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Juveninho

Felipe Moura Brasil fica cho-ca-do com carreata anti-Doria

Ele é prudente, ele é sofisticado, ele tem sobrenome, ele é isento e não tem político de estimação - mas protege Doria com a própria reputação, porque ninguém é de ferro

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Felipe Moura Brasil e Flávio Bolsonaro

Felipe Moura Brasil, o Juveninho (já viu o que ele escrevia no Twitter sob o pseudônimo Juveninho?), um dos jornalistas mais monomaníacos de um país de jornalistas monomaníacos, ficou IN-DIG-NA-DO com uma carreata contra Doria no último sábado.

O ídolo juvenil de quem tem banana nanica (talvez daí advenha seu nick “Juveninho”, carimbado por pérolas como “A melhor forma de saber quais peguetes seguem disponíveis é mandar e-mail coletivo dizendo que você perdeu o celular e precisa dos contatos”), que adora mostrar sua “independência” de políticos e seus contatinhos na grande mídia (não sei se você sabe, mas já viu que ele ganhou o Prêmio Comunique-se? siga-o por 5 minutos, você acabará sabendo duas vezes), ficou BEGE porque o povão ter feito uma carreata pedindo impeachment do Doria.

Lembra do Doria? É aquele prefeito de São Paulo que apagou uma pichação e desapareceu da cidade. Ainda não lembra? Ah, é o cara que virou governador, deixou uma tragédia como Bruno Covas na prefeitura, e agora vai monitorar a população do estado via celular, e ameaça prender todo mundo se o isolamento não chegar a 70%.

Por exemplo, se Doria descobrir que apenas 49% do estado está em home office (pedreiros, bóias-frias, plantadores de café e caixas de supermercado inclusos), como está atualmente, talvez o negócio seja prender 21% dos paulistas, em nome de nossa segurança. Entendeu?

Ah, mas ao mesmo tempo, o estado de SP, sob gestão Doria, solta 1.500 presos, por risco de coronavírus, mesmo que não haja contaminação relatada entre presos até hoje (agora, estarão contaminados, roubando, transeuntando nas ruas e o povo… bem, o povo que tome na rabeta – e talvez vá preso no lugar dos criminosos).

Aí, o Juveninho Moura Brasil descobriu que o povo ficou puto com o Doria. E, além de ignorar qualquer totalitarismo modelo chinês (ouça aqui) do digníssimo governador de echarpe em todo o site Antagoniza, elencou meia dúzia de vídeos (brincadeira: menos de meia dúzia) de frases de pessoas indignadas na muvuca – povo sendo povo, as always.

Um vídeo mostra xingamentos e o cara dizendo que vai matar o Doria, no típico arroubo retórico contra políticos que existe desde a eleição do Bolsonaro. Não, até parece: desde que a humanidade inventou os políticos. Imagine Juveninho Moura Brasil, este office-boy gourmet, lendo os discursos e cartas de Cícero, nos quais chamar o adversário de “narigudo peludo” era quase conjunção, e pedir guerra, expulsão da cidade e morte (a mais singela com uma espada atravessando a clavícula) é hoje clássico da literatura.

Depois, duas pessoas negando o risco corona, o que é típico das pessoas simples (como se Felipe Moura Brasil fosse muito profundo e não-binário). E, antes, supostas três ambulâncias paradas pela manifestação – fake news já desmentida pelo motorista de uma delas, embora Juveninho não tenha se retratado por mentir.

A última é apenas uma mulher dizendo “revolução”, referindo-se ao impeachment do Doria. Uau, agora estamos com medo dos bolcheviques.

Tal como Felipe Moura Brasil imitou quase pari passu o Glenn Greenwald, codinome Verdevaldo, que roubou privacidade de brasileiros e publicou conversas sem autorização para amealhar lucrinhos políticos (Juveninho também publicou mensagens sem autorização para abichar e ganhar aplausos de outros jornalistas), a tática ridícula do jornalista “comunique-se” agora é imitar o PT, que pinçava cirurgicamente frases toscas nas manifestações pró-impeachment para dizer que todos os que eram contra o PT iriam sair matando por aí.

Aliás, Felipe Moura Brasil ia o tempo todo nessas manifestações. Quando Alexandre Borges era marqueteiro de Flávio Bolsonaro, tirava fotinho com o atual senador. Será que isso significa, segundo essa semiótica com nanismo, que Moura Brasil é a favor do escândalo Queiroz? Ou que defende um golpe militar, como alguns toscos nas manifestações pediam?

Alguém aí falou em “petista de sinal trocado”? Quando ocorrem panelaços, nos quais se ouve facilmente “Morra, Bolsonaro!”, Felipe Moura Brasil comemora, faz um rebosteio. Quando param São Paulo (ok, já estava parada) contra medidas ditatoriais de Doria, o jornalista que diz, supostamente, que “não tem político de estimação”, se foca em duas frases e ignora os motivos. Parece até que, digamos, gosta bastante do Doria. Que até é a favor das medidas totalitárias de controle da privacidade da população pelo governador Doria.

Há o adicional de que assim que ganhou um cargo de direção na Jovem Pan, Moura Brasil contratou seu amigo Alexandre Borges para a emissora. Alexandre Borges sonhava em ser marqueteiro do Doria (acabou conseguindo apenas um cargo na campanha de Witzel, que Moura Brasil tampouco critica). Tão logo entrou na programação, sem se preocupar em dar uma disfarçada, Alexandre Borges imediatamente chamou Doria para ser entrevistado. Quando Moura Brasil descobrir o que Borges falava sobre o seu “amigo” em grupinhos privados, a amizade talvez fique seriamente comprometida.

João Doria com Alexandre Borges

Juveninho afirmou que os xingamentos a Doria na carreata “nada tem a ver com conservadorismo”. Felipe Moura Brasil aprendeu uma meia dúzia de frases de efeito sobre conservadorismo com Olavo de Carvalho – herança esta que o juvenil renega hoje mais do que fãs de Beatles abjuram de “She Loves You, Yeah, Yeah, Yeah” ou os Loser Manos renegam “Anna Júlia”.

Mas sem Olavo de Carvalho, Juveninho seria apenas um garoto falando de “morenas” no Twitter.

Não custa lembrar que Moura Brasil, depois de uma reportagem expondo salários de funcionários públicos sem prova de desvirtudes, adora dizer que as “únicas” pessoas que não pensam como Juveninho são blogueiros “pagos pelo bolsonarismo” (sic). Até hoje não mostrou provas. Tem trouxa que ainda espera por elas. Mas Moura Brasil faz acusações sem prova e também sem nomes – sabe como é, prudência e sofisticação.

Mas há um ditado curioso que diz pessoas costumam medir o mundo por sua própria régua. Se alguns largam do conservadorismo em prol de defender Doria com unhas e dentes, e afirmam que só se defende político com grana na mão, o que significa esse novo Chilique Moura Brasil?


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Assuntos:
Flavio Morgenstern

Flavio Morgenstern é escritor, analista político, palestrante e tradutor. Seu trabalho tem foco nas relações entre linguagem e poder e em construções de narrativas. É autor do livro "Por trás da máscara: do passe livre aos black blocs". Tem passagens pela Jovem Pan, RedeTV!, Gazeta do Povo e Die Weltwoche, na Suiça.

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