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Reze para sair

Live do terror reúne FHC, Haddad e mais 0,3 pontos percentuais das intenções de voto no país

Live bombástica contra Bolsonaro promete fazer frente e incomodar concorrentes. Seu Eustáquio, nosso leitor, está dividido: “já tinha me programado pra ver um tutorial de bocha, mas agora nem sei mais”

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Já não bastasse a pandemia do coronavírus, uma outra pandemia, de igual poder destrutivo, alastrou-se por todo o mundo: as lives. Como bem disse alguém da Internet: “tenho medo de abrir a geladeira e sair uma live lá de dentro.”

Qualquer sujeito minimamente coordenado nutre um pavor irrestrito pelas lives. É coisa de gente bárbara. Os lombardos e os visigodos amavam lives, aposto! Os ostrogodos idem. Brincadeira, claro.

O fato é que elas estão aí. As lives vieram pra ficar. Tem de tudo: live sobre higienização bucal de chimpanzés, sobre gestação de hamsters, sobre como trocar a sola do sapato enquanto se dança um xaxado e muitas outras. É a afirmação contundente da modernidade.

Apostando no segmento, políticos muito carismáticos resolveram encher de argumentos os teóricos que defendem que a humanidade acabou por falta de fineza e propõem um suicídio coletivo com todo mundo se atirando do precipício igual os lemingues. Tem live sobre isso também.

A live da vez reúne uma mamparra de fazer inveja ao mais cruel grupo de mafiosos.

Vou elencar o time. Por favor, não desmaiem! Fernando Haddad, Guilherme Boulos, FHC, Ciro Gomes, Marina Silva e Luciano Huck. Sarney e Temer, cotados para fazer parte da tragicomédia, pularam fora. Em seus campos de atividade, cada um é um pesadelo completo. Juntos, tem potencial para destruir o mais perseverante dos ecossistemas. 

Talvez tenhamos, com essa live – que é uma espécie de Holiday on Ice pré-histórica – atingido o ponto máximo que leva um homem comum, com uma vida bem estabelecida e, é até bobo dizer, com uma vida sexual tolerável, a implorar desesperadamente pela vinda urgentíssima do meteoro que erradicará nosso chulé da face – se é que lhe restará uma – da terra.

E, se essa live arrebanhar número suficiente de almas, umas sete já bastam, dispostas a perder preciosos trinta ou quarenta minutos, já teremos motivos suficiente, todos nós, para suplicar em uníssono pelo mesmo meteoro, ou outro de igual potência. 

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Assuntos:
Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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