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Religião

Evento de Richard Dawkins é cancelado por críticas ao islamismo. Mas… ahn… é… ehrr…

Richard Dawkins é o ateu mais famoso do planeta e critica Deus e o mundo livremente. Mas fez um comentariozinho a respeito do islamismo...

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Richard Dawkins tem evento cancelado por crítica ao islamismo

Richard Dawkins, o ateu mais famoso do mundo, autor de O gene egoísta, livro de ciência mais lido por não-cientistas do mundo (ninguém leu A Origem das Espécies, convenhamos), teve um evento na rádio KPFA, da Califórnia, cancelado por suas críticas ao islamismo.

Há tempos este Senso Incomum vem alertando da desastrosa confusão mental da esquerda, em uma ânsia por proteger “minorias” criadas por recortes da realidade. Tentando ser “científica”, a esquerda odeia o cristianismo e defende o ateísmo. Tentando ser “multicultural”, a esquerda defende o islamismo, sem perceber a contradição ridícula nesta desastrosa idéia.

Não é preciso ser exatamente o maior cientista do mundo para saber que islâmicos não são exatamente os maiores defensores de gays, mulheres e ateus, apesar da esquerda que só fala em gays, mulheres e ateus defender muçulmanos como peões de ataque, literal, ao cristianismo.

Richard Dawkins, como ateu famosíssimo, fez sua carreira com ataques ferozes ao cristianismo, distribuindo porradas, literalmente, em Deus e o mundo. Foi só fazer um singelíssimo comentário sobre o islamismo e… bum! A esquerda dos -fóbicos -ismos passou a tratá-lo como um perigosíssimo “islamofóbico” preconceituoso e intolerante. Por que será?

A rádio KPFA vendeu ingressos para seus ouvintes, mas logo a seguir informou que o evento havia sido cancelado:

“Nós agendamos este evento baseando-nos completamente em seu excelente novo livro sobre ciência, mas não sabíamos que ele havia ofendido e machucado – em seu Twitter e outros comentários sobre o Islam – tantas pessoas. KPFA não endossa discurso que cause dor [sic].”

Ainda bem que Dawkins não inventou de falar mal de Deus e ofender e machucar cristãos, já pensou?

O biólogo lamentou, pois ouvia a KPFA “quase diariamente” nos dois anos em que morou na Califórnia. E respondeu com o seu típico vezo acadêmico, falando em fact-checking e citar fontes:

“Vocês conscientemente não citaram uma fonte ao me acusar de ‘linguagem abusiva’. Por que não checaram seus fatos – ou ao menos tivessem a cortesia de me avisar – antes de cancelar meu evento sumariamente?”

Richard Dawkins ainda se explicou:

“Eu tenho criticado a assombrosa misoginia e homofobia do islam, eu tenho criticado o assassinato de apóstatas por nenhum crime além da sua descrença. Longe de atacar muçulmanos, eu entendo – como talvez vocês não – que os muçulmanos eles próprios são as primeiras vítimas das crueldades opressoras do islamismo, especialmente mulheres muçulmanas. Eu sou conhecido como um crítico freqüente do cristianismo e nunca tive um evento cancelado por isso. Por que vocês dão ao islam um passe-livre? Por que é legal criticar o cristianismo, mas não o islam?”

Em um comunicado sobre o cancelamento, a KPFA declarou que foi contata por “ativistas” que descreveram Dawkins como um “islamofóbico muito conhecido” (sic), e citaram um tweet seu que diz: “Eu acho que o islam é a grande força do mal no mundo hoje”, além de citar um artigo recente no Telegraph em que Dawkins é citado dizendo que “se você olhar para o impacto real que as diferentes religiões tiveram no mundo é bem claro que no presente a religião mais terrível no mundo hoje tem de ser o islam.”

A rádio não citou a continuação do artigo, onde se lê: “É terrivelmente importante mudar isso, porque é claro que isto não significa que todos os muçulmanos são maus, muito longe disso. Os indivíduos muçulmanos sofrem mais com o islam do que qualquer outro.”

A pesquisadora Ayaan Hirsi Ali, uma das maiores autoridades no mundo em islamismo e ela própria perseguida por ter abdicado de sua antiga fé muçulmana e apregoado por uma reforma urgente no islamismo, que não é uma religião da paz, perguntou se a rádio discorda da declaração de Dawkins. E, afinal, com que base?

Quem também tomou as dores de Richard Dawkins foi o psicólogo cognitivista canadense Steven Pinker (aquele que tomou uma surra recente de Nassim Nicholas Taleb). Pinker declarou que a mudança “deu um precioso presente para a direita política, que pode dizer que os canais de mídia que tendem à esquerda exigem conformidade sem sentido ao estreito dogma corrente, e que não são capazes de pensar através de distinções intelectuais básicas.”

Como um site assumidamente da direita política, que considera Richard Dawkins e Steven Pinker dois patetas, não poderíamos concordar mais.

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Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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