PROCURA-SE TERRORISTA PERIGOSO
Após os atentados terroristas desta semana, o mundo não está mais seguro. Os jornais nos ajudam a identificar o perigo: caminhões assassinos.
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Lendo os jornais, conseguimos identificar quem assassinou mais de 80 pessoas em Nice, no sul da França. Foi um caminhão, malvado e sem motorista, possivelmente possuído pelo espírito de Christine, o Carro Assassino.
É urgente avisar a toda a população para que esteja preparada para qualquer comportamento suspeito de caminhões que se rendem ao extremismo.
Foi a capa do New York Times, cujas palavras pesadas são apenas voltadas para a polícia:
Também afirmou a CBS:
A Vox, além afirmar que foi um caminhão sem motorista que misteriosamente tomou vida para matar, inicia com “O que sabemos até agora?”, para tirar qualquer preconceito de quem pudesse imaginar que, ao invés de um caminhão terrorista, fosse na verdade um muçulmano, como acreditam os eleitores de Donald Trump e Jair Bolsonaro, com a visão preconceituosa, fascista e islamofóbica:
No Brasil, felizmente, as informações chegaram como devem ser: copiadas da gloriosa mídia americana, que diz apenas a verdade, nada mais do que a verdade.
Exceto, é claro, a Rede Globo golpista. A manchete do G1, apesar de falar do caminhão terrorista, quer dar a entender que existia um motorista imigrante refugiado por trás do volante:
O caminhão assassino, malvado e terrorista também aparecia nas chamadas do portal:
O SBT também noticia sobre o perigoso caminhão terrorista:
Caminhão invade comemoração e mata mais de 60 pessoas na França; governo fala em terrorismo https://t.co/PqXiA8wTlp pic.twitter.com/wAecP4eSiO
— SBT Jornalismo (@sbtjornalismo) July 14, 2016
Já a Carta Capital, fiel a seu estilo, retirou a culpa do caminhão bandido, preferindo afirmar que ele apenas “atingiu” a multidão, provavelmente por culpa da sociedade:
A tática foi ainda aprofundada pela EBC. Ninguém lembra da EBC, mas paga uma fortuna por ela. É a empresa estatal gerida por Ricardo Mello, famoso por laivos de anti-semitismo favoráveis ao PT. A empresa estatal de comunicação não tem a comunicação como seu forte, já que ninguém sabe o que ela faz. Mas ao menos ela fala bonito sobre o Ministro da França, que afirmou que 80 pessoas foram mortas, é claro, pelo caminhão possuído:
No Google, vemos que não é bobagem a teoria do caminhão terrorista que tomou vida. Simplesmente todos os sites de notícias comentaram:
O leitor Marcelo Castro (@jmarcelocastro) nos mandou um verdadeiro mosaico do caminhão assassino:
Quando o jornalismo não gosta de alguém, utiliza palavras pesadas para quase incriminar alguém inocente. Basta lembrar do deputado carioca Flávio Bolsonaro, que viu uma tentativa de assalto no carro à frente do seu, sacou sua arma (Flávio Bolsonaro possui porte de arma e treinamento) e salvou a família que estava sendo assaltada, sem nem precisar matar nenhum bandido. Manchete de portais como o G1, da Globo: “Flávio Bolsonaro saca arma e atira na Barra, RJ”.
Já quando gosta de alguém, passa um pano até em casos de homicídio ou terrorismo, para não pegar mal. Assim, é comum o discurso ideológico propagandístico, como “arma mata casal”, despersonalizando o agente humano. Ou o que fizeram em relação ao atentado terrorista islâmico em Nice: afirmaram que foi “um caminhão” que matou mais de 80 pessoas.
Não quem o guiava, um muçulmano refugiado de ascendência tunisiana: um caminhão. Que acordou de mau humor e saiu assassinando pessoas comemorando o Dia da Bastilha, provavelmente também gritando “Allahu akbar!” – mas, como se sabe, nada a ver com o islamismo.
Antes de ler algo sobre um político, uma religião, nossos sentimentos já foram dirigidos pelo jornalismo. Se é assim que o Ocidente quer vencer o terrorismo, nada melhor do que culpar caminhões.
Mas não todos. Afinal, nem todo caminhão é extremista.
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