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Ditadura de Cuba condena o “golpe à democracia” no Brasil (sério)

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O humorista Felipe Hamachi, em discurso ontem no ato pelo impeachment de Dilma Rousseff na Av. Paulista, afirmou: “É foda ser humorista no Brasil. A gente precisa convencer as pessoas a nos pagar para a gente falar merda. Aí vem a Dilma faz isso de graça, caralho!” Hamachi, uma correção: de graça é teu cu. De resto, tá certo.

A ditadura de Cuba condenou o golpe à democracia no Brasil. Sério, ser humorista no Brasil deve ser mesmo uma merda. Hamachi, nós te entendemos. Vamos te prestigiar no Comedians assim que a Bolsa subir 20 pontos e o dólar cair R$ 1 em um dia quando confirmarem o impeachment. Que vida ingrata.

Tem de ver pra crer. Saiu no Correio Braziliense (esse jornal é do bem? do mal? tendo a ter very strong mixed feelings, gosto da idéia de me lixar pra reformas ortográficas, mas tendo a temer por minha carteira com notícias políticas vindas de Brasília).

A logorréia permanece a mesma: “Este golpe contra a democracia brasileira é parte da contraofensiva reacionária da oligarquia e do imperialismo contra a integração latino-americana e os processos progressistas da região”.

O “progressista”, apesar do nome, é o cara realmente parado no tempo. Quem ainda fala em “imperialismo” e morre de medo de invasão yankee, da ALCA (alguém lembra das passeatas contra ela?), dos livros de geografia “estadunidenses” que consideram a Amazônia território internacional e nunca ninguém viu? (e como se a América tivesse alguma dificuldade em tomar a Amazônia pra ela se quisesse…)

Também é curioso o fax pas de “integração latino-americana”. Existe uma turma aí que fala no tal Foro de São Paulo, um grupo estratégico transnacional do qual o PT foi fundador, unindo Lula e Fidel Castro, em um think tank de estratégias para tomar a América Latina.

Quando alguém cita o Foro de São Paulo, é imediatamente pechado de amalucado pela mídia, como se o negócio não existisse e, se existe, fosse só um Rotary Club de esquerdistas sem mais o que fazer. É vedado pela lei brasileira que um partido se submeta a um organismo internacional.

Depois da criação do Foro, ditaduras bolivarianas tomaram inúmeros países em seqüência na América Latina: Venezuela, Argentina, Bolivia, Equador, Honduras, El Salvador, República Dominicana e até Angola, um parceiro estratégico do Foro, apesar de não ficar na América Latina. Praticamente todos esses países usaram os mesmos marqueteiros, como João Santana, além de, claro, receberem vultosas verbas de obras faraônicas de empreiteiras como a Odebrecht.

Para quem reclama de Cunha por suas contas na Suíça, o que a Lava Jato está descobrindo ainda é a pontinha da pontinha do iceberg do Foro de São Paulo.

Isto, claro, para o brasileiro dinherista. Para quem está realmente preocupado com assuntos mais elevados, como a verdade ou a liberdade, pensar nas brutais ditaduras torturadoras e genocidas com que o PT anda de mãos dadas a fazer a “integração latino-americana” é dar engulhos em qualquer um que não se convença com quem comunistas chama de “ditadores” e “torturadores”, para nunca dar um piozinho sobre Cuba.

O melhor, claro, é a cantilena repetida de “democracia” pra lá e pra cá. E vindo logo de Cuba! Democracia na boca de esquerdista, que finalmente o Brasil entenda, é sinônimo de revolução comunista em curso. Pode ser lento como no Brasil, pode ser em questão de poucos meses, como Cuba. Mas é contra um concorrente, e não em nome da liberdade, que esquerdistas gritam contra “ditadura” e falam em “democracia”.

O pior é que ainda falam até em urnas! Que tal o trecho “Se trata de um ataque baseado em acusações sem provas nem fundamentos legais contra a democracia brasileira e contra a legitimidade de um governo eleito nas urnas pela maioria do povo”?

É, caro Felipe Hamachi: nós te entendemos. Deve ser um inferno ser humorista no Brasil.

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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