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Vera Magalhães usa notícia desmentida para comparar Bolsonaro à Dilma

Jornalismo nonsense de Vera Magalhães dá azia até em bicarbonato

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Stanislaw Ponte Preta, em certa crônica, diz que quem o lê é apenas o lado alfabetizado da humanidade. Nessa mesma crônica, Lawzinho (somos bem íntimos, embora ele provavelmente negasse essa intimidade) fala sobre a tia Zulmira, “ex-condessa prussiana, ex-vedete do Follies Bergère, cozinheira da Coluna Prestes, que deslumbrou a Europa com sua beleza, encantou os sábios com sua ciência e desde menina mostrou-se personalidade de impressionante independência”.

Os tempos mudaram e aqui estamos em um peculiar momento da história humana. As belezas parecem não mais impressionar ninguém e quem o faz é tratado como um verdadeiro homem das cavernas.

O que encanta, nesse atual momento, é o feio, o disforme, o bizarro e o inesperado.

E quem, no Brasil, melhor representa essa queda do senso ético, estético e epistemológico do que Vera Magalhães? Verinha é refratária a todas as altas qualidades que, no tempo da velha crônica, o mundo almejou em seus sonhos mais secretos.

Vera certamente figuraria – talvez até como peça principal – numa crônica de Paulo Mendes Campos, chamada “Coisas Abomináveis”. A morada íntima da nossa Maga Patológica parece tomada pelo ódio e, como disse Ortega Y Gasset, “o ódio é um afeto que conduz à aniquilação dos valores”.

Aqui termina o panegírico e começa a análise. 

Vera Magalhães, atual âncora do Roda Viva, programa que é a principal peça de propaganda usada pelo governador João Dória, escreveu um troço em que compara a expressão “taxar o sol” à famosa pérola dilmista, dita na ONU, “estocar o vento”.

Vera, em seu chiste, já começa confundindo tudo. Diz que Dilma “cunhou” um meme eterno (?). Como vemos, Vera também é criadora de várias pérolas cuja potência é de meme, mas está longe de possuir a capacidade intelectual e até motora de atualizar um meme. Dilma disse algo que se tornou um meme, querida Vera. 

O texto da senhorinha sim é digno de um discurso de Dilma. Começa dizendo que taxar o sol é uma expressão semelhante a estocar o vento para, um parágrafo depois, montar uma base argumentativa em torno do subsídio da energia solar. O cérebro de Vera é um ótimo recipiente para estocagem de vento, é um pastel de vento.

E ela segue, em estilo inenarrável: 

“O atual subsídio à energia solar foi fixado em 2012, no governo justamente de Dilma, a personagem preferida do bolsonarismo tanto para memes quanto para críticas quanto a decisões de política econômica equivocadas. Na época, já se previa que o subsídio seria revisto em 2015. Mais quatro anos se passaram, e ele vem se perenizando.”

O que essa moça tem contra o português? Já na segunda semana de vida, um bebê sabe se expressar de modo mais claro.

O Scherzo Magalhanesco se origina no ressentimento, logo, não faz rir. A pilhéria, enquanto criatura, se volta contra a criadora. Graciosa como uma borda de pizza recheada, Vera ata nó sobre nó e, no pouco que dá para entender, parece aprovar a idéia de se taxar a energia solar.

Vera deve se orgulhar pelo incômodo que causa. Bactérias incomodam, pernilongos também. Não há mérito algum em incomodar. Vera incomoda olhos e ouvidos apenas.  

É claro que não se deve avaliar a inteligência de uma pessoa só pelos textos que escreve e pelos perdigotos que produz. É nisso que a esperança de que Vera não seja uma palerma absoluta se agarra. 

Podemos finalizar, aludindo novamente ao mestre Stanislaw, que apenas o lado analfabeto da humanidade consegue ler Vera Magalhães.

Por fim, deixo os vídeos de Dilma e Bolsonaro. Comparem:

 

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Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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