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Videogames

Quem tem medo de Pokémon?

Como um mero "butthurt" sobre o novo game Pokémon finalmente uniu direita e esquerda – e por que ambos estão errados.

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Pokémon GO em computadores

Dois tipos reclamam do Pokémon GO: aquele esquerdista que não manja de economia e torce o nariz por ser uma empresa estrangeira, capitalista e blá blá blá ou o direitista que diz que é um reflexo da infantilização da sociedade ocidental.

Se você acompanhou um pouco a história dos games, sabe que é impossível negar o pioneirismo da Nintendo. Os caras são feras.

Quando os videogames eram somente uma tela e um controle, a Nintendo lançou o DS, uma interface com tela dupla touch screen, microfone e sensor de movimento; a gente assoprava, usava uma canetinha, tinha uma jogabilidade completamente diferente. Depois veio a linha Wii, desta vez um console, também com uma jogabilidade inovadora.

E agora, em parceria com a startup Niantic, especializada em realidade aumentada e a The Pokémon Company, lança esse game cuja grande novidade é, obviamente, a realidade aumentada.

Essa falação toda no mundo inteiro sobre o jogo não é de graça, tem uma razão de ser. E o motivo desse frenesi é que o negócio é genial, um novo caminho foi aberto aos games. Mais uma vez os caras inovaram.

As pessoas podem sair às ruas para caçar pokémons, podem interagir pessoalmente enquanto duelam com seus bichinhos, isso é algo inédito. Os “pokestops” – os lugares onde o jogador encontra itens – são geralmente museus, parques, locais com algum interesse cultural ou histórico.

Aqui no Brasil a galera joga em modo hard.

A jogabilidade é inovadora, o jogo é extremamente bem pensado, não é alienante (dada a interação com lugares e pessoas que ele proporciona), é realmente genial, divertido e interativo.

Pois tenho o prazer de informar ao amigo esquerdista que isso realmente se chama “capitalismo”. Uma boa idéia agregará valor justamente porque é boa e bem executada. O valor de algo é determinado pelo valor que as pessoas (ou seja, nós) dão a isso. É o famigerado “mercado”, ou seja, cada indivíduo – eu e você – decidindo aquilo que lhe interessa no momento.

E o mais impressionante é que o usuário não gasta um centavo fazendo o download do jogo.

Como uma empresa que desenvolve um produto barato, inovador e acessível pode oferecer este produto sem cobrar nada? Como um mero joguinho pode movimentar tanto a economia, criando empresas de transporte, guias, sites, instrutores, técnicos, campeonatos e provavelmente clínicas de reabilitação?

A resposta é que eles ganham muito dinheiro com outras coisas, como publicidade, produtos registrados e itens pagos.

A Niantic não tem (ainda) ações na Nasdaq, mas as ações da Nintendo tiveram uma alta de 36% em cinco dias (de 7 a 11 de julho) e, em apenas dois dias, o Pokémon GO aumentou o valor de mercado da Nintendo em US$ 7,5 bilhões!

Muito mais do que 7,5 bilhões de dólares de riqueza gerada a mais no mundo, riqueza que movimenta uma rede enorme de profissionais – desde os criadores do game até os motoboys que fazem frete para os jogadores caçarem pokémons – não pode ser tratada como um luxo burguês e alienante. Deveríamos comemorar por isso.

Quando é o Zuckerberg quem cavalga ninguém problematiza…

E, ao direitista preocupado com a falta de testosterona do homem ocidental – o que é um fato – peço que não se preocupe: além de movimentar a economia, um jogo de rinha não vai fazer de seu filho um homem menos viril.

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Tom Martins

Tom Martins é maestro e compositor.

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