Martim Vasques da Cunha regozija-se com notícia de infecção de Filipe Martins
Autor que fez rebosteio com piada de livro de Paulo Freire se apraz com possível (e real) notícia de que Filipe Martins estaria com coronavírus
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O escritor Martim Vasques da Cunha, autor de grandes frases como “uma hora o preço sempre cobra o seu custo implacável” (sic), e que afiança que Machado de Assis escreve mal (!), deleitou-se com a notícia ainda não confirmada de que Filipe G. Martins, o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, está infectado pelo COVID-19, o coronavírus.
Martim Vasques teve seus 15 minutos de fama ao forjar um faniquito histérico em público quando fiz uma piada no Twitter dizendo que a educação brasileira só se resolveria “queimando livros de Paulo Freire em praça pública de noite, com tochas e cerômia de malhar seu boneco”. Martim ficou bege.
O ataque de pelancas do “grande intelectual” não notou a óbvia dramatização (em uma série de tweets com piadas do mesmo tom), e imediatamente enviou o tweet para o editor de Paulo Freire no Brasil com o fito de criar uma cizânia. Óbvio que apenas uma azêmola trataria a piada como real – ficou 48 horas no ar sem ninguém “acusá-la” como um pedido verdadeiro em época eleitoral. Só um RETARDADO é incapaz de apreender todo o cenário criado.
Pois agora Martim Vasques se deliciou com um fato real: a notícia da infecção de um seu desafeto, Filipe G. Martins, com o coronavírus.
Ao divulgar a notícia, escreveu, em uma língua bastante parecida com o português: “A realidade sempre acaba se impondo a quem insiste em nega-la”, como se Filipe tivesse “negado” que estava com coronavírus e como se fosse uma “punição” da realidade a um desafeto a ser vangloriada (e a sentença “a realidade sempre acaba se impondo” é uma construção verbal de quem, definitivamente, não sabe construir verbos).
A realidade sempre acaba se impondo a quem insiste em negá-la. https://t.co/pub2lp1ewp
— Martim Vasques (@martimvasques) March 20, 2020
É de se perguntar se haverá o mesmo grau de indignação com pezinhos a fustigar violentamente o assoalho, seguida de orquestrado assassinato de reputações com um comentário sobre algo real por parte da patota de Martim. Ou será que Martim dirá que fez apenas uma “blague”?
Não são poucos os que insistem na narrativa, quase toda criada em grupinhos de Facebook e WhatsApp.
É figura de linguagem, bobinhos.
— Guilherme Macalossi (@GTMacalossi) March 14, 2020
Um dia, queimaram os livros do Paulo Freire, e eu me calei. No dia seguinte, queimaram livros de diversos outros autores de esquerda, e eu me calei. Um dia depois, queimaram os livros de todos os “inimigos”, inclusive o meu. Não havia mais ninguém para me defender.
— Flavio Quintela (@Flavio_Quintela) August 19, 2018
O penúltimo livro de Martim Vasques conseguiu a façanha de conter quatro erros gramaticais apenas na contracapa (alguns tacanhos, como errar plural de verbos). Virou uma espécie de Dilmo da isentosfera, ou um Márcio Tiburio de quem quer parecer inteligente sem conseguir conjugar um verbo (a primeira frase de uma tradução sua de Roger Scruton já erra o sujeito da oração do original).
Tais predicados lhe granjearam a admiração de vários jornalistas que tentam bancar “isentismo”, sem nunca conseguir tecer uma crítica a um João Doria da vida, como Vera Magalhães.
https://twitter.com/veramagalhaes/status/1238845383092187136?s=20
Um certo José Fucs chegou a fazer uma matéria porca no Estadão repisando a história da piada com livros de Paulo Freire. Em seu arrazoado, afirma que eu teria dito posteriormente ser uma ironia. Fucs provou sofrer do mesmo analfabetismo de Martim, incapaz de entender figuras de linguagem, já que REPETI a piada (não a neguei) no dia seguinte, e uma ironia seria dizer algo, querendo dizer o contrário (ou seja, no caso, se tivesse feito uma ironia seria uma defesa de Paulo Freire, o que nunca faria). Uma ironia, por exemplo, é dizer “Mas como esse Martim escreve bem e como esse Fucs é inteligente!”
Resta cristalino o nível intelectual (e moral) de quem lê Martim Vasques da Cunha. Para quem tem dúvida do grau de inveja e difamação que movimentam tais línguas, basta clicar no tweet de Martim e observar o nível tétrico das respostas.
A realidade sempre acaba se impondo a quem insiste em negá-la. https://t.co/pub2lp1ewp
— Martim Vasques (@martimvasques) March 20, 2020
Martim, ao me acusar, cita, sabe-se lá por que cargas d’água, a “campanha de Bolsonaro”, perguntando se ela iria “fazer alguma coisa” (?!).
Fucs, ao denunciar uma suposta “rede bolsonarista ‘jacobina’” (sic) em sua reportagem ridícula, elenca exatamente os desafetos de Martim Vasques e Alexandre Borges, que criou alguns dos ataques e xingamentos usados na reportagem. Fucs até tentou entrar em contato comigo mesmo para ser “fonte” dessa calamidade, mas ignorei.
José Fucs também soltou que “por ora, de acordo com as fontes disponíveis” (sic), este Senso Incomum e páginas e sites como Isentões e Terça Livre, “que agem como se estivessem em uma ‘guerra santa’ contra infiéis, não estão recebendo recursos públicos para financiar suas atividades”, o que é tentar acusar, mas sem provas (imagine a frase: “por ora, segundo as informações disponíveis, Fucs, que age como se estivesse num acesso de fúria, não está espancando a sua mulher”).
Alexandre Borges era, ao que parece, o “guru” da acusação. Após sua primeira participação no Pânico, colocou o status de WhatsApp abaixo, implorando para ser contratado pela Jovem Pan (logo seria por Felipe Moura Brasil, a quem acusa de coisas gravíssimas em privado):
Martim já teve seus momentos de infâmia pregressa, claro, quando foi um dos suspeitos do assassinato de Toninho do PT, crime nunca resolvido. Na época, Olavo de Carvalho lhe deu abrigo em sua própria casa. Como agradecimento, o cavalheiro Martim escreveu um livro o acusando de liderar uma seita, no ano passado (livro que contém dezenas de erros gramaticais já no primeiro capítulo).
Além de Martim Vasques, outras sumidades do pensamento brasileiro comemoraram e refastelaram-se com a notícia de um desafeto político estar possivelmente com o vírus. Junto a Martim, estão, por exemplo, Cynara Menezes, a “socialista morena”, que nem publicações de esquerda agüentaram empregar (e, tal como Martim, famosa por suas ingloriosas tentativas de dominar o idioma), além do “jornalista e macumbeiro” Bruno Acioli.
"deus castiga", diria minha mãe https://t.co/6Hdd2qqL7R
— cynara menezes (@cynaramenezes) March 20, 2020
E não é que Deus Vult memo @filgmartin? Grande dia! https://t.co/8JF3JDlLOS
— BRUNO ACIOLI (@bacioli) March 20, 2020
A, digamos, “obra” de Martim Vasques já foi descascada feita uma batata por Ronald Robson, na revista Nabuco. Tendo de ignorar o montante incalculável de erros de português em um livro feito para “respeitar o cultivo da língua portuguesa”, Robson mostra como Martim meramente tenta plagiar um conceito insuficiente de Mario Vieira de Mello, e ainda foi incapaz de compreendê-lo. Hoje, Martim Vasques é editor-executivo na revista Oeste, onde cuidará com extremo zelo de textos de Augusto Nunes, J. R. Guzzo, Ana Paula Henkel, Bruno Garschagen e Theodore Dalrymple.
Resta saber se as pessoas com contratos comerciais com Martim Vasques concordam e também comprazem-se com a doença alheia. Se toleram ou estimulam. E acham que é uma “vingança da realidade”, já que não gostam de Filipe Martins.
Fica o convite para nossos leitores indagarem tais pessoas em suas redes sociais – além de outros tantos figurões que citam e divulgam Martim Vasques. Ou será que só se indignam com piadas que só um completo mongolóide não entende – o que só prova o valor da piada, que culpa Paulo Freire pela nossa incapacidade de entender uma linguagem mais abstrata?
Como diz o próprio Martim, “uma hora o preço sempre cobra o seu custo implacável”. Melhor do que Machado de Assis.
Claro, em minha modesta visão, Paulo Freire escreveu um livro que destruiu a inteligência nacional ao solapar níveis mais avançados de linguagem e ao transformar a pedagogia em mero exercício lúdico visando a revolução. Entretanto, seu livro precisa ser lido tal como (e com o mesmo cuidado de) outros livros que foram extremamente nocivos ao mundo, de Leviatã e O Príncipe a Das Kapital e Mein Kampf. Já os livros de Martim Vasques da Cunha, como disse Diogo Mainardi sobre os livros de Noam Chomsky na Veja há décadas (e nunca me esqueci da piada), podem ir direto para a fogueira. Não por serem nocivos, mas por serem inúteis. Ao contrário dos supracitados, não servem nem como registro histórico. Ninguém se importou em ler.
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