanto países como Chile e EUA utilizam 4,8% e 5,4%, respectivamente), é na qualidade do ensino que deixamos a desejar.
Não à toa, o movimento de homeschooling tem ganhado cada vez mais adeptos no Brasil e faz pressão para que o Congresso descriminalize esta modalidade de ensino.
Esta semana, uma mãe “homeschooler” postou imagens de uma apostila do Sistema de Ensino Bernoulli, presente em mais de 600 escolas particulares do país em seu perfil no Instagram.
O material chama a atenção pela forma doutrinal sobre os quais assuntos como “feminismo” e “ideologia de gênero” são abordados. Ninguém é contra o ensino destes temas. O que não se pode permitir é que a escola se torne um centro de formação de ativistas (o progressismo costuma chamar isto de “cidadania”) em vez de um local de ensino formal.
Não é apenas a doutrinação que deveria preocupar os pais. A forma como a apostila apresenta para adolescentes de 13 a 15 anos um tema delicado também causou espanto.
O material do Sistema de Ensino Bernoulli afirma que se matar por uma causa ou ideologia é altruísmo. E ainda contrapõe isso ao suicídio comum, que seria “egoísta” porque a pessoa mata apenas a si mesma, sem instrumentalizar a sua morte em prol de uma “causa” “altruísta”.
Embora a apostila aborde uma teoria de Émile Durkheim, um tema como o suicídio deveria ser abordado com um pouco mais de cuidado. A forma como o livro romantiza o suicídio é perturbadora, ainda mais sabendo-se que este tipo de coisa pode causar o “efeito Werther.”
Efeito Werther é um fenômeno psicossocial de “suicídio copiado”. O termo foi cunhado em 1974 pelo pesquisador americano David Phillips, após seus estudos revelarem que um suicídio muito publicizado faz as taxas de suicídios aumentarem na população.
Werther é personagem do romance Os sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe. Logo após a publicação de seu livro, vários jovens cometeram o mesmo método de suicídio do protagonista. O livro chegou a ser proibido em alguns lugares da Alemanha.
O fenômeno também aconteceu nos EUA após a estreia de 13 Reasons Why, a série adolescente da Netflix que conta a história de uma menina que tirou a própria vida.
Um estudo publicado em fevereiro de 2020 no jornal da Academia Americana de Psiquiatria Infantil e Adolescente apontou um aumento de 28,3% de suicídios entre americanos de 10 a 17 anos no mês seguinte à estréia do seriado.
Segundo reportagem da Rádio Pública Nacional dos EUA (NPR), “o número de suicídios foi maior do que o observado em qualquer mês durante o período de cinco anos que os pesquisadores examinaram. No resto do ano, ocorreram 195 suicídios de jovens a mais do que o esperado, dadas as tendências históricas.”
O Senso Incomum entrou em contato com o Sistema de Ensino Bernoulli e aguarda suas respostas.
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