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O sentido da vida

Morreu Terry Jones, a mãe do Brian

Terry Jones é o segundo Python a fugir da monotonia de um mundo que desaprendeu a fazer piada e não sabe mais tocar Mahler dando marretadas em camundongos

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Um dos grande gênios da comédia partiu ontem, dia 21 de janeiro de 2020. Terry Jones, membro fundador do grupo Monty Python, após uma luta contra um tipo raro de demência, morreu. Janeiro não tem sido nada bom com os poucos grandes mestres das suas respectivas áreas. Eu mesmo não me sinto nada bem.

Jones e seus colegas de grupo estão num dos lugares mais altos da arte da comédia. Juntaram refinamento, erudição, deboche e absurdo; eram ótimos atores e criadores brilhantes. Mesmo os piores e mais bobocas comediantes da atualidade tem Monty Python como influência. 

Mas Monty Python é a antítese desse humor certinho de crianças amestradas; esse humor feito para pacientes terminais não terem do que sentir falta quando seus órgãos vitais começarem a falhar. 

Monty Python ensina que o humor é algo raro, que exige uma elaboração formal adequada e, às vezes, dois ou três narizes. Soa estranho isso num país em que qualquer guardador de carro se julga um genial comediante de stand up.

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Terry Jones, o segundo Python a nos deixar, era engraçadíssimo e possui uma infinidade de personagens antológicos que ficarão na memória dos apreciadores da turma.

Seus tipos femininos eram sensacionais. Há um esquete em que Jones, como Rainha Vitória, e Graham Chapman, outro que já se foi, como William Gladstone são filmados, ao melhor estilo Chaplin, pregando peças um no outro. O poeta inglês Tennyson narrando as cenas as deixam ainda mais nonsense.

Isso para não falar de Mandy Cohen, a mãe de Brian, uma das criações mais brilhantes do cinema. Terry Jones também dirigiu o filme.

Monty Python foi muito importante na formação da minha imaginação: nunca tive coragem de comprar um papagaio, tenho medo de uma bigorna cair sobre mim num tatame e sempre que olho o Everest, tampo um olho para ter certeza de que só há um lá. Meu amigo Luigi, quando toma umas a mais, o que é muito raro, elabora um silly walk todo original.

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Nesse momento, a cúpula divina está rindo com o segundo Python a entrar no céu, o brilhante intérprete do neto do maior nome da música erudita mundial, Johann Gambolputty de von Ausfern schplenden schlitter crasscrenbon fried digger dingle dangle dongle dungle burstein von knacker thrasher apple banger horowitz ticolensic grander knotty spelltinkle grandlich grumblemeyer spelterwasser kurstlich himbleeisen bahnwagen gutenabend bitte ein nürnburger bratwustle gerspurten mitz weimache luber hundsfut gumberaber shönedanker kalbsfleisch mittler aucher von Hautkopft of Ulm, Karl Gambolputty… 

E Deus, todo orgulhoso, deve pensar: foi para tocar a Marselhesa num dos orifícios nasais que eu os criei!

Obrigado Terry,

Ass: o lariço

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Assuntos:
Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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