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Jegues fundamentais

Estadão e a arte de enganar leitores

Manchete do Estadão diz uma coisa e texto diz outra: bem-vindo ao mundo maluco da mídia

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O brasileiro sabe os três primeiros minutos de qualquer assunto, dizia Otto Lara Resende. Se você faz como a maioria, ou seja, lê as manchetes dos grandes jornais brasileiros, é bem provável que passe a vida sabendo três ou menos minutos de qualquer assunto.

O Estadão cometeu a notícia de que as universidades brasileiras estão em sétimo no ranking internacional de melhores universidades, mas que a hostilidade do governo Bolsonaro e o contingenciamento de verbas tem efeitos negativos no ensino. O desavisado que lê pode até se alarmar: meu Deus! Estão acabando com o ensino no país. 

Estadao-mente

 

A manchete é um pega trouxa. É na matéria que vem a luz: o ranking diz que o Brasil é o sétimo país com mais representantes entre as supostas melhores universidades do mundo. Temos 49 entre as 1396 universidades incluídas na avaliação.

A primeira brasileira que aparece no ranking é a USP. Qual sua posição? Décima? Quadragésima quinta? Nada disso. A USP é a número 251-300. Isso mesmo! Depois do número 200 as universidades são colocadas em bloco. A segunda, a UNICAMP que ostenta a sólida posição de número 501-600. Só 13 universidades brasileiras aparecem abaixo do top 1000. Como se vê, o país está muito bem representado.

O descrédito da mídia oficial, alinhada com as pautas progressistas e distante do povo, só aumenta. A idéia da imprensa como uma espécie de sentinela, sempre atenta aos desmandos do poder, se perdeu completamente. Gente com pouco tino para atividades cerebrais dominou todas as redações de jornal. O resultado é a credibilidade entre abaixo da média e abaixo de zero. Acreditar numa pesquisa do Datafolha, hoje em dia, equivale a crer que a oeste dos oceanos exista um abismo repleto de dragões e que na linha do Equador a água ferva. 

Assim como as redações de jornais, as universidades foram sucateadas, virando lar de estudantes profissionais e aquilo que eles mais atraem: piolhos. Sem planos minimamente decentes para a educação, com um patrono que deixou gerações incapazes de compreender um texto, tudo o que o país não precisa é de mais verba, pois já se mostraram ineficientes. O orçamento já gigantesco sem que isso se reverta em benefícios para o país. Sem contar que a maior parte fica para o pagamento de salários.

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Assuntos:
Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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