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Run to the hills

Como salvar o Ocidente no carnaval – guia de leituras e músicas pra ouvir com fone

Nossos conselhos vitais para quem, entre confetes e serpentinas, pretende salvar o ocidente e, como lembrancinha, libertar o Brasil das visões distorcidas dos jornalistas do Catraca Livre e do DCM

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Almeida Junior

Ah, o carnaval! Os quatro dias mais superestimados da nossa cultura de calçada em obras. Quatro dias que já são mais de dez. Em São Paulo, a “folia” começa uma semana antes, para desespero de qualquer ser humano que saiba levantar a tampa do vaso sanitário e cobrir a boca quando tosse. 

O estímulo municipal ao carnaval é mais uma prova de que a festa deixou de ser, há uns bons 80 anos, algo divertido. A multidão de selvagens invade ruas e alamedas, acabando com o sossego de quem tem pretensões mais elevadas que pegar sapinho ou vomitar nos outros.

Há sempre aquele velho clichê: “mas a gente tem que se divertir um pouco”, como se o resto do ano o sujeito passasse enfurnado num escritório, obedecendo “pudoradamente” o chefe, ou indo todo domingo à missa. Balela! É diversão o ano todo por aqui. E sim!, que se trace diversões, seja no carnaval ou fora dele, mas dizer que a diversão se restringe a quatro dias de empurra-empurra, cheiro de xixi onipresente, zumbis drogados e um exército de bêbados se decompondo pelas calçadas é ignorar o que é uma diversão. 

Fui aos anuários de arqueologia para descobrir se carnaval de verdade já houve por aqui. Parece que sim. Mas até Antônio Torres, o grande cronista dos anos 20, referiu-se ao carnaval como a “batalha dos empurrões”, ou: 

“Há ainda um outro nome que se podia perfeitamente ajustar a esses ajuntamentos de povo na Avenida: “a festa da melancolia”.

Pensando no bem-estar dos nossos leitores, aquela pequena parcela da população mundial que tem bom gosto, que sabem fitar os olhos na magnitude das estrelas e não na pequenez das bactérias, como faz Vera Magalhães e Marco Antônio Villa, por exemplo. Vamos então traçar o plano de um carnaval saudável.

O carnaval já serviu aos nossos melhores escritores, portanto, quem quiser curtir um tantinho esse carnaval que o faça em boa companhia. Começamos aqui com cinco contos para a degustação carnavalesca do intelecto:

João do Rio: O bebê de tarlatana rosa

Rubem Braga: A Batalha do Largo do Machado

Aníbal Machado: A morte da porta-estandarte

Lygia Fagundes Telles: Antes do baile verde

Rubem Fonseca: Fevereiro ou março

Victor Meirelles de Lima

Obra do pintor brasileiro Victor Meirelles de Lima

Fiz também uma lista de livros que podem ser lidos inteiros nos dias de balbúrdia pagã:

O Coração das Trevas, Joseph Conrad

A morte de Ivan Ilitch, Tolstoi

Memórias do Subsolo, Dostoiévsky

A Queda, Albert Camus

Que Loucura!, Woody Allen

São Bernardo, Graciliano Ramos

A Lua vem da Ásia, Campos de Carvalho

E um livro maravilhoso de ensaios do Joseph Brodsky, , que embora não possa ser lido num fim de semana, vale a menção: Menos Que Um.

Giorgina de Albuquerque

Obra da pintora brasileira Giorgina de Albuquerque

Vamos às músicas agora.

Nosso cronista mais talentoso, Luigi Marnoto, recomenda o clássico Hino do Carnaval Brasileiro, do Lamartine Babo

Flavio Morgenstern, o chefe, para surpresa de todos, indica Iron Maiden. Recomenda também o álbum Forgotten Tales, da banda Cromdale.

No quesito “músicas de carnaval”, a Panela Produtora tem o melhor álbum dos últimos, vejamos, 50 anos. É Carnaval. Os compositores são Daniel Galli e Filipe Trielli. Os arranjos dos metais é do extraordinário músico Proveta. Ouçam! Ouçam!

Falo agora um pouco dos meus gostos pessoais. Blues, clássico e música Country. Vou aqui disponibilizar algumas listas do meu Spotify. Mas deixo em registro as seguintes músicas:

Beethovem Violin Concerto in D Major Op. 61 – Tem que ser com o violinista Yehudi Menuhin

Randy Travis -Three Wooden Crosses. Talvez uma das mais belas letras já escritas.

John Michael Montgomery -Letters From Home

Alabama – Angels Among Us

Algumas das minhas playlists:

Espero que aproveitem. E um bom carnaval sem muito carnaval.

Assuntos:
Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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