Em novembro, Alexandre Kalil fechou comércio, menos shopping chinês
A justificativa do prefeito de Belo Horizonte é de que muitas pessoas que trabalhavam lá usavam tornozeleira eletrônica. É sério
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Dificilmente haverá um programa que em pouquíssimo tempo tenha se tornado tão desconhecido quanto o Roda Viva. Desde que a Fundação Padre Anchieta, que pertence ao governo de São Paulo, resolveu dar a cadeira de apresentadora para a quintessência do carisma Vera Magalhães, o programa passou a ser referência quando o assunto é nulidade.
E seguindo no assunto, Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte, justificou de modo um tanto inusitado porque não fechou o shopping chinês após ter lacrado a cidade toda. Disse ele no referido programa, em novembro do ano passado, que pouca gente sabia que o shopping popular empregava muita gente com tornozeleira eletrônica (é isso mesmo!).
“Então era um caso excepcional de não criar um caos entre esse pessoal”, disse a divindade salvadora de BH. Vejam vocês mesmos:
Essa fala tem que ficar registrada pelo tamanho do descompasso entre o mundo real e o que se passa na cabeça dessa gente. É uma ode à escassez intelectual.
“Aquilo é de um bilionário que tem aquilo como uma obra social. Tá! Obra social! Então aquilo pra ele não vale absolutamente nada como negócio. Agora, lá tão acolhidos presidiários, ex-presidiários, que são, que trabalham no box. Então foi esse meu erro. Não ter explicado com muita clareza.”
Kalil diz que o erro foi “não ter explicado isso com muita clareza”. De fato, tivesse ele explicado direitinho que fechou todo o comércio da cidade, deixando milhões sem seu sustento, menos o shopping popular porque ele abriga detentos e ex-detentos e tava tudo beleza.
O único crime nessa pandemia é ser um trabalhador. A crueldade de políticos de última categoria com o povo virou motivo de orgulho. Quem aplaude esse tipo de política sanitária está sendo conivente com o que há de pior na história humana. Aposto que Kalil não fechou seu gabinete nem obrigou a mídia dócil que o afaga a ficar em casa.
O político brasileiro sacrifica até sua família por um bom cafuné da imprensa.
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