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Perigosas peruas

Esquerda infantilóide quer manter a saúde mental acabando com a sua

De Tamarindo a Felipe Neto, de Marcia Tiburi a Homer Simpson, a esquerda lancheira do Pernalonga não tem ideologia nenhuma, só o desejo irrefreável de te deixar maluco

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Felipe Neto disse no Twitter que a derrota de Trump “é questão de saúde pública”. Disse também que o presidente americano “tem que cair pelo bem de nossa saúde mental”. O plural majestático empregado pelo nosso Che Guevara de pijaminha de flanela faz parte daquela afetação de superioridade que todo pateta exibe quando quer parecer modesto. Há também uma vírgula fora de hora que fiz questão de suprimir. Afinal, burrice se corrige.

Tá lá o grande pensador da esquerda moderna, o ídolo de Vera Magalhães, posando de cidadão de bem – uma pecha que a esquerda faz questão de dizer que é hipocrisia quando um verdadeiro sujeito de bem diz isso. Trump, para a casta bondosa dos progressistas, é o bicho papão que causa furor a ponto de não colocar a perninha pra fora da cama com medo de uma puxada repentina.

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Todos sabemos que a saúde mental do menino Felipe Neto já se perdeu na tintura de cabelo e na goma de mascar, talvez as atividades mais intelectuais que o nosso adolescente tardio já tenha se dedicado. A concatenação de idéias e a expressão no idioma natal não são seu forte.

Mas Felipe Neto, um adolescente instável que foi conduzido a uma posição de destaque e fará de tudo para parecer legal – é apenas o efeito natural de uma estratégia criada lá atrás pela chamada Escola de Frankfurt: a teoria crítica.

O ciclo do pensamento esquerdista chegou ao seu nível mais baixo com a atual geração de promotores de suas ilusões. Embora cegos pelos preconceitos marxistas, os teóricos da Escola de Frankfurt possuíam uma vasta cultura clássica, um conhecimento profundo dos valores centrais do ocidente e, por isso mesmo, conceberam uma tática que pregava o incessante ataque a esses valores. 

Com o passar dos anos, a coisa foi decaindo porque, ao atacar os valores ocidentais, os teóricos de Frankfurt criaram um grande problema para sua idéia: o de que as futuras gerações de pensadores de esquerda, longe de vasculhar a cultura clássica, partiam, de cara, negando-a. Desse modo, liam apenas os frankfurtianos. Por sua vez, a segunda geração passou a ler apenas os que liam os frankfurtianos e assim sucessivamente.

A atual esquerda, formada por sumidades do trava-língua e do cuspe à distância, formou seu pensamento ouvindo Miriam Leitão e Regina Casé. O ato mesmo de ler e estudar se perdeu. Basta ouvir a opinião do Zeca Camargo e tá ótimo. A televisão brasileira destruiu de vez a idéia de que, para se saber alguma coisa, era preciso um pouco mais do que uma matéria do Fantástico.

A preocupação com as identidades passou a ser a única obsessão dos esquerdistas. Eles não enxergam o que existe dentro de um indivíduo, suas paixões, seus dramas e suas fraquezas. Antes de tudo, precisam identificar a cor, o sexo, o jeito inusitado de fazer uso das pregas anais, a desordem psíquica mais exacerbada. Uma vez captada a minoria, cobram adesão incondicional, fingindo-se seus tutores.

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O pensamento da esquerda moderna depende desses apoios externos para se colocar ao lado ou contra alguém. E quando um esquerdista encontra o indivíduo real do outro lado, busca transformar a fragilidade do ser em hipocrisia. 

Essa era uma das regras de Saul Alinsky: “faça o inimigo viver de acordo com seu próprio livro de regras”. Ninguém pode viver integralmente de acordo com o que prega. Isso é a condição humana. O esquerdista se vê desobrigado de viver o que prega enquanto exige do outro lado uma pureza irrestrita. Por isso, encontra um turbo tecno macho nazifascista em cada esquina. A denominação é de uma das mais ativas – embora isso signifique muito pouco – cabeças da esquerda, Márcia Tiburi.

Ninguém se entrega ao inferno voluntariamente. É preciso maquiar a fronte de sua hospedaria com dizeres: contra a opressão, contra o racismo, a homofobia, o patriarcado. É assim que o rebanho desavisado corre emocionado para seus domínios. 

As cordas do espírito devem ser afinadas e é pela observação sincera de seus próprios erros, pela dedicação à verdade, por mais cruel que possa ser, que vamos acertando as notas. Tipos grosseiros não sabem nem que existe um espírito por trás de suas reações imediatas e de seus ataques de fingimento. 

Jorge Luis Borges disse: “Se estivermos num humor chestertoniano (a meu ver um dos melhores humores que se pode estar), diremos talvez que só se pode definir algo quando nada soubermos a respeito dele”. A esquerda não possui o humor chestertoniano (sequer possui humor), mas faz uso constante da definição antes da compreensão. 

Talvez Chesterton, ao contemplar a moderna esquerda brasileira, diria que nunca na história humana os loucos foram tão saudáveis.


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Carlos de Freitas

Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suiços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR

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