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Dilma sobre Temer: “É uma pessoa séria que saberá me substituir à altura”

Dilma Rousseff diz que Michel Temer não tem votos e era um vice postiço. Exatamente o contrário do discurso usado para ganhar eleições.

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Dilma Rousseff e Michel Temer

O discurso da ex-presidente Dilma Rousseff, condenada pelos crimes de responsabilidade pelos representantes do povo no Senado, é o de que Michel Temer queria o impeachment como um projeto pessoal de poder, e portanto seria um presidente “postiço”.

Não era exatamente o que Dilma Rousseff dizia para angariar votos de uma população que, posteriormente, se desencantaria com ela, e pediria em peso seu impeachment.

Basta ver como Dilma falava de Michel Temer em seus comícios. Um deles é significativo: a ex-presidente, julgada culpada por seus crimes, afirma que seu vice não é um vice qualquer, não é apenas um boneco de ventríloquo, como ela própria era enxergada em relação a Lula. Seu vice era experiente, sério e, sobretudo, em suas palavras, alguém “que saberá honrar e me substituir à altura”.

Dilma, portanto, não pode alegar ignorância da função do vice-presidente – não que isto faça diferença – e ainda afirmou a seu eleitorado que não era um vice postiço, mas alguém cuja função era substituí-la.

Veja vídeo:

São mais ou menos as suas palavras:

Eu tenho um vice, um companheiro de chapa. Que é uma pessoa experiente, séria, que tem uma tradição política, que eu tenho certeza que saberá honrar e me substituir à altura, como muitas vezes o nosso presidente fez, nós tivemos de viajar para fora do Brasil. O meu vice não caiu do céu. O meu vice não é um vice improvisado! É! Uma pessoa competente, um homem capaz!

Portanto, complica-se para Dilma Rousseff, a ex-presidente julgada culpada, o discurso de que seu vice não teve os votos que ela teve (quando até sua foto aparecia na urna). Note-se, ademais, que caso Michel Temer fosse seu concorrente, e não seu companheiro de chapa, Dilma poderia não ter sido eleita, já que, no segundo turno, passou raspando, com menos de 2% de vantagem (basicamente os votos de Pernambuco, terra de Eduardo Campos).

Sobretudo: Dilma só poderia afirmar que os votos que obteve foram apenas para si, e não ideologicamente para seu vice (pois juridicamente, tal afirmação não faz o menor sentido) se admitisse formalmente que mentiu para seu eleitorado durante a campanha.

Em tempo: de acordo com a revista Época, Michel Temer tem praticamente o dobro da preferência dos brasileiros para gerir o país do que a ex-presidente condenada por crimes de responsabilidade, Dilma Rousseff.

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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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