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O terrorismo e a síndrome de “Allahu akbar!”

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No Bom Dia Brasil de hoje fomos informados de novo atentado terrorista na Europa, desta feita “numa cidade do sul da Alemanha”. A cidade não-mencionada em questão não é Bochum ou Öttingen e seus nomes de difícil pronúncia, mas Munique, a capital da Baviera e terceira maior cidade alemã, que já até mesmo recebeu Olimpíadas em 1972.

Olimpíadas estas, lembre-se, marcadas por um atentado terrorista islâmico, da organização palestina Setembro Negro, que seqüestrou atletas da delegação israelense, assassinando 17 pessoas. Com medo de ser associada por metáfora ao nazismo de Adolf Hitler, o Comitê da cidade relaxou na segurança, tornando os judeus novamente vítimas.

globo munique grafingHoje, na estação de trem de Grafing, em Munique, um jovem alemão de 27 anos (não foi informada sua origem – nascido na Alemanha, até o Nelson Piquet Jr. é) esfaqueou 4 pessoas, assassinando uma delas, enquanto gritava, segundo o Bom Dia Brasil, “‘Deus é grande’ em árabe”.

De fato, o que foi reportado como dito pelo assassino foi “Allahu akbar!”. Apesar de as palavras “Deus” e “Alá” serem a mesma em árabe, a tradução correta só pode fazer referência ao Deus específico dos muçulmanos. Tampouco diz que ele é “grande”, mas é um comparativo: “[Meu] Deus é maior [do que o seu]”.

A polícia, todavia, trabalha com a hipótese de que o assassino possa não ter ligação com o “radicalismo religioso” (não se ouviu a palavra “islâmico”), e era mentalmente insano e usuário de drogas. O uso de entorpecentes, naturalmente, pode fazer com que muitas pessoas saiam por aí gritando “Alá é maior do que o seu Deus, Alá é maior do que o seu Deus!” sem nenhuma causa religiosa.

A síndrome de Allahu akbar é uma doença mental séria que já fez pessoas normais jogarem aviões contra prédios, degolarem pessoas próximas, apedrejarem mulheres, atirarem homossexuais de prédios, afogarem e queimarem pessoas vivas, mandarem crianças assassinarem inimigos, escravizarem sexualmente mulheres de tribos adversárias, praticar mutilação genital, obrigar mulheres a andar de burca e outros efeitos delirantes sérios, sem nenhuma causa religiosa em questão e fugindo ao controle completo do enfermo.

Tem esse nome porque o paciente, antes e depois de praticar tais atos, costuma gritar Allahu akbar, Allahu akbar! sem motivação alguma, representando um dos grandes mistérios da medicina moderna. A síndrome faz com que o paciente, que nada tem a ver com o islamismo, que é uma religião pacífica, nunca pratique atos de violência em comunidades muçulmanas ou filiações tribais amigas da sua própria. Mas, repetindo, o paciente nada tem a ver com o islamismo, a religião da paz.

Pela suspeita de ter contraído síndrome de Allahu akbar, a polícia alemã e, claro, o jornalismo mundial, preocupadíssimo em informar o mundo com a verdade e nada mais do que a verdade, são os primeiros a avisar ao mundo de que o assassino possa ser apenas um doente mental – embora estranhamente doentes mentais não tentem imitar cristãos, judeus, budistas etc ao assassinar pessoas a esmo por aí.

Talvez fosse o caso de esperar para ver se o equivalente da síndrome de Allahu akbar será aventado como hipótese quando um suspeito de crime contra inocentes for cristão ou judeu, por exemplo. O problema é óbvio: não se conhece ataques terroristas em que um doente mental tenha gritado a esmo “Jeová é maior do que Alá!” ou “O Deus do Novo Testamento é o Deus verdadeiro!” por aí. Talvez, no caso, será apenas dito que se tratavam de “extremistas judeus” ou “fanáticos cristãos”, com nome, sobrenome, CPF e designação religiosa.

Vamos sempre lembrar que o islamismo, sim, é a religião da paz.

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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