Digite para buscar

América

O estranho caso de anti-petistas que preferem Hillary Clinton

Pode ser só desconhecimento, mas Hillary fez algo tão grande ou maior que o petrolão: como o PT, a Clinton Foundation negocia com ditaduras.

Compartilhar

Hillary Clinton é investigada pelo FBI pelo servidor de e-mails que montou no banheiro de sua casa, deixando informações sigilosas à mercê de hackers no mundo todo. Também apagou diversos e-mails que não são exatamente sua “propriedade” e mentiu ao Congresso sobre os fatos. É o mesmo que ter a Polícia Federal tornando Hillary ré na Lava-Jato às vésperas de uma eleição. Alguns dos que mais defendem a Lava Jato, contraditoriamente, defendem Hillary Clinton.

Hillary Clinton também tem um petrolão nas costas. Diga-se, talvez algo ainda maior do que um petrolão, se é que isto é possível. No documentário Clinton Cash, vemos um modus operandi comum às ações do casal Bill e Hillary Clinton. Através de sua Clinton Foundation, versão americana do Instituto Lula, o casal recebe vultuosas “doações” de empresas, governos e entidades que acabam lucrando formidavelmente logo depois com suas negociatas.

Tal como o PT de Lula e Dilma Rousseff, o casal Clinton fez acordos comerciais com toda a sorte de ditaduras brutais, como a de Paul Kagame, ditador de Ruanda e amigo pessoal dos Clinton, e em seguida recebeu “doações humanitárias” para as causas “sociais” da Clinton Foundation. Quando muito, menos de 10% do dinheiro “doado” chegou às pessoas necessitadas. Tal como nossos impostos, quase tudo fica para o próprio sistema de “arrecadação”.

Haitianos protestam em Nova York perguntando onde foi parar o dinheiro dado a Bill e Hillary Clinton e sua Clinton FoundationQuando do terremoto do Haiti, que devastou o país mais pobre das Américas, Bill Clinton pediu por doações americanas para a fundação. Elas construíram uma empresa que deu lucro a um novo amigo dos Clinton – na região norte do país, que nem sequer tinha sido afetada pelo terremoto. Haitianos fizeram protestos em Nova York perguntando onde foi parar o dinheiro.

O petrolão dos Clinton

O petrolão, é claro, envolveu petróleo. A Clinton Foundation, contudo, não fica atrás. Inclusive naquela Rússia daquele Vladimir Putin, que por combater o Estado Islâmico na Síria do lado de Bashar al-Assad (enquanto Hillary Clinton, como Secretária de Estado, atacou tropas de Assad, favorecendo o crescimento do Estado Islâmico, como explicamos no Guten Morgen, o nosso podcast, duas vezes). Para quem acredita que Donald Trump é uma “marionete” de Vladimir Putin, não queira imaginar o que é o enfrentamento direto entre duas potências nucleares nas mãos de Hillary Clinton.

Pergunte a Frank Giustra, o “empreendedor” e “filantropo” canadense que viajou à própria Rússia do próprio Vladimir Putin antes de tal enfrentamento ao lado de Bill Clinton. Espécie de Marcelo Odebrecht deles, Frank Giustra foi flagrado pelos Panama Papers fazendo negociatas que valem por um petrolão transcontinental: queria o petróleo e o gás da Rússia e dos países do leste europeu controlados pelos asseclas de Vladimir Putin na região.

Nos registros da Mossack Fonseca, os Panama Papers revelaram que a UrAsia Energy, empresa de Frank Giustra, estava registrada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Frank Giustra voou com Bill Clinton a tiracolo em seu jato particular para o Cazaquistão, controlado pelo brutal ditador (e minion de Vladimir Putin) Nursultan Nazarbayev. Giustra queria um contrato de US$ 500 milhões pelo direito de explorar urânio no Cazaquistão.

Bill Clinton, antes de conseguir o contrato para o amigo, elogiou publicamente Nazarbayev, que estava disputando uma reeleição. Com o urânio dado ao amigo, que logo enriqueceria os planos nucleares de uma boa quantidade de ditaduras brutais loucas por suas bombas atômicas, como a Arábia Saudita e seu conflito com o Irã, o parzinho logo formaria a Clinton Giustra Enterprise Partnership. Meses depois, Giustra doaria US$ 30 milhões, um troco de pinga, para a Clinton Foundation. E logo a própria Arábia Saudita faria o mesmo.

Os Panama Papers também descobriram que Sergei Kurzin, financiador ligado a várias empresas de petróleo na Rússia pós-“privatizações”, doou US$ 1 milhão para a Clinton Giustra Sustainable Growth (sic), além de ao menos US$ 50 mil diretamente para a Clinton Foundation. Foi ele quem ajudou Marc Rich a conseguir enriquecer com petróleo na Rússia.

Quem é Marc Rich, cujo sobrenome faz o homem? Nos anos 80, Marc Rich foi indiciado por evasão fiscal, o mesmo crime que fez a Lava Jato colocar tantos políticos, dos petistas a Eduardo Cunha, atrás das grades. No seu último dia de governo, Bill Clinton perdoou Marc Rich. Pouco antes, a ex-esposa de Rich, Denise, havia doado US$ 1 milhão para o Partido Democrata, US$ 100 000 para a campanha ao Senado de Hillary Clinton e US$ 450 000 para a Biblioteca Clinton. Marc Rich é dono da Industrial Petrolium Limited.

Hillary's America - Bill Clinton e Clinton Foundation no HaitiTal como no petrolão e na propinocracia petista, uma economia controlada, centralizada e com aumento de impostos é o modelo de gestão de Hillary Clinton. Tal como em sua variante tupiniquim, quem sustenta Hillary Clinton e o Partido Democrata são empresários que não concorrem no mercado, preferindo ganhar dinheiro do povo se mancomunando com partidos e governantes em troca de contratos triliardários de exploração de commodities, “doando” alguns trocados para o político/partido/fundação depois.

Frank Giustra, por exemplo, defende justamente programas governamentais de “caridade” que exigem controle econômico e aumento de impostos para fazerem “distribuição de renda” ou, como são chamados na América, dar a cada um a sua fair share.

Na América, que tem algo além de CNN e New York Times para se informar, o nome de Frank Giustra só convence como “filantropo” as pessoas chics de Manhattan que se acham o máximo por possuírem diploma universitário em cursos de Humanidades incapazes de ler uma planilha de Excel, tratando todo o restante da América como racistas ignorantes.

Mesmo o Washington Post sabe que a vida de luxo às custas de commodities perigosíssimas como petróleo e urânio de Frank Giustra e de Bill e Hillary Clinton significam algo, digamos, suspeito. A Bloomberg chama Giustra por um dos nomes mais temidos na América: plutocrata, aqueles cujo poder vem do dinheiro, sem nem mesmo representar uma ideologia ou defender um modelo ou sistema de governo específico.

Plutocratas são os inimigos número 1 da América, a land of oportunity que quer enriquecer sem o governo atrapalhar. Wall Street, teoricamente, não deveria ser uma plutocracia, por não dar poder político a seus ricaços, que geram emprego e criam riqueza que compartilham com seus funcionários. Mas são plutocratas, e não empreendedores, como Frank Giustra, Marc Rich e Marcelo Odebrecht, que representam um perigo para a América e o capitalismo.

Protesto em Nova York a favor de Donald Trump e contra HIllary Clinton pelo HaitiNão à toa, todos os americanos sabem que Hillary Clinton é uma mulher de esquerda. No Brasil, que acredita que na América só há capitalismo selvagem, Hillary chega a ser acreditada como uma mulher apenas “não tão de direita quanto Donald Trump, que é de extrema-direita”. Uma confusão conceitual que faria Marcelo Odebrecht parecer um investidor de risco, e Lula e Dilma Rousseff dois ultra-liberais com leves tendências conservadoras.

Quando Donald Trump ataca o modelo globalista de Hillary Clinton, sem pesquisar no Google por 15 segundos pelo que significa “globalismo”, jornalistas brasileiros crêem que Trump ataca a globalização, praticamente o seu oposto. Também é a elite de poder global de Marc Rich e Frank Giustra que Trump ataca, para palpiteiros brasileiros afirmarem que Donald Trump “ataca as elites”. Repetindo: Donald Trump, ele, o TRUMP, Donald, “ataca as elites”. No dizer de Frédéric Bastiat, por onde não passam mercadorias, passam exércitos. No modelo Trump, passam mercadorias. No modelo Hillary, passam exércitos.

Mais pode ser visto no documentário Clinton Cash, que mostra como Hillary já teve de até mesmo de fazer lobby construir um gasoduto do Canadá pela América inteira para favorecer os negócios de seus amigos, logo após discursar a favor de “energias limpas” para cobrar “créditos de carbono” com fito de diminuir o “aquecimento global”. E mais dinheiro de ditaduras. E mais. E mais. E mais.

https://www.youtube.com/watch?v=7LYRUOd_QoM

Por que você nunca ouviu falar em Frank Giustra, em Marc Rich, no desastre no Haiti, nas ligações de Hillary Clinton com todas as ditaduras mais brutais do planeta, em como Hillary critica Donald Trump por este ter sido preferido de Vladimir Putin (por questões de guerra), sendo que recebeu dinheiro dos putin minions?

Por que tudo o que você ouve falar mal de Donald Trump é que ele é racista, machista, xenófobo, preconceituoso, fanático, extremista, homofóbico e trata as mulheres igual lixo, enquanto se deve votar em uma mulher apoiada pela Arábia Saudita, país racista, machista, xenófobo, preconceituoso, fanático, extremista, homofóbico e trata as mulheres igual lixo, e levantar a mão para questionar se Trump é tão ruim assim e Hillary Clinton é mesmo tão angelical faz qualquer um sofrer a acusação de que é racista, machista, xenófobo, preconceituoso, fanático, extremista, homofóbico e trata as mulheres igual lixo?

Porque as fontes dos jornalistas e do palpitariado brasileiro são apenas aquelas “aceitas” pela beautiful people de Nova York, Miami e Los Angeles: a CNN e o New York Times, veículos que na América são considerados tão confiáveis quanto uma pegadinha do Gugu.

Não é que Donald Trump, os Republicanos ou seus escassos apoiadores, que passaram por cima da hegemonia de notícias fabricadas na mídia sobre o candidato anti-establishment, sejam racistas, machistas, xenófobos etc: eles são associados com algo pior do que eles, e a pressão dos grupos de convívio impede que se assuma que o boquirroto é, na verdade, apenas alguém que não liga para a linguagem pasteurizada e falsa que acostumamo-nos a tratar como verdadeira e única possível nos últimos anos.

E jornalistas, que erraram todas as previsões sobre essas eleições, enquanto pequenos sites como este Senso Incomum acertaram, acreditam no próprio cabresto da associação tratada como descrição.

Basta, como dizem os americanos, follow the money. O que também o cineasta Dinesh D’Souza o fez em Hillary’s America, mostrando as raízes racistas e escravagistas do Partido Democrata, que trocou a escravidão em plantations por guetos urbanos de imigrantes e negros (a América é um país com “bairros negros” até hoje quase segregados dos brancos) em troca de empregos baratos e votos garantidos. A própria KKK, afinal, é um braço armado do Partido Democrata, que só se incomodou com o politicamente correto e, claro, Barack Obama.

Nada disso você verá na grande mídia, que ainda é crente de que a verdade se resume ao editorial do New York Times e reportagem fraudada da CNN. A Fox News, considerada “radical” aqui (e considerada a mais honesta por quem já assistiu mais do que um minuto de sua programação na América) nunca é usada como fonte. Muito menos veículos que não funcionem como a Carta Capital dos States, como a TownHall, a National Review, a American Spectator, a American Conservative, a Reason e afins.

Fox News: dinheiro doado após terremoto no Haiti ajudou a enriquecer os ClintonÉ por isso que você nunca ouviu falar em Frank Giustra. Em Marc Rich. Nas ligações de Bill e Hillary Clinton com a Arábia Saudita ou o Cazaquistão de Nursultan Nazarbayev. É por isso que a Globo News nunca falou da Clinton Foundation aparecendo nos Panama Papers.

É também por isso que as propostas de Hillary e do Partido Democrata, tão radicais que são baseadas em sindicatos controlando a economia, controle estatal completo da saúde (o Obamacare envolve os planos de saúde privados, o que nem o SUS faz), aborto até a véspera do nascimento e financiamento estatal de aborto em bairros negros, para controle populacional (sic), são criticadas no Brasil. Propostas que fariam o PSOL parecer um partido de centro-direita: até para os jornalistas brasileiros contrários ao PT e à esquerda melcatrefe, tais descocos são criticados no Brasil e defendidos na figura de “defesa obrigatória” que é Hillary Clinton contra o cramunhão Donald Trump.

Infelizmente, se você quer algumas “verdades inconvenientes”, você só as lerá na pequena mídia alternativa, que não tem medo de ir contra o senso comum roubado pela patrulha do pensamento único e do politicamente correto Democrata.

—————

Não perca o artigo exclusivo para nossos patronos. Basta contribuir no Patreon. Siga no Facebook e no Twitter: @sensoinc

[amazon asin=B01GZS3A02&template=iframe image2][amazon asin=B01F1G6FJ2&template=iframe image2][amazon asin=B00NVLNZ2K&template=iframe image2][amazon asin=8580332109&template=iframe image2][amazon asin=8528620530&template=iframe image2][amazon asin=8567394732&template=iframe image2][amazon asin=B016L1RTR8&template=iframe image2][amazon asin=8501078832&template=iframe image2][amazon asin=B01LW3DPXP&template=iframe image2][amazon asin=B01LIARDMI&template=iframe image2][amazon asin=8538303260&template=iframe image2][amazon asin=B01FEQHVLA&template=iframe image2]

Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

  • 1
plugins premium WordPress