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Chucky também é ghey, pela diversidade

Criador da franquia luta pela inclusão de LGBTQQICAPF2K+ no mercado de Brinquedos Assassinos para sua aceitação na sociedade patriarcal

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Chucky também é ghey, pela diversidade

Don Mancini, 58, é o roteirista que criou o boneco assassino mais famoso de Hollywood, Chucky, e foi autor dos roteiros de toda a série da franquia, exceto o remake filmado em 2019.

Até A Noiva de Chucky (Bride of Chucky, 1998) – sequência que arrecadou US$ 50 milhões, o maior faturamento de toda a franquia – as histórias em torno do boneco assassino (toscas, como praticamente todo filme do gênero) não carregavam nas tintas identitárias. Isto mudou na sequência O filho de Chucky (Seed of Chucky), lançado em 2004.

Seu roteiro foi considerado pelos executivos da Universal Pictures como “gay demais”, tendo sido distribuído por uma produtora menos conhecida. Na história, o filho do casal de bonecos é considerado queer, ou seja, livre de gênero e se apresenta como Glen ou Glenda.

O faturamento não chegou a decepcionar, mas os US$ 24 milhões arrecadados com O Filho de Chucky representaram menos da metade do lançamento anterior. As duas produções seguintes – A Maldição de Chucky (Curse of Chucky, 2013) e O Culto de Chucky (Cult of Chucky, 2017) – nem chegaram a ir para o cinema, sendo lançados apenas em home vídeo ou streaming. Juntas, as duas últimas produções atingiram meros US$ 5,8 milhões em vendas.

Mas se a menção a uma pauta LGBT havia sido passageira ou apenas mero detalhe no roteiro de 2004, em 2021 o boneco assassino finalmente cai na pouco lucrativa armadilha identitária, o que lhe garante visibilidade na mídia (propaganda gratuita e positiva) e, paradoxalmente, maior facilidade para encontrar investidores.

Tanto é assim que, mesmo com a clara decadência acentuada no faturamento, a franquia ganhou agora uma série de TV, Chucky, com protagonista gay de 14 anos de idade e, aparentemente, lacração de sobra – pelo menos é o que indica o tom das entrevistas e reportagens que têm saído na mídia.

O NYT, por exemplo, informa logo no subtítulo de sua reportagem que “o cineasta gay Don Mancini apresentou o boneco assassino em 1988, e conforme a franquia evoluiu, também evoluiu sua sensibilidade queer.”

E, mesmo com uma carreira de sucesso, Mancini não se esquiva de um contraditório discurso vitimista, como descreve artigo do portal Out.com: 

“Quanto à sua carreira cinematográfica, Mancini, 58, considerou o gênero de terror ‘um lugar hospitaleiro’ para ele, um jovem gay que começou na casa dos 20 anos – embora admita que foi ‘relativamente discreto’ com os executivos do estúdio sobre sua identidade.

‘Nunca percebi ter sido discriminado… principalmente por ser gay’, diz ele. ‘Embora, você sabe, é possível que eu tenha sido sem saber… porque [a indústria cinematográfica] era um clube de homens brancos heterossexuais.'”

Se até meados do início deste século, o valor da cultura pop podia ser medido pela sua capacidade de entreter o consumidor usando criatividade e gerando retorno financeiro, a indústria do entretenimento atual abriu mão da criatividade, do lucro e do seu propósito principal: entreter. Tudo por uma agenda entediante.


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Assuntos:
Leonardo Trielli

Leonardo Trielli não é escritor, não é palestrante, não é intelectual. Também não é bombeiro, nem frentista, não é formado em economia e nem ciências políticas. Nunca trabalhou como mecânico e nem bilheteiro de circo. Twitter: @leotrielli

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