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ficção jornalística

Com informações privilegiadas, Estadão diz que “youtubers bolsonaristas” tinham informações privilegiadas

Com acesso às 1.152 páginas do inquérito SIGILOSO do ███, matéria acusa youtubers do grave crime de ter contato com assessores de Bolsonaro

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Otto Lara Resende, numa crônica sobre o amigo Nelson Rodrigues, dizia que sentia saudades do tempo em que os “canalhas tinham uma nostalgia da virtude”. Talvez fosse o temperamento lírico de Otto, tentando romantizar uma de nossas grandes riquezas, o canalha, figura presente em toda a tradição cultural brasileira.

Mas uma coisa é fato: não há, no canalha de hoje, o menor indício de qualquer nostalgia, quanto mais da virtude. A própria virtude quase não se rastreia mais no temperamento tagarela que contaminou a alma do brasileiro.

Prova disso é a matéria do Estadão de 04 de dezembro de 2020. Com o medonhamente bombástico título “Como youtubers bolsonaristas ganham R$ 100 mil mensais com informações privilegiadas do Planalto”, o ex-jornal tenta dar ares de crime a uma prática absolutamente corriqueira: a de usar contatos para obter informações.

Cheio de linguagem marcada e jeca: “manifestações contra a democracia”, “gabinete do ódio”, “estilo beligerante”, entre outras coisas, a matéria tenta iludir o leitor de que trata-se de crime gravíssimo obter informações de gente do governo. Fazer jornalismo agora é crime?

A inépcia do jornalismo profissional se revela nesse tipo de matéria em que a própria forma contradiz o conteúdo. Como acusar alguém de obter informações privilegiadas, obtendo informações privilegiadas?

A matéria ainda diz que “a existência desse grupo, com essa denominação {gabinete do ódio}, foi revelada pelo Estadão, em setembro de 2019.” Então há um grupo que se auto intitula “gabinete do ódio” ou essa denominação foi dada pelo próprio Estadão? Curiosamente, não há link para a matéria reveladora citada.

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Não seria o caso de perguntar quem vazou as mais de mil páginas do SIGILOSO inquérito das supostas fake news para o Estadão? Ou só a vanguarda da mediocridade jornalística pode usufruir do privilégio de se favorecer com informações sigilosas?

Mais grave ainda é um inquérito montado que gastou tempo e dinheiro público para, em mais de mil páginas, encontrar o gravíssimo crime de ter gente com o WhatsApp de um assessor do Biroliro.

A coisa chega aos limites do nonsense jornalístico – prática cada vez mais comum -, como no parágrafo abaixo:

“Depoimentos coletados pela Polícia Federal indicam que os donos dos canais demonstram interesse pelo acesso aos ‘bastidores do poder’. Isso ajuda a fidelizar o público e aumentar a audiência, além do lucro das páginas. As próprias transmissões ao vivo de Bolsonaro nas redes sociais, executadas com as imagens recebidas de forma privilegiada pela EBC, ajudam a atrair milhares de internautas e impulsionam os lucros das plataformas.”

É praticamente a descrição exata do que um órgão de mídia que se preze faz. Como O Estadão se mantém sem informações de bastidor que ajudem a fidelizar o público e aumentar a audiência? Por acaso o ex-jornal cresceu em receita requentando notícias antigas? 

As acusações giram em torno da forma como páginas e youtubers favoráveis ao governo obtêm acesso às informações e aumentam sua audiência. As mais de mil páginas não indicam um único crime, além do fato de que esses apoiadores têm contato estreito com assessores ou com os filhos do presidente. Prendam todos!

“Questionado pela reportagem se ainda recebe ajuda do assessor especial da Presidência , Tércio Arnaud Tomaz, integrante do ‘gabinete do ódio’, Rossi disse que as conversas com o assessor presidencial têm acontecido com ‘pouca frequência’. À PF, no entanto,  o youtuber havia afirmado que não tinha mais contato com o assessor. ‘Fiquei inclusive um tempo sem nenhum contato, depois voltei a ter contato novamente com pouca frequência. Ele parece ser uma pessoa muito reservada que não é muito de conversa. Mas, com razão, por ser um assessor de confiança do presidente’.”

O que se nota é o desespero atroz por parte do Estadão – que se estende por todos os órgãos de mídia mainstream – em neutralizar a concorrência de forma suja: querem melar o jogo. Sem audiência e, pior ainda, sem credibilidade, os meios de comunicação oficiais, que passaram a vida em conluios bem menos claros do que os de agora, querem usar o poder já corrompido em seu favor. 

O jornalismo depende de informações para poder existir. A prática é comum e o Estadão sabe disso. Basta ver como o jornal noticiava os gastos bilionários dos governos petistas com uma complacência quase erótica. A mudança de tom coincide com o fechamento da torneira por onde escorriam os bilhões em propaganda

A luta das mídias independentes é contra um inimigo infantil, um tipo novo de canalha, e, por isso mesmo, tremendamente autoritário. Não está disposto a ser contestado nem a debater honestamente. Acostumou-se aos meandros podres do poder e não aceita perder a boquinha e os privilégios. 

Usará todos os meios para calar seus adversários, seja com agências de checagem de narrativas, digo, fatos, seja por meio da coação de terroristas virtuais anônimos travestidos de justiceiros sociais. As pessoas precisam acordar.

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Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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