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Vereador petista e DCM comparam Kim Kataguiri ao Estado Islâmico

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paulo tadeu PT kim kataguiri

Assim que ocorreram os últimos atentados em Paris, não demorou muito para aparecerem os primeiros urubus de tragédias, aproveitando-se de mortes e de eventos que são incapazes de compreender para tentar vender alguma propaganda política ou atacar um adversário através de comparações doidivanas.

Um dos primeiros foi o ex-prefeito de Poços de Caladas e vereador petista Paulo Tadeu. Em sua conta no Twitter, o vereador postou uma antiga foto de Kim Kataguiri, o jovem de 19 anos que inspira tantos outros no Brasil na luta pelo impeachment de Dilma Rousseff, segurando uma metralhadora. Na legenda: “Muitos acham graça do Kim Kataguiri de metralhadora no Facebook. Hoje uns iguais a ele mataram centenas em Paris.”

É difícil definir o que seria “uns iguais a ele” na frase. Homens com metralhadoras? Há centenas de milhares de metralhadoras no mundo, e pouquíssimos cometendo homicídios em relação a seu número. Carregar uma metralhadora não parece algo que nos iguala a quem a utiliza para assassinar inocentes por aí.

Pelo contrário, basta imaginar o que aconteceria se houvesse alguém armado na casa de shows onde os jihadistas do Estado Islâmico abriram fogo livremente, das sacadas, sem resistência, sobre uma multidão desarmada. Uma única pessoa com uma arma de fogo revidando os tiros faria com que os jihadistas, na mais sombria das hipóteses, tivessem de se focar naquela pessoa ao invés de causar o morticínio que causaram.

“Uns iguais a ele” (ou seja, alguém armado), no caso, indica mais que Kim seria uma das pessoas que poderia salvar vidas se fosse capaz de operar uma metralhadora numa situação como aquela tragédia. Já não há muito otimismo se Paulo Tadeu fosse uma pessoa com uma metralhadora, se crê que pessoas armadas (e deve ter a si próprio como média) obrigatoriamente saem matando inocentes por aí.

Armas seguindo a média de população armada de alguns estados americanos, que chega a 20% (o segundo artigo da Constituição americana, o maior documento de liberdade do mundo, impede o Estado de restringir o acesso a armas do cidadão para evitar tais massacres), poderiam ter salvado quase uma centena de vidas.

Não foi um “tiroteio”, como narrado pelos jornais: eram abutres diante de presas fáceis. Os únicos tiros na direção dos assassinos foram da polícia, quase 15 minutos e 120 mortes depois.

Então, será que “uns iguais a ele” [Kim] significa alguém com uma arma? Não parece ser o caso, já que armas, livremente distribuídas, garantem uma equalização de forças, o que terroristas mais temem (não por temerem por suas vidas, mas por não lograrem êxito em seus ataques).

Por que os grandes atentados americanos usam bombas e até aviões como armas? Pois sacar uma metralhadora no Texas ou Arizona e tentar causar um massacre costuma significar que em poucos segundos o psicopata é que será massacrado. Esta é a real igualdade que importa. A América é o país que os terroristas realmente querem atacar, mas não conseguem causar os estragos que causam em países de população desarmada.

A coisa se torna um pouco mais clara se trocarmos “homicídios” por “atos de terrorismo”. Ainda assim, fica difícil entender o que o vereador quis dizer, entre tweets de Diário do C. do Mundo, Brasil 247 e outros blogs sujos, vários deles na mira da Polícia Federal. “Terroristas iguais a ele”, no caso, valeria apenas para alguém que defende o PT, e não Kim Kataguiri. Foi o PT que foi fundado por terroristas, como os assassinos de Mário Kozel Filho.

Havia uma época em que a esquerda tentava comparar tudo o que não fosse ela própria ao nazismo – Jean Wyllys, apesar da aparência modernosa, é ainda retrógrado e obscurantista em prosseguir com tal vezo. Hoje, muitas pessoas estão conhecendo finalmente o que de fato significa fascismo e socialismo, e a tentativa de associar inimigos ao fascismo dá com os burros n’água, já que se percebe que nada é mais parecido como fascismo do que a esquerda com seus caudilhos como Hugo Chávez.

Resta hoje tentar associar com o que é universalmente deplorável e que as pessoas ainda não perceberam como se alimenta da esquerda, como o Estado Islâmico.

Malgrado para o vereador petista Paulo Tadeu, é impossível encontrar similaridades entre Kim Kataguiri e seu Movimento Brasil Livre e o Estado Islâmico. Todavia, é facílimo lembrar que Dilma Rousseff, logo depois de criticar Israel por se defender de ataques terroristas, discursou na ONU defendendo os terroristas e “lamentando” que se os combata. Disse Dilma:

Lamento enormemente isso (ataques aéreos na Síria contra o EI). O Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU.

Seu discurso querendo “dialogar” com o Estado Islâmico foi simplesmente ignorado pelos países sérios (e até os não-sérios), que apenas deixavam aquela pessoa estranha e desinformada do Brasil abrir a conferência. A anã diplomática par excellence.

Ou seja: além de fundado por terroristas, o PT defende reiteradamente terroristas pelo mundo. A não ser quando se torna absurdamente óbvio (porque óbvio demais já era para qualquer um, exceto os dirigentes petistas; se a população que vota em Dilma e no PT soubesse destes discursos na ONU e de suas conseqüências, morreria de nojo deste partido).

Vale ler a resposta do próprio Kim Kataguiri à, digamos, “provocação”:

Lembrando que é a sua presidente que não só defende o diálogo com o Estado Islâmico como já foi, ela mesma, uma terrorista, amiguinho petista.

Quer encontrar pessoas iguais a mim, deputado? Procure por uma das milhões de pessoas que protestaram pelo impeachment da sua presidente. Todas elas defendem valores democráticos de maneira pacífica, ao contrário do seu pessoal, que bate nessas mesmas pessoas enquanto elas permanecem de costas, absolutamente pacatas, sem nem se defender.

Olhe para o próprio partido antes de soltar esse tipo de asneira por aí, canalha.

O vereador petista Paulo Tadeu pode estar fazendo apenas o típico jogo de cena de políticos com discursos desonestos. É a hipótese mais otimista. Mas o que dizer do site Diário do C. do Mundo, de Paulo Nogueira?

Em maio deste ano, o site, em sua seção “O Essencial” (!), postou a manchete “Movimento Brasil Livre adota o mesmo gesto com o dedo do Estado Islâmico”. “O mesmo gesto” a que se refere à reportagem é… o dedo levantado. Aquele dedo indicador comum, padrão, qualquer um, que levantamos quando queremos chamar a atenção de alguém ou fazer referência ao número um.

Para quem não conhece, o Diário do C. do Mundo não é um site de piadas, como o Joselito Müller, nem um site exagerando o discurso de esquerda para demonstrar seu ridículo, como a profx. Zambininha. É um site que se leva a sério, que acredita no que escreve – ou ao menos quer que sua platéia acredite. E o dito Diário do C. do Mundo induz que Kim Kataguiri e o MBL, quando levantam o dedo, querem fazer uma simbologia de tirania e imposição do califado mundial impondo a shari’ah como o Estado Islâmico.

Aliás, “induz” não: declara formalmente. Assim se lê na dita “matéria” (em sentido de Jonathan Swift):

Os paneleiros do Movimento Brasil Livre adotaram um gesto simbólico para sua principal demanda, o impeachment. O dedo em riste penetrou os salões do Congresso e foi usado nas fotos com os novos herois do grupo, Jair Bolsonaro e Eduardo Cunha.

A ideia foi inspirada em outra facção extremista, o Estado Islâmico. De acordo com especialistas ouvidos pela Bloomberg, quando o EI faz o gesto, ele está “afirmando uma ideologia que exige a destruição do inimigo, bem como qualquer forma de pluralismo. Para os potenciais recrutas em todo o mundo, também mostra a crença de que eles vão dominar o mundo”.

(grifos nossos)

O texto é uma obra de arte do pensamento intestinal. A passagem “heróis do grupo” inclui mesmo até Eduardo Cunha, de quem o MBL nunca parou de pedir a cabeça, e só se reuniu por ser presidente da Câmara? Se o presidente da Câmara fosse um petista, o pedido de impeachment teria de ser entregue a ele.

E a “idéia” (é preciso muita “idéia” para levantar o dedo?) “foi inspirada” pelo Estado Islâmico, “outra facção extremista”? Claro, analfabetos que são sobre islamismo, direita ou liberdade, tiveram de ler na Bloomberg o que qualquer pessoa normal sabe sobre a simbologia islâmica: a unidade do mundo diante de um único Deus (até a fórmula para a conversão ao islamismo é esta afirmação repetida), destruindo todos os outros.

O que isto tem a ver com o Movimento Brasil Livre pedindo impeachment? Difícil dizer fora da mentalidade doente de quem faz este tipo de comparação para ofender, não percebendo que ela ofende justamente porque quem é comparado odeia extremismo, morte, terrorismo e destruição da liberdade de pensamento. Ou seja: onde encontrar os maiores inimigos do fascismo, do extremismo? Exatamente naqueles que a esquerda chama de fascistas ou extremistas.

Mas será que estas pessoas abaixo estão tendo uma “idéia” “inspirada” pelo Estado Islâmico?

marcelo(1)

swimmer one

ronaldo_brahma

dedo espuma

lula brahma

Oooops! O último não tem o mesmo gesto. Mas como Lula era chamado pelos operadores do petrolão de “Brahma”, por ser o número um de todo o esquema, acabamos nos confundindo…

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Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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