Lacombe sai da Band como um gigante: corajoso e sem se render à patrulha
Luís Lacombe, Nathalia Batista e equipe serão reconhecidos por enfrentarem o discurso único da patrulha ideológica e levarão sua audiência para onde quer que forem
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É com tristeza, mas não com surpresa que recebemos a notícia de que Luís Lacombe, âncora do programa Aqui na Band, foi demitido junto com sua equipe, incluindo a também âncora Nathalia Batista, e o diretor-geral e criador da atração, Vildomar Batista. Além disso, profissionais da produção deverão ser demitidos até sexta-feira.
Luís Lacombe fez parte de uma nanoclasse que dificilmente precisa dos dedos de duas mãos para ser contada: a dos profissionais com destaque na grande mídia que não se rendem à patrulha. E a patrulha de idéias que, pós-2016, não vem apenas da esquerda, e sim da alta grana, do sistema e seu moedor de carne, dos tomadores de decisões invisíveis.
O apresentador começou a sofrer enorme perseguição após se assumir como conservador – um palavrão para o establishment, mas apenas a filosofia dos melhores países do mundo – ou seja, defender a vida, a inocência das crianças, o que deu certo no passado, laços de união verdadeiros, e não ideológicos.
As matérias que falam de Lacombe na grande mídia nem se preocupam em disfarçar o ridículo. Há 25 dias, o “Notícias da TV”, canal de fofocaria e baixo nível do UOL, publicou fotos do apresentador colocando compras no carro no estacionamento de um supermercado no Rio de Janeiro. A manchete nem se preocupou em disfarçar que só enchia o saco por Lacombe não rezar conforme a cartilha. Antes mesmo de citar o seu nome (norma até para pontuar bem no Google), o destaque vai para “Apoiador de Bolsonaro”.
Nenhum comentário sobre o fato de Lacombe ter tirado a máscara quando já estava quase entrando no carro, afinal, nem é possível entrar em um supermercado sem máscaras. Até uma mulher que tentou, recentemente, foi barrada, e para entrar, tirou a calcinha e a utilizou como máscara. Todo o furdúncio é por uma foto pouco antes de entrar no carro – e com destaque para “Bolsonaro” e “infringiu a lei” (sic).
Mas você se lembra de como o mesmo UOL noticiou que o, abre aspas, humorista, fecha aspas, Gregório Duvivier estava se lixando para a lei e para o resto da população do mesmo Rio de Janeiro, e, no auge da pandemia, resolveu sair às ruas com sua filha porque sabe que a lei é para o populacho, não para alguém com o seu sobrenome? Que o humorista, enquanto a população era trancafiada como se seqüestrada, estava “desopilando”. Nada de “infringir a lei” ou coisa do tipo.
É esta a patrulha que Luís Lacombe enfrentou com extrema coragem, elegância e profissionalismo: sabendo se comunicar com as massas, falava verdades incômodas a celebridades e donos de meios de comunicação que insistem em nos tratar como cordeirinhos amestrados.
O respeitadíssimo apresentador aproveitou um espaço importante, ainda que não tão grande de que dispunha, como um horário matinal de duas horas na Band, e trouxe temas que não são mero entretenimento frívolo – como João Kléber mostrando mulheres em trajes diminutos e barracos entre namorados.
A opção é corajosa por ser virtuosa e arriscada: o horário matinal não costuma favorecer longas discussões aprofundadas – é o começo do horário comercial – e trazer uma discussão que sacuda o discurso raso e provoque pensamentos na grande mídia não costuma render um rol gigantesco de amizades. Basta notar como, paradoxalmente, as discussões mais elevadas na grande mídia recentemente foram feitas em um programa completamente anárquico, no qual é dificílimo manter uma linha de raciocínio, como o Pânico, da Jovem Pan.
Mesmo assim, nesta terça-feira, Lacombe escalou Allan dos Santos, do Terça Livre, e também me escalou para explicar o que é conservadorismo na TV. Justamente a palavra mais perigosa do país hoje. Mesmo tendo de lidar com os revezes óbvios (como siliconadas semi-nuas), o programa marcou 4 posições entre os Trending Topics do Twitter (coisa que nem o Jornal Nacional costuma fazer), além de ser o programa mais assistido pela internet.
Como é essa história de Fake News mesmo? pic.twitter.com/I055oRdhI8
— Carlos de Freitas (@CFreitasR) June 25, 2020
Para quem perdeu nossa participação, pode ser vista abaixo:
Em novembro, a Band assinou acordo com a estatal China Media Group, que fez a emissora brasileira ter diversos conteúdos ligados ao Partido Comunista Chinês através da CCTV, a rede aberta do Partido, a CGTN, focado em conteúdo internacional, e o Arte1. Até mesmo o programa “Frases Clássicas Citadas pelo Presidente Xi Jinping” (sic) foi veiculado pela Band.
O foco dos chineses para o Brasil, como já explicamos no episódio número 100 de nosso podcast, China: Do ópio ao vírus, é a expansão da rota da seda, com planos inclusive para o Nordeste e para o interior de São Paulo, em sua roupagem do século XXI. Governadores como João Doria são ávidos negociadores com a China, com beneplácito e propaganda aberta de jornalistas colocados em posições de destaque, por mera coincidência, em gestões do Doria, com discurso apenas coincidentemente aliados ao modelo de “capitalismo” chinês do Doria, e que não disfarçam que são fãs do Doria.
Lacombe aproveitar um espaço bem na Band para discutir conservadorismo, inclusive com críticas abertas à política totalitária chinesa, foi um ato de extrema coragem. Infelizmente, com um preço muito alto não apenas para ele, mas para toda a sua equipe, como a âncora Nathalia Batista. Espero que ela tenha um trabalho com ainda mais destaque a partir de agora.
A Band vive um conflito entre diretores, que já trocaram muitas farpas. A parceria com estatais de comunicação do Partido Comunista Chinês, o mesmo do genocida Mao Zedong e que até hoje censura assuntos no Google como os 3 T’s proibidos pelos chineses – Taiwan, Tibete e Tian’anmen (o massacre da Praça da Paz Celestial, famoso no mundo pelo chinês anônimo que impediu o avanço de uma tropa de tanques simplesmente parando na sua frente, e que completou 31 anos neste mês).
A pressão é enorme, mas, ao invés de sair como um “demitido”, como se tivesse sido chutado por fazer algo errado, Lacombe, Nathalia e sua equipe saem da Band exatamente como a maior parte das pessoas fazendo algo de bom nesse país: como perseguidos e censurados. Como grandes profissionais pagando um preço mais alto do que deveriam por não repetirem discursos fáceis, entretenimento fútil e por ouvirem dois lados e não apenas uma coletânea de clichês de um lado só.
https://www.instagram.com/p/CB3ICUapuxA/?hl=en
Tal como aconteceu com o também participante Alexandre Garcia quando saiu da Globo após décadas no ar como o jornalista mais respeitado do Brasil e ir para o YouTube, com liberdade para falar do que incomodaria a sua antiga emissora, o futuro de Luís Lacombe, Nathalia Batista e sua equipe é levar seu público para onde quer que vão, sabendo que a maior parte da população vai tê-los de braços abertos em lugares com ainda mais destaque e liberdade.
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