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Mas o que que é isso?

G1 e Quebrando o Tabu comemoram pedófilo que passou no vestibular

Mais uma vez, o G1 enaltece um bandido. Mas, desta feita, não um "mero assaltante", e sim um pedófilo que filmou seus atos de estupro e passou no vestibular para Cinema.

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Pedófilo Pedro Henrique Monteiro Araújo enaltecido pelo G1

A principal forma como se faz a revolução para a aceitação de temas dolorosos para a sociedade, sobretudo criminais, não é pela via argumentativa, mas sentimental. O G1, portal da Rede Globo, logo replicado pela página de extrema-esquerda Quebrando o Tabu (sic), noticiou com destaque a história de que “um detento”, sem determinar seu crime, teria passado em primeiro lugar no vestibular do Pará através do Sisu. O que se descobriria a partir daí deixaria a sociedade de cabelos em pé.

O G1, esperto como sói, por algum motivo bem misterioso que só ocorre em casos bem específicos, ao invés de uma simples reportagem objetiva sobre um tema secundário (como “Homem morre baleado em assalto”, se bem que deve-se evitar tal tipo de matéria vindo do G1), preferiu o que os americanos chamam de texto tipo story.

Um longo arrazoado, uma introdução interminável e uma historinha com personagens para explicar algo que poderia ser dito em duas linhas. Ao invés de “O preço da carne aumenta”, uma historinha sobre a Dona Josefina indo ao mercado, comparando o preço da carne com o ano passado, mostrando como o seu almoço mudou, com uma lição de moral em políticos genéricos no fim. Revistas como a New Yorker são especialistas neste jornalismo próximo ao new journalism, de pormenores do cotidiano com apelos sentimentais utilizando-se elementos da literatura ficcional.

Via de regra, é utilizado para causas que realmente comovam a população, como inocentes presos pela polícia. O efeito é mais imediato e duradouro do que tentativas de argumentação por colunistas argumentativos, embora o número de leitores seja menor. Tem-se a fina impressão de que descobriu tudo sobre os fatos.

Bem, o G1, ao narrar sobre “detento aprovado em 1.º lugar no vestibular do Pará” faz apelos bem mais próximos da ficção. Vide sua longa introdução enchedora de lingüiça:

Quatro dos 50 detentos custodiados pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) foram classificados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que utiliza a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) como critério de seleção para universidades públicas de todo o país. O interno Pedro Henrique Araújo, de 34 anos, foi aprovado em 1º lugar no curso de Cinema e Audiovisual, da UFPA.

O G1 espertamente “omite” logo o nome do interno Pedro Henrique Monteiro Araújo para que ficasse mais difícil pesquisar qual “o crime do detendo (sic) porque o caso corre sobre em (sic) segredo de justiça”.

A imagem da notícia é comemorativa, com o sr. Pedro Henrique Monteiro Araújo fazendo o sinal de comemoração com um dedo.

Como demonstrou Indiana Ariete, Pedro Henrique Monteiro Araújo “foi condenado por estupro de vulnerável sem chance de outros recursos, conforme qualquer um que tenha curiosidade pode verificar no site do TJPA (o processo em primeira instância é sigiloso, mas a tramitação na segunda instância está aberta para consulta).”

Ou seja, Pedro Henrique Monteiro Araújo foi condenado a 54 anos de cadeia (!), por abusar sexualmente de dois meninos, de dez e oito anos, e de uma menina de nove anos, abusando de sua função como chefe de um grupo de escoteiros. O pedófilo ainda filmou os atos e os publicou na internet. Repetindo: o pedófilo que o G1 “não sabe” que crime cometeu criou seus próprios filmes pornográficos com crianças e acaba de passar no vestibular para Cinema & Audiovisual. Será que teremos um novo Spielberg surgindo?

Processo do pedófilo Pedro Henrique Monteiro Araújo por pedofilia

O G1 tentou se redimir e fez outro texto, após “a história da aprovação de Araújo viralizou nas redes sociais no sábado”, sem contar como as redes sociais massacraram o portal da Globo por omitir informações tão importantes (meros deslizes, claro). A estagiária Annelize Demani faz um texto bem melhor do que o original do G1 Pará, e confessa como, além de tudo, o pedófilo Pedro Henrique Monteiro Araújo passou com cotas para negros e índios, mas ostenta uma fotografia de uma pessoa branca.

Sua advogada, Luana Leal, é pródiga nos clichês do coitadismo penal, aplicável mesmo a pedófilos que cometem crimes horrendos: “O estudo é uma forma de recolocar e ressocializar o detento e ainda diminuir a pena dele.” Colocar um pedófilo que filmou crianças sendo abusadas para cursar Cinema, como ninguém pensou nisso antes?!

A página de extrema-esquerda Quebrando o Tabu fez um post com uma legenda de tirar as crianças da sala e trancá-las no quarto até a polícia chegar, ecoando o espírito do coitadismo penal da advogada: “Bandido bom é bandido recuperado e passando em primeiro na faculdade. 😉” Alguém sabe se Pedro Henrique Monteiro Araújo está “recuperado” para fazer logo Cinema? Não, mas a esquerda sempre defenderá bandido. Nem pergunte se os bandidólatras da Quebrando o Tabu perguntaram algo às vítimas e famílias do pedófilo. (posteriormente, tiraram o post do ar, morrendo de vergonha)

Quebrando o Tabu comemora o bandido pedófilo que passou no Vestibular

Quando você é vítima de estupro, pedofilia, assalto, seqüestro ou mesmo assassinato, algum esquerdista entra em contato para saber se você está, digamos, “recuperado”?

Mas, claro, qualquer percepção de que a grande e velha mídia, sobretudo a Globo, está nos últimos tempos facilitando e passando um pano para causas como a pedofilia, o incesto, o “assalto social” e demais monstruosidades é mera paranóia de uma extrema-direita delirante…

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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