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Se você votou 13-confirma, você votou em Michel Temer

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Urna Michel Temer chapa de Dilma Rousseff

michel temer urna

Petistas, depois do palavrório cansativo tentando associar impeachment a “golpe”, estão criticando Michel Temer por não ser “legítimo”. Dizem que nunca vão “reconhecê-lo” como presidente. Não há registro de alteração na realidade, no presidente oficial, na vida corrente por isso.

Michel Temer foi eleito exatamente com 54.501.118 votos, 38,2% do total de votos possíveis. Seu número era o 13. O mesmo de Dilma Rousseff. Michel Temer era o seu vice.

Para votar contra Michel Temer e afirmar que ele é “ilegítimo”, o brasileiro tinha opções como Aécio Neves (45) e Marina Silva (43), e concluir que houve fraude nas urnas ou nas eleições. São duas hipóteses não apenas aventadas, mas investigadas. O julgamento pelo TSE será realizado em setembro. Só não é possível afirmar que Michel Temer é ilegítimo enquanto Dilma Rousseff seria “legítima”. Os votos de ambos eram os mesmos.

O Brasil já teve um longo histórico de rupturas entre presidentes e vice-presidentes, como já explicou um dos maiores intelectuais do país, Bruno Garschagen, no artigo Quem, afinal, é o grande golpista?, da Gazeta do Povo – intelectual com explicações frescas, e não ideologias sempre repetindo clichês e auto-congratulações, que deixaram o país na situação em que está:

Um aspecto que, no passado, facilitava o antagonismo entre presidente e vice era a eleição separada. Até 1988, os candidatos eram eleitos separadamente. A atual Constituição unificou o voto numa mesma chapa. Unificou, mas não resolveu o problema, que foi aprofundado pelo presidencialismo de coalizão. Assim, a escolha do vice atende a um critério de pacto pragmático em vez de um vínculo ideológico ou programático. Só isso explica o PSDB ter se aliado ao antigo PFL para eleger Fernando Henrique Cardoso; e o PT, ao PMDB para eleger Lula e Dilma.

No mesmo discurso em que acusou Temer de conspiração, Dilma disse que um governo liderado pelo vice não seria legítimo porque lhe faltaria o voto popular. A ex-futura presidente omitiu, porém, que ajudou a escolher o vice, que, por sua vez, ajudou a elegê-la em duas eleições. A legitimidade política do vice é, desse modo, equivalente à da presidente, razão pela qual desde 1891 tal função é prevista na Constituição para garantir a sucessão em caso de vacância definitiva. Golpe não é a sucessão; golpe é querer nova eleição.

Matemática simples até para as pessoas de Humanas: sem os votos que o PMDB lhe deu (inclusive os grandes anátemas do PT, Michel Temer e Eduardo Cunha, o vice e o principal articulador do governo na Câmara para a reeleição de Dilma), Dilma Rousseff não teria sido eleita. Na eleição mais apertada desde 1989, com 7 viradas nas projeções, o presidente hoje seria Aécio Neves, não fosse o apoio do PMDB. Incluindo Temer e Cunha.

Quando se fala em “democraticamente eleita”, “eleita pelo povo”, “respeitem as urnas” e “voto popular”, é bom fazer as continhas simples de soma da aritmética. Sem Temer, adeus Dilma. Sem Cunha, adeus Dilma. Antes de afirmar que ambos são “golpistas”, a premissa que não se diz é que Dilma nem sequer teria um dia de cargo sem os dois.

A receita para não se ter alguém como Temer presidente é simples. O primeiro passo é ter um vice confiável. O segundo é falar com ele depois de ganhar as eleições, não enfiar o país na maior crise, não roubar até os tubos, não pedalar para pagar as contas, não comprar voto, não comprar silêncio de delator, não ganhar eleição com contas não aprovadas, não dar nosso dinheiro para ditadura, não indicar Lula para ministro apenas para fugir da Justiça, não comprar votos do impeachment etc etc etc etc etc etc.

Nosso amigo Marlos Apyus, do apyus.com, criou a campanha Petistas, prestem atenção no vice:

https://www.facebook.com/apyuscom/photos/a.473461482669329.130597.473447086004102/1420220797993388/

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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